Youngblood - WangXian.

Capítulo 15

 Antes mesmo que a manhã chegasse cobrindo os céus com um suave azul e a intensa luz do sol, eles deixaram a casa carmesim, seguindo com seu caminho sem se despedir como sempre faziam e dessa vez como já não acontecia a muito tempo, sem rumo ou uma parada, aquela sensação que os dominava a alguns anos atrás voltando, preenchendo-os com uma leve sensação de nostalgia junto de um leve amargor em seus paladares, a paz não havia sido feita para todos, alguns passariam semanas no inferno sem saber que na verdade já se faziam anos, pois acreditavam cegamente em um falso paraíso colocado pelas palavras falsas e gentis daqueles que o jogaram, Norami, Wei e Cheng conheciam bem como era estar no inferno, já o paraíso, esse ainda era um mistério.

Novamente eles estão nas ruas, caminhando por entres os becos procurando por um lugar para ficar, longe dos olhos do ministério e de qualquer um que pudesse soar como uma ameaça, a intenção era mesmo sair intacto de alguma forma sem causar algum tipo de alarde, mas sabiam que seria algo meramente impossível afinal existia um notório desejo da parte dos vermes em tê-los mortos por roubar a joias do Lan, para eles assim como uma grande quantia de dinheiro de seu cofre, entretanto naquele tempo tão caótico em que não tinham muitas opções, ser passado para trás não era algo que podia passar em branco, quando entregaram as jóias e foram chutados sem receber um mísero centavo sequer de dinheiro pelo trabalho, se viram em uma escolha difícil, no final de tudo apenas seguiram com um plano arriscado de última hora vindo do próprio Wei, roubar tudo que os malditos tinham e sumir.

Voltando ao presente, não se arrependiam de suas ações impensadas ou carregavam algum tipo de remorso, a vida tinha ensinado muito a todos eles e os inteligentes sempre saem na frente daqueles que se deixavam ser enganados, uma boa jogada mesmo que arriscada tinham colocados eles exatamente onde queriam.

Agora precisavam sentar e lidar com as consequências de suas escolhas e ações, sem medo ou algum tipo de hesitação, apenas fazer o que tem que ser feito e seguir em frente como sempre faziam independente da situação que estavam. Wei os levou para o quarto que havia alugado, ignorando os olhares de questionamentos dos hóspedes e do próprio dono do lugar, eles subiram as escadas certificando-se que não havia ninguém espreitando por suas costas, assim que entraram a porta foi trancada e se encararam silenciosamente felizes internamente por estarem juntos novamente, Cheng foi o primeiro a sentar-se sobre a cama sendo seguido por Wei e Norami que sentou-se em uma cadeira velha colocada de frente para cama, estava na hora de falar sobre os próximos passos.

— E então, vamos acabar logo com isso — Norami disse — Wei sugeriu que começássemos a investigar a partir daquele dia onde executamos o roubo. Eu não lembro de muita coisa, mas os detalhes importantes ainda tenho guardados em minha mente, entretanto porque exatamente devemos começar por aí?

— Simples, as coisas começaram a dar errado desde aquele dia — Wei a encarou — Quando aceitamos esse trabalho colocamos muitas coisas em jogo. Yan Li mesmo disse que não deveríamos ter nos envolvido com o Lan, mas precisávamos de dinheiro e estávamos desesperados.

— O que fez de nós uma presa fácil para o ministério — Cheng suspirou.

— Exato, agora precisamos repassar o plano e rever cada detalhe até onde lembramos — olhou para seu irmão — Pode fazer as honras se quiser, o plano foi mais seu do que meu e de Norami.

O de olhos violetas suspirou mais uma vez encostando-se sobre a cama, pensando antes de começar a falar, revendo os pontos sobre aquele dia em sua mente desejando não errar no que iria dizer.

— O roubo era bem simples, nós apenas tínhamos que entrar, pegar as joias e sair — começou a falar — Lembro que entramos pela parte do fundo, entre o entardecer e o anoitecer, derrubamos os dois seguranças que ficavam naquela área para que pudéssemos espreitar pelos jardins. Eu já tinha conseguido invadir o sistema de câmeras e modificado as imagens, quando acabasse não haveria provas que estaríamos ali e o caminho para entrar na casa estava completamente liberado.

— Certo, eu passei pelos jardins com Wei — Norami continuou — O ajudei alcançar a janela para o quarto de Wangji e me escondi na parte lateral da mansão para esperar por ele, não havia um sinal sequer dos Lan. Verificamos isso duas vezes antes de entrar — ponderou por alguns segundos — Além dos seguranças que pegamos, havia apenas os funcionários da mansão, mas eles não deixaram a cozinha.

— Quando eu entrei, tudo estava limpo, sem sinal de ninguém — Wei disse — O cofre ficava em um porta escondida dentro do guarda roupa, era um mini sala com apenas alguns móveis e o cofre. Não levou muito tempo para abri-lo, disso eu tenho certeza — deu de ombros — Porém quando sai dei de cara com o Lan e seus homens, parecia que ele estava me esperando.

As informações que haviam recebido haviam sido claras, Lan Wangji e Lan Xichen deixariam a casa pela manhã junto de seu tio Qiren e o marido Ruohan. Seria fácil entrar e sair sem vistos ou pegos no processo, mas tudo mudou em questão de segundos quando Wei foi emboscado por Wangji em seu quarto saindo do cofre, julgando por quão rápido ele havia sido pego era fácil afirmar que o Lan nem sequer tinha deixado a casa e estava apenas esperando que ele entrasse para abordá-lo, e o que tornava toda situação completamente estranha era o fato de que não tinha como Wangji estar ali, não naquele momento.

— Nós vimos o carro sair — Cheng afirmou — Eu vi ambos irmãos lá dentro, se eles voltassem eu veria...a não ser que houvesse uma outra passagem.

— Você tinha a planta da casa — Norami o olhou — Saberia se tivesse uma outra entrada.

— A planta da casa foi feita pelo ministério — Wei disse rapidamente como se tivesse acabado de lembrar de algo — Um rapaz o fez, eu lembro disso. Meng Yao, esse era o nome dele.

— Bom, talvez ele tenha mandado a planta errada de propósito ou ele também não percebeu — juntou suas mãos, as colocando sobre seu colo — Se a primeira opção for a certa, significa que esse tal Meng Yao enganou o ministério. O que nos leva a outra questão, porque ele fez isso e onde ele está?

— Nós podemos encontrá-lo e perguntar pessoalmente, pensar sobre suas razões atrasaria nossas vidas — Norami falou — E temos que pensar no Lan também, já que ele está no jogo. E seria bom nosso querido WeiWei, falar sobre esse encontro dos dois.

Ambos encaram Wei, seus braços cruzados à frente de seu corpo enquanto esperavam por uma explicação, o outro limitou-se a suspirar derrotado.

— Ele não falou sobre as jóias e muito menos sobre o ministério, apenas bebeu alguns drinks...e flertou comigo — sussurrou a ultima parte — Não acho que ele queira me matar, pelo menos não foi o que me pareceu.

— Levando em conta que ele te procurou por cinco anos, e quando finalmente te encontrou na atirou em você, acredito esteja certo — Cheng aproximou-se e o abraçou pelos ombros — E isso definitivamente significa que as intenções dele são outras.

— Outras? — ergueu uma sobrancelha — Tipo o que?

— Ah, não se faça Wei — a mais velha revirou seus olhos — Está bem claro que ele quer foder com você, te matar de prazer — o provoca — São fucking cinco anos, não dois dias, uma semana ou um mês, e sim, cinco anos.

— Vocês estão delirando — coloca-se de pé — Wangji interessado em mim? Que tipo de brincadeira seria essa...? — naquele momento Wei lembrou-se do beijo que recebeu do maior — Não, não, não e não, não pode ser possível.

— Relaxe Wei, ele é um tremendo gostoso — Cheng riu — Você tira isso de letra.

— Ah é, maninho — bateu sua mão sobre a cabeça do outro — Pois fique sabendo, que o irmão dele tem um divida com você.

— Dívida? Como assim? W-e-i W-u-x-i-a-n — disse pausadamente — O que diabos você fez?

Norami, que os observa, limitou-se a rir, antes de colocar-se de pé e juntá-los em um abraço apertado.

— Parabéns irmãozinhos, vocês tem a atenção dos dois homens mais temidos de Gusu — sorriu maldosamente — Eu estou ansiosa para ver isso.