Capítulo 17

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  Ele retornam a cidade depois de alguns dias escondidos naquela pousada no fim do mundo, abrem o restaurante e tudo funciona normalmente, como se nada tivesse acontecido ou fosse acontecer, as pessoas lotam rapidamente o lugar assim que veem as portas abertas, alguns ficam para comer outros apenas param para cumprimenta-los e seguirem com seu caminho, fora dali rondando a rua da frente a três homens parados encarando o local como se desejassem avisar que o ministério ainda não os esqueceu e está apenas esperando uma falha deles, para capturá-los e tê-los mortos com seus corpos jogados no meio da cidade para servir de exemplo.

Norami, Wei e Cheng são cuidadosos ao extremo a partir dali e mesmo antes de tomarem a decisão de voltar haviam conversado sobre isso, a preferência agora é que se mantenham juntos a todo momento e se precisarem separar que deixem informado o lugar para onde estão indo, devem permanecer com suas armas e qualquer mínima tentativa de um ataque ou algo que soe como uma ameaça tem que ser eliminado de forma imediata, as coisas mudaram e eles precisam encarar a nova realidade que se encontram como sempre fizeram, a um chance alta de serem mortos no processo, mas nenhum deles deseja deixar essa vida tão cedo, queriam pelo menos poder ter realmente uma boa vida como sonharam um dia, sem fugas e mortes em suas costas apenas paz, entretanto se aquele fosse único meio para conseguir isso. fariam sem hesitar, essa era a última chance que tinham de conseguir chegar ao paraíso ainda em terra.

Quando a noite cai eles voltam juntos ao quarto que haviam alugado naquela região, o bar ainda não poder ser aberto porque a noite a chance de serem emboscado é maior, a um cuidado único no retorno para o quarto, precisam evitar ser seguidos e por isso escolhem a rota mais longa onde o pessoal do ministério acabaria por perdê-los de vista em meio aos becos e vielas de Gusu, nenhum deles fala muita coisa e decidem revezar os turno de vigia já que serem pegos todos dormindo seria algo realmente tolo de deixar acontecer.

Norami se oferece para o serviço e coloca uma cadeira perto da janela e de frente para porta, deixando que ambos mais novos descansem, em um tempo bem distante do que se encontrava agora ela passava horas acordadas esperando a morte chegar para buscá-la, havia se passado tantos anos que tinha esquecido como era aquela sensação.

— Ainda acordado? — perguntou a Wei que remexeu-se sobre a cama — Precisa descansar, amanhã será mais um dia difícil.

— Você também precisa descansar, faz três dias seguidos que fica vigiando de madrugada — ele se afasta de Cheng que dormia abraçado consigo, e coloca-se sentado perto de Norami — Sei que todo cuidado é necessário, mas eu e Cheng também podemos fazer isso.

— Estou acostumada — sorri levemente — Antes de me encontrar com vocês, eu passava todas minhas noites desse mesmo jeito, a qualquer momento poderia ser morta. Então eu ficava acordada com uma arma na minha mão, esperando alguém aparecer.

— O que você...fazia? Nunca fala sobre isso — a encara — Quando nos encontrou você estava com um enorme ferimento em sua barriga, ainda assim carregou Cheng desacordado em suas costas e cuidou da gente, passou três dias do nosso lado mesmo que não nos conhecesse — suspirou — Sempre que eu acordava você estava lá, acordada olhando para porta do barraco onde estávamos escondidos.

Norami não o respondeu logo de cara, seus olhos brancos permaneceram voltados para janela que era iluminada pela luz da lua, Wei não a pressionou apenas aguardou pacientemente que ela lhe contasse sobre sua vida antes deles cruzarem seu caminho.

— Eu morei nas ruas de Gusu por um bom tempo, antes de deixar esse lugar e atravessar a fronteira, trabalhei para algumas pessoas perigosas como assassina de aluguel...não era exatamente o rumo que queria seguir na minha vida, mas me pagavam bem, quando finalmentes sai daqui minha fama já tinha se espalhado e antes mesmo que eu percebesse...havia me tornado uma profissional — a um breve silêncio, antes que continue — Os serviços nunca foram difíceis, eu apenas tinha que matar pessoas e sumir logo em seguida, então um belo dia eu recebi um trabalho para matar um homem que havia feito dívida com agiotas, no meio do caminho descobri que ele tinha uma filha e a tal dívida foi feita para pagar o tratamento de uma doença que a garotinha tinha — fecha seus olhos, os abrindo logo em seguida — Me neguei a mata-lo e quitei a dívida dele, mas o empregador não estava sastifeito e disse que iria fazer isso por conta própria porque precisava dar exemplo aos outro, e então...eu o matei, fui caçada depois disso e ferida durante minha fuga, como consegui muitos inimigos ao longo do tepo todos eles resolveram vir atrás de mim e me matar...quando encontrei vocês estava fugindo de alguns homens, por isso o ferimento.

— Sinto que você não fez só isso em sua vida — ri — Você parece alguém sem orgulho nenhum do seu passado, mas sem arrependimentos também. Antes de tudo, acredito que foi uma garotinha vivendo uma vida normal ao lado de sua família, me pergunto o que houve para acabar assim.

Os olhos brancos caíram sobre si e depois sobre seu irmão que dormia tranquilamente longe daquela conversa, havia uma pequena emoção ilegível escondida por trás daquelas orbes que sempre achou tão bonitas, talvez a mais velha estivesse voltando a um passado realmente distante enquanto os observava, um lugar onde ela jamais o encontraria se apenas tivesse conseguido permanecer lá.

— Sabe Wei, todo mundo em algum momento precisa sair de sua zona de conforto, algumas vezes eu penso que se eu tivesse feito uma escolha diferente não estaria aqui — murmura — Mas nunca estive no controle da minha vida, você tem razão, já fui uma garotinha comum vivendo uma vida comum assim como você Cheng também já foram, mas agora...tudo que sou...é uma sombra de alguém que lutou todos os dias para não morrer — acaricia seus cabelos — Eu já tive uma boa vida e mesmo que nesse momento isso daqui não pareça ser algo bom, eu gosto, gosto de ter vocês por perto, porque são como minha família. Você e Cheng, são tudo que tenho...fora daqui sou apenas alguém solitária matando pessoas por conveniência de outras pessoas, acredite em mim...

Em tantos anos juntos, Wei poderia dizer facilmente que jamais havia visto Norami chorar como ela fazia naquele exato momento, deixando que algumas lágrimas solitárias escapassem de seus olhos e rolassem por sua bela face a manchando com pequenos rastro molhados.

— Eu não me arrependo nenhum dia de tê-los salvos — sorri — Essa foi a melhor decisão que tomei em minha vida, lembra do que eu disse a um tempo atrás — Wei assente — Prometo a você que aquilo será real, farei tudo que for preciso.

— Norami, vai tudo ficar bem, começamos isso juntos e vamos terminar juntos — a abraça — Quando menos perceber isso terá acabado.

— Wei, precisamos ser realista — se afasta — O ministério não vai parar, aquele roubo...mudou tudo. Não culpo Wangji...mas precisamos realmente entender o que está acontecendo agora...alguém está fazendo isso tudo por um motivo — segura o rosto de Wei entre suas mãos — No final, alguém vai morrer.

— Ninguém vai morrer...

— Wei Wuxian — sussurra — Não importa o que aconteça, se em algum momento isso for demais para qualquer um de nós...tem que prometer que vai descobrir a verdade e pegar quem fez isso, me prometa, por favor...me prometa.

— Eu prometo, Norami.

— Certo, precisamos entender e rápido como Wangji soube desse roubo — se afasta e volta a olhar pela janela — Algo me diz que esse homem enganou todo mundo naquele dia.

— Vamos esperar mais alguns dias, sinto que ele vai vir me procurar — volta para cama e abraça Cheng novamente — Durma antes de amanhecer.

— Apenas feche seus olhos, pequeno cravo — é tudo que Norami o diz, antes que volte a dormir — Feche os olhos...

Youngblood - WangXian.Onde histórias criam vida. Descubra agora