Wei limita-se a observar seu irmão ser cercado pelo o mais velho dos Lan, um sorriso divertido cobrindo seus lábios enquanto aprecia aquela cena incomum e verdadeiramente pacífica no meio de tanta desordem em suas vidas, não muito longe ele pode ver os belos olhos dourados o encarando com afinco antes de finalmente se aproximarem para cumprimenta-lo, o corpo esguio encostando sobre o balcão para atrair completamente sua atenção.
Norami que está ao seu lado apenas bate em seu ombro e murmura um boa sorte antes de sumir na cozinha junto dos demais funcionários, ele suspira profundamente antes de oferecer um belo sorriso ao outro a sua frente que parece estar realmente apreciando aquele momento, há muitas coisas que pode e quer perguntar, mas seus lábios parecem pesados e não saem do lugar, tudo que faz é permanecer em silêncio preso naquela conexão interminável de olhares, o que exatamente estava fazendo encarando um homem tão perigoso como aquele profundamente? Ele definitivamente gostaria de saber aquela resposta e adoraria entender o que era o brilho tênue nas orbes douradas, algo como uma faísca ou uma brasa quente esperando para queimar intensamente.
— Pensei que teria mais coisas para dizer — a voz suave do outro o traz a si — Mas pelo visto você parece tão sem palavras quanto eu, Wei.
— Eu adoraria entender de onde vem tanta prepotência de sua parte — murmura — Você parece ter tudo em excesso, principalmente confiança. Não estou sem palavras, na verdade tenho tantas coisas a dizer que não sei por onde começar.
— Deveria saber, que o mais tenho é confiança — sorri — Digamos que ganhei um pouco de prepotência ao longo do tempo, vai adorar me vendo sendo arrogante — cruza suas mãos abaixo de seu queixo — Quanto ao que quer me dizer, comece por aquilo que mais tem pertubado sua mente.
— O que mais perturba minha mente? Eu sei o que quer — aproxima-se, encostando seu corpo perto o suficiente para sentir a respiração do outro — Está ansiando para que minha resposta seja aquele beijo, Senhor Lan.
— Você fica sexy pra caralho me chamando assim.
Ele limita-se a rir, sinalizando para que o outro o siga até o escritório do restaurante onde podem ficar a sós e conversar sem chamar atenção, o pessoal do ministério não está mais rondando pelo lado de fora, mas alguns clientes parecem bem interessados na interação de ambos enquanto conversam, o grande e poderoso Lan Wangji está chamando uma atenção exagerada para alguém precisa ser realmente discreto agora, mas pedir descrição para um homem tão arrogante seria algo em vão, é melhor tê-lo fora da vista dos outros pelos menos enquanto precisam conversar e acertar algumas pontas soltas sobre um passado distante.
Naquele momento quer resposta para o que aconteceu a cinco anos atrás, talvez não as teria e aquilo seria inútil, mas precisava tentar para depois pensar no que fazer com sua falha, a tentativa sem um erro é apenas um pequeno passo para que continue falhando miseravelmente, havia aprendido isso desde cedo, quando simplesmente achou que precisava ser perfeito e nunca errar, no final de tudo teve que se encontrar de frente para morte para perceber que não era assim que as coisas funcionavam.
— Vá em frente, Wei — Wangji se senta no sofá do pequeno escritório, completamente relaxado como se estivesse em sua própria casa — Me pergunte o que quiser, mas saiba que não terá todas suas respostas.
— Já esperava que me dissesse isso — encosta-se sobre a mesa — Sei que não dirá tudo que quero ouvir, entretanto eu precisava tentar. Preciso mesmo saber sobre a cinco anos atrás quando eu o roubei, tenho que entender como você estava lá esperando por mim quando saí de dentro daquela sala.
— Hum, essa definitivamente é uma das respostas que não posso lhe dar — o encara — Nada sobre aquele dia eu o falarei, tem que descobrir sozinho. Se tiver outra pergunta além dessa, lhe responderei, mas sobre a cinco anos atrás, terá que se esforçar.
— Ou eu poderia apontar uma arma para sua cabeça e exigir que me dê uma resposta — o outro apenas ri suavemente — Isso é engraçado? Está sendo prepotente ou arrogante agora?
— Prepotente — levanta-se e para de frente a Wei — Vá em frente e faça um teste, aponte sua arma diretamente aqui — aponta para o centro da sua testa — Me obrigue a falar e consiga sua resposta, Wei. Estou mesmo ansioso para vê-lo tentar fazer algo como isso.
Não havia um traço de hesitação naquela palavras e muito menos um sinal de blefe, na verdade o tom de seriedade nelas o pegou desprevenido, o fazendo sentir-se minimamente confuso com tamanha coragem ou o que poderia nomear facilmente de ousadia, olhando dentro daqueles olhos pode ter a total certeza que sua irmã estava certa quando disse que Lan Wangji não era um homem com que ele deveria estar envolvido, mesmo que naquele momento sentisse em seus ossos que era tarde mais para tentar se afastar e fingir que nada havia acontecido entre eles.
Wangji parecia determinado a tirar de si tudo que podia, reações e sensações, como havia feito naquele exato segundo em que arrancou as palavras de sua boca e calou suas ações, ele poderia muito bem fazer aquilo que tinha dito, era fácil apontar uma arma para a cabeça de Wangji e exigir respostas, mas não as teria, a maldita arrogância em pedir por aquilo como um louco que não tem nada perder, o fez perceber que tinha cometido uma pequena falha.
— O que há, Wei? Hesitando? — aproximou-se ainda mais, cercando-o entre ele a mesa — Você não quer ou acha que essa não é a melhor saída? Posso ver que está pensando profundamente nisso, considerando se deveria ou não puxar sua arma e fazer isso — se inclina em direção ao ouvido do outro — Uma dica: não pense demais, apenas faça.
— Wangji, o que quer que eu pense de você, quando me pede isso? — sorri de maneira arrogante assim como o outro — Está tentando deixar algo claro? Me diga o que? Isso é um jogo de duas mãos.
— Você sempre tem uma resposta, nunca lhe faltam palavras — suas mãos envolvem o cabelo do outro que segura uma faca contra seu pescoço, uma reação deverás rápida — Te assustei? Perdão, eu apenas estava tentando ter sua total atenção, você quer mesmo saber o que quero?
— Não tem medo que eu corte sua garganta? — sussurra.
— Na verdade não, você já teria feito — sorri ao ver outro baixar a faca — Viu, em situações como essa você nunca hesita, eu deva ser sua primeira vez. Mas enfim, acho que você sabe o que eu quero.
— Ah, o beijo, você quer saber do beijo — ri, gemendo suavemente ao sentir o agarre em seu cabelo tornar-se mais firme — Está muito curioso para saber se estou pensando sobre aquilo e se quero mais, mesmo sabendo que vou negar — segura a camisa de Wangji em seu punho o puxando para perto, unindo seus corpos — Não vou lhe dar esse gostinho.
Aquele sorriso está lá novamente, cobrindo os lábios finos acompanhados de uma doce risada algo nada usual para um homem que o olhava como fazia naquele momento, Wangji parecia realmente gostar de como mesmo naquela situação ele continuava a ser insolente.
— Wei — murmura entre dentes — Você sabe como tirar o melhor de mim.
Wangji o beija, aquele aperto em seus cabelos ainda sendo firme enquanto o mantém preso entre ele e a mesa, os lábios firmes devoram os seus com facilidade o fazendo agarrar-se contra a camisa de linho, amassando o tecido entre suas mãos, mas aquilo não é um detalhe realmente importante, o outro está concentrado demais em ter tudo que pode tirar de si apenas naquele beijo e Wei está correspondendo à altura todo aquele desejo queimando ali naquele exato momento.
— Negue a vontade — ele murmura contra sua boca, soltando finalmente os fios de seu cabelos para segurar sua cintura — Mas farei o melhor para que venha até mim, procurando por mais disso e algo além do que estou dando a você agora — morde seu lábio inferior levemente — Agora estou sendo arrogante — sorri.
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Youngblood - WangXian.
FanfictionGusu Lan que antes esteve afundada na lama, agora caminha na ascensão, graças aos irmãos Lan, aqueles que ultrapassaram as leis dos Ministério e sozinhos tiraram a cidade do buraco. Construindo sua fama e nome através de seus atos violentos, tornara...