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Acordei mais cedo do que de costume, meu coração palpitava mais rápido, tomei um banho me arrumei e saí antes que meus pais despertassem, deixei apenas um bilhete preso por um imã na geladeira avisando-os que eu iria passar o dia todo fora de casa.

Caminhei até o apartamento de Gillian, mas não me senti pronto para subir, fiquei ali parado por alguns minutos olhando para cima, na verdade esperava ele aparecer na janela e notar que eu estava em baixo o esperando, mas logicamente ele não estava, então pensei em ir embora, ele nem mesmo saberia que eu teria aparecido por ali, mas também não tive força para partir, então respirei o mais fundo que consegui puxando o ar com força e cliquei no nome dele, no segundo toque ele me atendeu:

_ Alô Mikhael.

_ Oi Gillian, estou aqui na portaria te esperando.

_ Por que não sobe?

_ Acho que sabe o motivo.

_ Tudo bem, não quero começar o nosso dia discutindo por isso, estou feliz que esteja aqui.

Desliguei o celular e fiquei o esperando, olhei de um lado a outro para ver se tinha algum conhecido, não queria surpresa, mas fui surpreendido por uma brincadeira de Gillian que chegou de mansinho e sussurrou no meu ouvido:

_ Bom dia Mikhael.

Dei um pulo para trás que por pouco não caí, e ele estava ali na minha frente com aquele sorriso desenhado em seu rosto:

_ Que tipo de brincadeira é essa? _ Você gosta de fazer essas brincadeiras sem graça não é?

_ Com você todas as brincadeiras são válidas.

_ Você sabe bem que eu não gosto que brinquem comigo assim.

_ Tudo bem, eu vou tentar parar ok.

_ Você falou com os seus pais sobre mim?

_ O que queria que eu tivesse dito que você é meu namorado?

_ Notando como gosta de brincar assim eu não duvidaria disso.

_ Disse que levaria um amigo comigo.

_ É sério Gillian, você disse isso a ele, ou inventou coisas que não existe?

_ Eu não estaria inventando se você deixasse esse medo de sentir algo por mim.

_ Só para Gillian. Já tivemos essa conversa e eu achei que tivesse entendido.

_ Conversamos, mas você não conseguiu me convencer, mas falamos disso outra hora, chegamos á casa dos meus pais.

_ Você tem certeza de que falou aos seus pais que somos apenas amigos?

_ Mik, não se preocupe, eles não sabem do nosso beijo. Aliás, você está lindo.

Senti meu rosto queimar, mas não consegui recriminá-lo, a estratégia foi ele abrir a porta logo após acabar de dizer, seu pai se aproximou e ele lhe deu um beijo no rosto:

_ Chegou o homenageado, bom dia filho, que bom que trouxe o seu amigo, seja bem vindo rapaz.

O homem me abraçou enquanto o outro pai de Gillian se juntava a nós:

_ Bom conhecer um amigo do meu filho, venha cá e me dê um abraço rapaz.

Ele abraçou o Gillian e depois fez o mesmo comigo, logo aproximou outra pessoa e outra e todos me tratavam como se já me conhecesse, todos eram muito simpáticos eu não tinha do que reclamar do tratamento em que estava recebendo, fui apresentado aos pais, aos avôs, aos tios de Gillian.

Entre uma conversa e outra, Gillian segurou minha mão e me levou ao seu antigo quarto e assim que a porta se fechou ele beijou-me, e eu o correspondi dessa vez não se importando com o que estava ficando para trás, tudo o que importava era aquele beijo:

_ Gillian, estão todos lá fora, o que vão pensar?

_ Eu não me importo com o que estão pensando, o que importa é o aqui e o agora. Você não imagina o quanto eu quis esse beijo desde que nos vimos pela manhã.

Ele novamente me beijou, mas eu consegui resistir e o afastei:

_ Não posso, desculpe não posso.

_ Não pode ou não quer, olhe para mim e diga que não quer?

_ Esse é o problema Gillian, eu quero, eu desejo, mas eu sei que não posso você não consegue ver que estou lutando contra mim mesmo. Não posso agradar a todos, eu estou lutando contra tudo o que eu acredito, será que você não entende toda a minha crença, toda a minha convicção estão sendo colocada na balança e tenho achado em falta. De um lado e de outro eu estou me sentindo errado. Eu sei que é errado, mas mesmo assim não consigo me libertar dessa vontade de te ver, de te abraçar, de te beijar.

Dessa vez foi eu quem o beijei, me entreguei aquele beijo, mas ao sentir a mão dele subir por dentro de minha camisa me dei conta do que estava preste a acontecer, e novamente me afastei:

_ Desculpa, foi mal, me desculpa eu não posso, não posso.

_ Calma Mik, não faria nada sem que você quisesse.

Eu tremia quando acariciei o seu rosto:

_ Gillian você é lindo, eu queria de verdade não ter medo do que vem por trás de tudo isso, eu não queria pensar em você, querer estar com você, mas tudo o que eu quero, tudo o que eu penso é em estar com você, e você nem imagina a confusão que está dentro de mim, você se tornou a minha droga, uma droga que não consigo viver sem. Mas sabemos como isso terminará, e eu não posso esquecer tudo o que eu acredito para ir para a cama com você.

_ Não pense que quis te forçar a nada Mik, foi involuntário, estávamos nos beijando e eu deveria saber que não era o momento, eu agi na emoção e peço desculpas por isso, sei que ainda não estava preparado. Eu prometo me controlar.

_ O erro não é seu Gillian, o erro é meu, não é fácil para mim abrir mão de você, mas também não é fácil abrir mão do que acredito, são dois mundos distintos, mas estou no meio deles, literalmente no meio e não sei que rumo tomar, não é nada fácil viver essa indecisão, saber que toda a minha vida acreditei em algo e agora dá as costa a minha fé.

_ Uma hora terá que decidir de que lado a balança penderá mais.

_ Sim, eu sei disso, mas ainda não me sinto pronto para isso.

_ Será que algum dia estará Mik? _ Um dia estará pronto? 

Eu faço o meu próprio paraísoOnde histórias criam vida. Descubra agora