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 Coloquei a mochila nas costas e me olhei no espelho da sala antes de sair, eu tinha enormes olheiras roxas mas estava sem a menor vontade de tentar encobrir. Se essa minha busca não desse em nada eu ia usar um dinheiro que tinha guardado pra passar realmente uns dias fora, eu preciso ver pra crer, se eu deixar essa história de lado em alguns dias eu vou estar subindo pelas paredes de curiosidade. 

 A única coisa que me deixava em casa agora era a chave do carro, que eu não tinha ideia de onde tinha deixado... Até que me lembrei que o Drake foi pra empresa, deve ter ido com o carro, e é aí que eu me atraso, preciso do carro pra ir atrás das casas, se eu for de uber vai acabar saindo muito caro e não posso gastar dinheiro com isso agora.

A minha solução foi ligar para o Drake, mas infelizmente ele não me atendia, enquanto eu esperava resolvi comer alguma coisa já que não sabia quando eu teria tempo pra comer de novo. Peguei uma maçã na cozinha e sentei-me em um dos bancos da cozinha, abri a mochila que estava nas minhas costas e peguei um dos livros sobre a fundação da cidade. Quanto mais eu lia mais interessante era a história.

Por mais que a nossa cidade não fique nem próxima a Grécia, a maior parte dos moradores daqui tem descendência greco-romana, não consigo imaginar como essa gente veio parar aqui, no livro fala que os navios de exploração acabaram parando pelas redondezas, mas pelo que está escrito as famílias chegaram em diferentes épocas e sem nenhuma ligação entre elas, é uma grande coincidência que viessem para cá.

 Mesmo com a influência das religiões cristãs uma boa parte da população ainda acredita em deuses gregos, o que me soa engraçado já que pra mim se parece muito com história de dormir de criança.

O tempo foi passando, já era próximo do meio dia e o Drake ainda não tinha vindo para casa, eu precisava muito do carro e a ansiedade por começar estava me matando. Guardei as coisas dentro da mochila novamente e resolvi pegar um uber até a empresa, lá eu pegava o carro com ele e ele se virava de uber esses dias, eu claramente precisava mais do carro.

 A empresa era um prédio de cerca de 5 andares dividido em setores, o prédio era muito bonito, feito pra ser um prédio com arquitetura sustentável, a fachada era repleta de vegetação, tendo várias entradas, janelas sem espelho que não provocam reflexo e calor na cidade, cores claras pra resfriar o ambiente e utiliza luz solar. Eu dei algumas ideias na época da construção, sou muito orgulhosa de como se desenvolveu.

Eu não havia vindo ainda na empresa desde que meus pais faleceram, assim que o uber parou na porta eu senti um frio na espinha, mas tentei ignorar o máximo possível, quanto menos eu pensasse nessas coisas melhor seria. Desci do carro e caminhei até o prédio, eu conhecia todo mundo ali, a moça da recepção se chama Marie, nós sempre passávamos muito tempo conversando enquanto eu esperava sentada aqui embaixo meus pais saírem de reuniões no andar de cima. 

Ela ficou claramente surpresa ao me ver quando eu entrei no prédio, me olhou com os olhos arregalados mas logo soltou um sorriso meio sem graça, como se tentasse disfarçar.

"Olá, Marie. Quanto tempo! Como você está?"- Perguntei me encostando no balcão e sorrindo pra ela.

"Srta. Katherine, muito bom te ver! Vou muito bem, veio visitar a empresa?"- Ela perguntou e eu balancei as mãos com sinal de mais ou menos.

"Na verdade vim procurar o meu irmão, você sabe se ele está em reunião ou algo assim?"- Perguntei e ela me pediu pra esperar um minuto, em seguida ligou pra o andar de cima.

"Ele acabou de sair de uma reunião, quer que eu avise que a senhora está aqui?"- Ela perguntou e eu balancei a cabeça negativamente.

"Não precisa, eu vou subir"- Falei e ela sorriu pra mim.

Os quatro contos proibidos (primeiro conto)Onde histórias criam vida. Descubra agora