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As emoções que estava sentindo estavam me sufocando, eu sentia como se tivesse em um lugar encurralado e não encontrasse a saída, era pressão por todos os lados, e eu sabia que o único que tinha o poder de decisão se saia desse lugar era eu, mas insistia em permanecer ali.
Eu me recordava do dia anterior, o olhar de tristeza de Gillian a me observar me distanciar, também me lembrava do riso debochado de Raulf, era ameaçador.
Ouvir meu pai fazer planos para um casamento que se de fato acontecesse já se iniciaria fracassado. Tudo isso fazia meu pensamento fervilhar. Tudo o que eu queria era acabar com aquilo, e novamente me autoflagelei, comecei a fazer pequenos cortes no meu braço, vários, não sei se gritei, ou simplesmente foi coincidência minha mãe invadir o meu quarto naquele mesmo instante, só a ouvi dizer:

_Mikhael.... O que pensa que está fazendo?

A olhei assustado, e deixei a gilete cair de minha mão, eu tremia e chorava em desespero, minha mãe me abraçou:

_ Filho, o que é que está acontecendo com você, por que está fazendo isso com você?

_ Eu não aguento mais, eu nunca serei o que vocês querem que eu seja.

_ Do que você está falando Mikhael?

_ Eu não quero ser reverendo como o meu pai, não quero me casar com nenhuma moça, tudo o que eu quero é acabar com esse tormento.

_ Nunca mais diga uma coisa dessas, ouviu bem meu filho, conversa comigo, desabafa, mas nunca mais diga isso. Filho me diga o que é que está acontecendo?

Tentei me acalmar, e respondi:

_ Vai mesmo me escutar sem me julgar mãe?

_ Sim filho, me fala o que está acontecendo?

_ Eu me apaixonei mãe.

_ É por isso que está tão angustiado, por que seu pai está querendo que se case? _ Filho veja bem, seu pai tem grandes planos para você, para isso você tem que casar com alguém que vai te obedecer e te ajudar, uma mulher que não tem a nossa fé será como uma pedra de tropeço, a filha do Fabrício é bonita, recatada, educada e compartilha da mesma fé, tem todos os atributos que uma mulher precisa para ser uma boa esposa, antes que fique nessa angustia toda, você deveria primeiro conhecê-la para saber se ela te agrada ou não.

Não adiantava falar mais nada, então somente concordei, me sentindo ainda mais angustiado, porém forcei um sorriso que estava longe de querer oferecer:

_ Tudo bem mãe, eu irei conhecer a filha do Fabrício.

Como poderia dizer a ela que mesmo que a conhecesse eu não sentiria algo por ela, que quem eu queria eles nunca aceitaria, como poderia causar esse desgosto em meus pais?

Fiquei em casa por dois dias, sem ir a faculdade, fiquei a maior parte do tempo em meu quarto, dormindo, sem animo para nada, e quando resolvi sair do quarto, fui até o escritório de meu pai ver um livro para ler, procurei um com o título Maschiach- A era messiânica. Folheei algumas páginas e já estava prestes a colocar no lugar que tinha retirado quando uma fotografia caiu, era a fotografia de um rapaz muito bonito, olhai o verso da imagem para ver se tinha algo escrito, não tinha nada.

Levei a foto até minha mãe:

_ Mãe, quem é esse rapaz?

Ela olhou e a expressão dela mudou radicalmente:

_ Onde você encontrou essa foto Mikhael?

_ Em um livro do papai, quem é ele?

_ Não é ninguém, apenas guarde essa foto onde você encontrou, e não fale nada sobre isso com o seu pai.

Fiz exatamente o que ela me pediu, e não falei nada com o meu pai, mas estranhei a reação de minha mãe, seu rosto ficou transtornado.

O final de semana chegou e estava conversando com a equipe do coral, quando o avistei, olhei na direção de meu pai e depois caminhei até Gillian:

_ Gillian, o que faz aqui?

_ Vim cumprir minha parte no acordo.

_ Achei que...

_ Que eu não viesse?

_ Não depois do que aconteceu, você não precisava vir, mas já que está aqui, venha irei lhe apresentar aos meus pais.

Levei-o primeiro até a minha mãe:

_ Mãe... Esse é um amigo meu da faculdade.

_ Seja bem vindo meu jovem, eu me chamo Milena.

_ Gillian...

_ Gillian? _ Acomode ele Mikhael, me dá licença Gillian.

Ela afastou-se olhando para trás, e eu o levei até o meu pai que conversava com Fabrício e outros irmãos:

_ Pai... Eu quero te apresentar um amigo da faculdade...

_ Claro filho...

_ Esse é o Gillian...

_ Gillian? _ Esse nome não é muito comum, conheci apenas um Gillian e esse a muito tempo não escuto falar, por acaso é filho do doutor Jean?

_ Exatamente, ele é o meu pai.

_ Entendo, Mikhael acomode o seu amigo, e venha falar comigo antes da reunião.

Meu pai não escondeu a aversão que sentiu em relação à Gillian, mas eu sorri a ele tentando disfarçar:

_ Gillian, daqui você poderá ouvir bem, eu sinto não poder estar ao seu lado, mas terei que ficar com a equipe do coral hoje. Vou lá ver o que meu pai quer ta.

_ Tudo bem...

Deixei-o acomodado e fui até onde meu pai já me esperava, assim que me aproximei ele questionou-me:

_ De onde conhece esse rapaz? _ Ele não é boa companhia para você, é melhor se afastar dessa gente.

_ Dessa gente pai, por acaso conhece essas pessoas?

_ Você não deve saber, mais os pais desse rapaz são dois homens, e o nome dele...

_ O que tem o nome dele?

_ Existiu outra pessoa com esse nome, não vale a pena falar sobre isso nesse momento, mas não quero você com esse rapaz. Por sorte sua noiva irá vir com a mãe, já devem estar chegando.

_ Está falando do Gillian que namorou o pai dele?

_Conversaremos sobre isso mais tarde Mikhael, vai começar a reunião e não quero me atrasar. Mas voltarei a esse assunto, eu não sei o que esse rapaz veio buscar aqui, mas já digo que ele não é bem vindo.

_ Pai, o que te incomoda tanto que ele esteja aqui?

Eu faço o meu próprio paraísoOnde histórias criam vida. Descubra agora