Capítulo 26

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Há uma enorme curiosidade sobre aquelas pequenas questões que estão em sua mente, revirando em sua cabeça tirando completamente seu foco das coisas que realmente importam, mesmo que agora tudo tenha estado em uma estranha calmaria não consegue relaxar completamente ao ponto de sentir-se seguro, o ministério não tem rondado mais o restaurante, nenhum deles parece interessado em mantê-los na linha, e pelo menos por agora são um fato neutro, todas as atenções estão voltada ao baile que está cada vez mais próximo de acontecer, as pessoas na cidade falam sobre isso a todo momento murmurando inconscientemente enquanto questionam-se o que se passa na cabeça de Lan Wangji.

Quanto mais anda por aí aproveitando que pode agir como uma sombra sem importância, mais pode ouvir o quão louco aquela ideia sem sentido é, ninguém consegue compreender qual o verdadeiro plano daquele anúncio sem pretensão, a energia na cidade está a flor da pele fora da vida cotidiana comum de todos que vivem ali, e simplesmente o maldito Lan está organizando um baile para comemorar ou festejar sobre alguma coisa que está acontencendo em seus delirios, mas o grande problema naquela situação nada normal é que não importa para onde vá a resposta sempre é a mesma, o verdadeiro intuito para tamanha loucura é porque Wangji precisar atrair atenção e por mais que soe arriscado, um evento como aquele é exatamente o ideal para conseguir antigir seu propósito.

Grande parte da cidade estará lá, até mesmo o próprio ministério marcará sua presença, toda a atenção possível vai estar em sua pessoa, aquele pedido ou ordem tinha um verdadeiro propósito maior e talvez com intenções perigosas, uma suave ameaça lançada indiretamente para alguém? Talvez, entretanto não fazia o estilo de Wangji fazer as coisas de maneira indireta, afinal ele não estava nem um pouco preocupado em como as pessoas iriam reagir por isso simplesmente ia lá e fazia, então aquele com certeza era uma ameaça direta a alguém que provavelmente pertencia ao ministério, porém em que sentido aquela ameaça está sendo feita e porque? Quanto mais fundo ia, mais perguntas sem respostas tinha.

— Ainda pensando sobre o baile? — Cheng se coloca ao seu lado, encostando-se no parapeito da janela onde Wei permanecia — Sabe que não vai ter uma resposta, ninguém tem. Todo mundo só tem questionamentos.

— Sinto que se eu for um pouco mais fundo, terei minha resposta — suspira — A questão é: o quão fundo eu realmente tenho que ir? Dependendo de onde eu chegar, essa resposta tem um custo.

— Então não vá atrás disso, apenas esqueça — dá de ombros — Deve saber que Lan Xichen esteve aqui ontem, nós conversamos e ele me convidou para ir a esse baile, não o respondi de uma forma direta, mas sinto que não devo ir — fecha seus olhos brevemente, a expressão em sua face tornando-se tensa — Nem eu, e nem você.

— Não recebi nenhum tipo de convite ainda, Wangji não aparece já faz um tempo — encara suas mãos — Nossos diálogos nunca terminam como eu quero — lembra-se do beijo que trocaram da última vez — Invés de respostas tenho apenas mais perguntas.

— Yan Li tem razão, deveríamos ouvi-la — o encara — Os irmãos Lan, não são o tipo de pessoas com a qual devemos nos envolver.

— Dizer isso após estarmos envolvidos até o pescoço com eles, não faz sentido — sorri levemente — É loucura admitir isso, mas daqui, não tem como voltar atrás.

Tudo que aconteceu a cinco anos atrás tinha se rastejado como uma sombra os seguindo através do tempo, esperando apenas o momento certo para estar de volta e imergi-los naquele oceano intenso, era como se independente de onde eles fossem ou quanto anos se passassem, em algum momento aquilo viria a tona e estariam na exata situação que se encontram no agora, para aceitar aquilo como um fato ambos irmãos tinham que apenas admitir algo que ainda negavam e negariam até ser inevitável.

— Devemos parar com esse efeito dominó — Cheng olha para o céu — Se essas peças continuarem caindo, alguém vai se machucar no final. Em algum momento, isso vai se virar contra nós mesmos.

— Está com medo de se apaixonar por Lan Xichen? — a uma certa afirmação por trás daquelas palavras — Por isso quer parar?

— Não quero me condenar, mesmo que eu já esteja condenado — um longo suspiro escapou de sua boca — Aquele homem não pretende me deixar, uma vez que aceite seus beijos e seus toques, ele vai apenas continuar até que um de nós dois estejamos nisso fundo o suficiente, em um ponto que seja difícil sair — seus olhos violetas voltam-se a Wei — Não está com medo?

Medo? Ele deveria estar, deveria estar fugindo para longe, mas permanecia no mesmo lugar, avançando contra aqueles belos olhos dourados, incansavelmente.

— Não tenho uma resposta sobre o que está acontecendo, entre eu e Wangji — se afasta da janela — Posso dizer que isso é só algo banal, mas sei que não é, nem para mim e muito menos para ele. Só que...ainda não posso falar com certeza...não tenho uma resposta.

— Vai continuar desafiando ele? Wei, ele parou toda a cidade desde que anunciou esse baile — sua voz soa exasperada — Ninguém entende o que porra ele ta fazendo, ainda assim todos parecem tensos, com medo, perguntando o que diabos Lan Wangji pretende assumindo tamanho risco — passa suas mãos em seu cabelo, a uma certa raiva e talvez um pingo nervosismo — Ir contra ele é loucura.

— Sabe o grande problema dessa cidade? Sabe porque tudo está assim? — diz sem encará-lo, ajeitando seu sobretudo para que possa sair — Ninguém nunca teve coragem de questionar o ministério, e a única pessoa que fez isso é tratada como um louco. Você diz que eu estou louco agora, sabe porque? — vira-se para encará-lo — Porque eu estou questionando Lan Wangji, algo que nem o ministério foi capaz de fazer.

Cheng não lhe dá uma resposta, apenas permanece em silêncio, aquela conversa tinha acabado ali.

— Estou saindo, não tenho hora para voltar — se aproxima e deixa um beijo na testa de Cheng, segurando sua face entre suas mãos logo em seguida — Vai haver um dia que me pedirá algo, e nesse dia farei o possível para realizar seu desejo. Confie em mim, irmão, apenas confie em mim.

O mais novo acena e ele se afasta após deixar mais um beijo em sua testa, Wei desce as escadas rapidamente passando pela frente do bar onde Norami dorme encostada sobre o balcão, ele observa aquela imagem sorrindo internamente aproximando-se para acariciar seus cabelos e beijar sua bochecha antes de finalmente sair, seus passos são calmo e certeiros, o caminho que usa é os dos becos da cidade, não quer seguido de alguma forma.

Seu irmão tem razão e ele sabe disso, mas não podia parar, precisava entender o que exatamente havia acontecido a cinco anos atrás e o que estava acontecendo agora, como tudo havia se tornado daquela forma quando manteve-se tanto tempo nas sombras? Levou todo aquele tempo para que fosse encontrado, tanto por Wangji quanto pelo ministério, desde então tudo virou de cabeça para baixo e ainda assim sentia que seu verdadeiro problema nunca foi realmente o Lan, e sim aqueles vermes, mas porque, porque ele? As joias eram coisas do passado, não tinha um motivo para que estivesse sendo perseguido daquela forma, o fato de que provavelmente o líder deles quer ele morto faria total sentido, se Wangji não o tivesse matado a um certo tempo.

Quem estava ocupando aquela cadeira agora, era seu verdadeiro inimigo?

Isso realmente importa? Qual é o valor que ele pode ter? Deus, Wei já não sabia o que pensar exatamente, apenas continuava tomando aquelas decisões estúpidas, voltar aquela mansão? Definitivamente, loucura.

Os portões da mansão Lan estavam atrás de si agora, tinha passado por eles com facilidade sem sequer ser notado, vagava pela parte de dentro da estrutura como se aquela fosse sua casa e não a de outra pessoa, porque estava ali? Bom, essa é uma pergunta que terá que tirar suas próprias conclusões, no momento concentre-se no fato de que ele está esgueirando-se pelo canto escuro do escritório de Wangji, sentando-se na cadeira de couro pesado esperando pela visão daqueles olhos dourados que queimam intensamente sempre o que veem.

Não demora muito para que a porta se abra, Wangji passa por ela tranquilamente seus olhos voltados para o chão ainda não o notam, Wei se permite sorrir quando é notado e uma certa surpresa cobre a face do outro.

— Quem diria — a voz aveludada diz — Wei Wuxian, você é mesmo bom nisso — sorri — E eu realmente fui abençoado pelos deuses.

Eles estão frente a frente, olhares conectados e um pequeno desejo correndo por suas veias. Aquilo sim, era um desafio de verdade.

Youngblood - WangXian.Onde histórias criam vida. Descubra agora