Isabela já havia retornado e eu estava há algumas horas escolhendo roupas com Joe. Que coisa mais entendiante.
— Eu gostei muito desse vestido, mas achei muito colorido, me dá dor de cabeça. Mas pensando por um lado, ele é diferente e conceitual. Irei levá-lo. - Reviro os olhos pela milésima vez em menos de 10 minutos.
Ela paga pela peça e saímos do shopping.
— Você demora horas pra escolher uma roupa só? Tá brincando? - Coloco o cinto de segurança.
— Sim. E tá tudo bem. - Não estava nada bem. Estou com fome e irritada.
— Eu mereço mesmo. Estou com fome, a gente nem almoçou. - Reclamo, saindo com o carro.
— Meu Deus como você está ranzinza, isso é porquê sua mulher teve que ir? - Alfineta.
— Deixa de ser boca aberta. - Reviro os olhos novamente. - Brad me mandou mensagem, hoje terá uma resenha e ele e os meninos querem que eu vá. - Comento.
— Vocês ainda se falam? - Ela estende a mão mexendo no painel do carro e ligando o bluetooth para conectar com seu celular, escolhendo uma música.
— Não. Vejo os storys deles, mas não conversávamos. - Eu tive muitos amigos na adolescência. Éramos como uma grande família mas quando me mudei, nos tornamos desconhecidos. — Ele viu meus status ontem e perguntou se eu havia retornado. Disse que Justin ficou animado e quer me ver. Acho isso estranho, até mesmo porque eles nunca procuraram saber sobre mim antes.
— Algumas pessoas são assim. Não fique triste, se não fosse importante provavelmente eles iriam ignorar a sua volta. Mas você que sabe. - É, talvez.
— Vai ficar em casa? Estou indo a casa do Ben ver a Chloe. Será que ela vai gostar do presente? - Pergunto nervosa enquanto paramos no sinal vermelho. Esse lugar é insuportável em relação ao trânsito, não sei pra que tantos sinais e tantos retornos.
— Claro que vai, eu que escolhi. - Sorri brincalhona. Ela é um saco! - Me deixe em casa, tenho um encontro hoje e preciso passar em um salão para ajeitar o cabelo.
— Humm... Um encontro? - Ela assente. — Posso saber com quem?
— Com o meu chefe. - Arregalei os olhos e ela solta uma risada.
— Você não muda mesmo. - Neguei com a cabeça sorrindo.
— Pois é, depois que você partiu meu coração virei uma cafajeste. - Solto uma risada nasal.
— Isso foi há tanto tempo... Você é uma sem vergonha mesmo, não tem como negar. - Eu e Joe ficamos quando éramos adolescentes. Tão curiosas e inconsequentes... Tivemos bons momentos mas, aquilo não era pra gente não. Fomos feitas para sermos amigas.
— Aliás, você é mesmo uma otaria! - Franzi o cenho sorrindo da sua bipolaridade.
— O que eu fiz dessa vez?
— Que mulher linda você foi arrumar! Sua esposa é magnífica, cretina! - Gargalho. Ela é mesmo uma comédia.
— Tire os olhos da minha mulher, se saia. - Rimos juntas.
— Mas sério. Ela me parece ser uma ótima pessoa, estou feliz por você. Queria te fazer uma pergunta. - Coloca as mãos nos lábios com uma certa incerteza em seu semblante.
— O que você fez? - Estaciono o carro em frente a calçada de sua casa. Coloco as mãos no colo esperando ela contar o que aconteceu dessa vez.
— Não fiz nada. Queria saber de você... Já sabe dela? - Franzi o cenho mais confusa ainda.