Capítulo 8

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"Friends"


Seu aniversário foi antes das férias, portanto teve tempo de sobra pra pensar em Heloísa. E só conseguia reviver o beijo em sua bochecha, a doçura dos lábios rosados encostados por segundos na sua bochecha – um dos toques mais doces que sentiu depois do abuso.

Vivia abraçada com Eduarda, as mãos eram quase sempre entrelaçadas e sempre sentavam perto uma da outra. Mas nada que ultrapassasse a amizade. Matilda achou que fosse além, não foi, e hoje em dia Eduarda namorava.

Elas foram amigas. Agiam como amigas enquanto Matilda alimentava um amor. Não se arrependia, pois Eduarda foi a primeira pessoa por quem se apaixonou loucamente depois do namoro; Eduarda foi a primeira pessoa depois de tudo o que tinha acontecido a fazer com que Matilda abrisse seu coração para o amor novamente.

Foi difícil. Mas ela realmente se abriu. Mudou seu jeito de agir e pensar pra tentar conquistá-la.

Não foi o suficiente. Às vezes o lugar, o tempo e a ocasião atrapalham. Às vezes só não é pra acontecer naquele momento com aquela pessoa. Isso sem contar fatos internos.

Matilda não sabia e nunca saberá o que se passava na cabeça de Eduarda. Ela estava apaixonada por um menino, e o que tem de errado? Só não aconteceu. E só entenderia tudo isso depois de muito tempo.

Porém Matilda era muito grata pela faísca de amor que Eduarda a proporcionou e, consequentemente, por tê-la ensinado a ser melhor com o próximo.

Agora sentiu um toque carinhoso de outra amiga sabendo que não era só amizade, pra ser mais sincera: elas sabiam que aquilo não seria só uma amizade. O beijo tinha um toque de que aconteceria mais e Matilda não queria se enganar de novo com isso.

Temor controlava seu corpo para a volta às aulas.

No retorno das aulas, a primeira coisa que notou foram as diversas pessoas agitadas. Eram corredores cheios, pessoas novas e outras já conhecidas conversando entre si, rindo e matando a saudade.

Matilda andava com agonia. Odiava ambientes lotados!

Encarou Eduarda que a cumprimentou e continuou rumo a sua sala. Na porta viu alguém que fez seu coração disparar.

Heloísa! Completamente linda! Seu mundo parou por milésimos de segundos.

Ela não havia virado pra olhá-la e Matilda torcia pra que não virasse mesmo. Encarava-a como uma boba. Resolveu voltar a andar e entrou na sala sem dizer “oi”. Abraçou algumas amigas e manteve-se em seu lugar esperando uma brecha pra abraçá-la. Isso não aconteceu. Não conseguiu abraçá-la o dia todo. Quase não conversou com Heloísa mesmo estudando na mesma sala.

Os dias passaram, se aproximaram mais um pouco, porém nada que fizessem com que a porta se abrisse pra Matilda.

Ela, diante disso, teve uma ideia.

Sempre lidou bem com a escrita. Ia mal em todo ano na matéria de português, mas sempre amou escrever. Gostava desde criança de criar historinhas de amor, gostava de escrever para seus pais e gostava de simplesmente escrever coisas aleatórias.

Aprendeu com Heloísa a amar ler. Tinha achado qual era seu gênero favorito e estava cada vez mais viciada. Mais viciada em conversar com Heloísa também.

Viciada em assuntos e dizer coisas que ela gostaria de ouvir. Viciada na Heloísa e nos seus olhos escuros que liam sua alma, a descobria por completo e a deixava sem jeito. Viciada ao ponto de sentir saudades do jeitinho dela quando ficavam mais de cinco minutos longe.

Seu sentimento só crescia. Sua vontade de tê-la estava ficando insuportável. E o pior! Estava na fase de descobrimento sexual e Heloísa mexia com si.

MatildaOnde histórias criam vida. Descubra agora