Eu faço o meu próprio paraíso

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Apesar de estar separado de Gillian, o dia foi bastante agradável, Stephanny e as tias de Gillian contava vários fatos da infância de Gillian que com certeza ele com certeza não me contaria, como o dia em que pintou o cabelo com tinta de parede azul turquesa, ou quando o galo que tinha na fazenda correu atrás dele e ele teve que pular no poço e levou três horas para ser resgatado de lá de dentro.

Rimos bastante enquanto aproveitávamos de um dia bem dinâmico, massagens, banhos aromáticos, hidromassagem, uma refeição leve com uma taça de champanhe, maquiagem, boa conversa, boa companhia, ainda assim eu estava ansioso para reencontrar-me com o Gillian e poder dizer o tão esperado SIM.

As tias de Gillian me fizeram fazer um book com cada coisa que fazíamos, então tinha uma foto me barbeando, uma foto recebendo massagem e assim sucessivamente de cada coisa que fazia durante o dia, elas fizeram até eu desfilar enquanto tirava as fotos, tudo isso era arquivado para enviar para o Gillian, em recompensa recebi um bilhete escrito a mão que dizia:

( _ Não vejo a hora de poder desfrutar dessa delícia que é o meu futuro marido)

Na hora senti minhas bochechas ficarem quentes, e as meninas riam, por que já tinham ciência do que estava escrito naquele bilhete, Stephanny chegou a comentar:

_ Ai, ai os primeiros anos de casada, são tão intensos, tão cheio de vitalidade, Mikhael se quer um conselho, não deixe o casamento cair na rotina, mas surpreenda o Gillian a cada noite com algo novo.

Vendo que fiquei constrangido, a tia mais nova de Gillian falou:

_A Stephanny tem razão Mikhael, o Gillian é apaixonado por você, mas casamento algum resiste a rotina, surpreenda ele com beijos enquanto ele estiver adormecido, acorde ele fazendo carícias íntimas.

Apesar do tom de brincadeira, as dicas que elas davam eram todas válidas, eu tinha noção que um casamento era feito de altos e baixos, e tudo o que eu queria evitar era deixar que o dia á dia acabasse com o encanto que existia entre Gillian e eu.

Apesar da tarde agradável, as horas pareciam que não passava e que o dia se alongava, ou era isso ou era eu que estava ansioso demais, faltando meia hora para o casamento, os carros que nos levariam de volta á fazenda estacionou em frente a barbearia e somente o caminho até lá me separava do meu futuro marido, meu coração palpitava acelerado.

Já na entrada dava pra ver a decoração toda preparada, um arco com capim dos pampas e flores brancas ficava em frente a um tapete vermelho que começava no arco e findava no gazebo todo decorado com tulipas e um véu branco, um púlpito onde estava a ata que Gillian e eu assinaríamos.

Eu entraria sozinho, então continuava dentro do carro esperando somente o momento da minha entrada, mas de lá podia ver cada convidado tomar o seu lugar nos bancos, não tinha muitas pessoas, essa foi uma decisão que tomamos, de compartilhar desse momento somente com as pessoas importantes para nós dois.

Do carro vi quando Jean e Beto entraram com Gillian, sim ele entrou com os dois pais, vi quando Stephanny entrou com Douglas, eles seriam as nossas testemunhas, e já estava chegando a hora em que eu entraria, sozinho, isso me deixou um pouco triste, pois logicamente que tinha meus pais para entrar comigo, mas eles não estavam ali.

Eu estava tão absorvido com a visão do Gillian ali a minha espera que nem me dei conta de que alguém batia no vidro do carro, do lado oposto ao que eu estava me virei para ver quem era, meus olhos encheram-se de lágrimas.
Abri rapidamente a porta e dei a volta para ir de encontro a minha mãe que estava ali, eu a abracei apertando-a em meus braços:

_ Mãe... Oh mãe, como veio parar aqui, como soube?

_ O Jean e o Beto foi me buscar ontem a noite, chegamos hoje de manhã, eles mandaram o convite para o seu pai, e você sabe... Seu pai recusou-se a vir, eu já não tinha mais esperança de participar desse momento filho, mas aí o Jean e o Beto foram conversar conosco ontem.

_ Então foi isso o que eles foram fazer na cidade ontem.

Levei a mão a boca rindo enquanto chorava ao mesmo tempo:

_ Eles não falaram nada, que vocês estavam aqui, cadê o papai?

_ Seu pai não veio Mikhael, mas me permitiu estar com você nesse momento, não fique triste por isso, olha ele mandou te entregar essa carta.

Com as mãos tremendo peguei o papel e abri para ler, lia em pensamento:

(_ Mikhael, hoje você está se casando é um dia de alegria e celebração, eu espero que esteja feliz com a sua escolha, infelizmente eu não estarei ai ao seu lado nesse momento, não estarei fisicamente, mas estarei em pensamento, meu filho, eu sei o quanto foi difícil para você tomar a decisão de chegar onde chegou, sei que exigiu de você uma coragem e uma convicção enorme e eu me orgulho do homem que você se tornou, talvez se eu tivesse a sua ousadia e determinação as nossas vidas seriam diferente hoje, mas não posso mudar o passado filho, tudo o que posso fazer é olhar para frente, eu desejo do fundo do meu coração toda a felicidade para você e para o rapaz que escolheu amar, não fique chateado por não participar desse momento presencialmente com você, ainda estou no processo de aceitação, ainda é difícil para mim, mesmo já tendo sentido o mesmo que hoje você sente, minha mente se recusa a entender, talvez seja apenas meu orgulho, ou minha teimosia que ainda não aceita, mas estou tentando trabalhar nisso eu prometo que irei vencer.
Entretanto não poderia jamais impedir que sua mãe estivesse com você, celebrando desse momento com você. Filho, você é meu filho amado, e eu não me arrependo das escolhas que fiz só pelo fato de ser seu pai, então mesmo que eu lhe diga que suas escolhas foram erradas, nunca diminua a força que você tem, nunca aceite viver pela metade, diminuir os seus sonhos, fracionar sua felicidade.
Desejo que você seja feliz, que a felicidade te abrace de uma maneira que jamais venha a se separar de você.

Seu pai que te ama: Caio Junqueira. )

Chorei muito abraçado a minha mãe, mas não um choro de tristeza, e sim um choro de esperança, esperança de um dia poder reunir toda a minha família em volta de uma mesa e poder agradecer por esse momento.

Sorri para minha mãe, enxugando minhas lágrimas perguntando a ela:

_ A senhora leu o que o pai escreveu?

_ Não, mas eu sei que ele te ama muito, e sabia que ler essa carta lhe faria bem, ele é muito orgulhoso para admitir que você fez o certo em não aceitar casar-se com a Talita amando o Gillian, mas no fundo ele reconhece isso.

_ Eu sei disso minha mãe, obrigado por estar aqui comigo, te amo muito mãe.

_ Eu jamais iria deixar o meu filho entrar sozinho no dia do seu casamento.

Mais uma vez enxuguei as lágrimas que corriam por meu rosto e a abracei, depois com um sorriso no rosto me conduzi até onde Gillian me esperava.