Capítulo 9

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"Amuleto"

Heloísa se encontrava quietinha, quase não conversou e dizia que era só cólica. A expressão dela ficou fechada o dia todo.

- Tomou remédio? - Matilda perguntou, e só viu um aceno com a cabeça.

A professora chamou a turma para outra sala pois iria passar um filme e todo mundo foi quase correndo, Matilda esperou Heloísa se sentar pra sentar logo do lado.

- O que quer que eu faça por você? - Perguntou, encarando-a fixamente. Heloísa apenas a olhou de volta com a expressão contraída de dor.

O ambiente estava escuro. Elas estavam no canto e suas amigas um pouco do lado, porém ainda distantes.

Matilda aproveitou pra colocar uma mecha de cabelo que estava caído atrás da orelha e deu um beijo rápido na testa dela, a puxou para seu peito e começou a acariciar mesmo sem que ela tenha pedido. Heloísa apertou as mãos em sua cintura e enfiou o rosto em seu pescoço, arrepiando-a.

Droga! Era sensível ali e Heloísa já causava muitas coisas em si sem nem encostar. Fingiu normalidade e continuou com o carinho por minutos.

Adorava tê-la em seus braços. Queria protegê-la de tudo que ameaçasse sua bondade ou felicidade - até mesmo uma cólica.

Heloísa era sua pessoa preciosa. Sua joia rara. Iria cuidar como nunca cuidou de ninguém.

- A Heloísa está parecendo um bebê! - Eduarda disse, e todas as outras olharam. Heloísa, envergonhada como sempre foi, só tentou esconder o rosto no pescoço alheio. O que fez Matilda se derreter mais.

Ela se derretia todos os dias pela Heloísa. Amava o jeito de andar; o jeito de conversar; o jeito de cantar - sim! Ela também cantava. A voz mais linda que Matilda já pôde ouvir.

Ela era completamente apaixonada. Corações podiam ser vistos em seus olhos sempre que Heloísa soltava a voz.

Encantadora. Espetacular. Divina.

A olhava como se fosse a coisa mais bonita do mundo.

Assim que a aula acabou, as duas se levantaram e seguiram para o intervalo. Heloísa estendeu a mão e Matilda a entrelaçou com a sua.

Seu coração disparava tanto! Um gesto tão simples mas que a fez explodir internamente.

Adorava a mão pequena de Heloísa, os dedos gordinhos e as unhas delicadamente pintadas.

Tudo nela soava como delicado.
Suave.
E gracioso.

Matilda começou a ter medo de magoá-la. Como poderia, de alguma forma, quebrar o coração de uma pessoa tão preciosa?

Jamais se perdoaria.

- Preciso te falar uma coisa. - Heloísa disse, parando de andar e a fazendo parar.

- Fale!

- Vamos sentar antes.

Elas seguiram para a grama, onde se sentaram uma de frente para outra.

Heloísa estava visivelmente nervosa. Os lábios tremiam, as mãos não paravam quietas e as bochechas estavam extremamente vermelhas.

Matilda não entendeu.

Insegurança a abateu. Será que ela tinha conhecido uma nova pessoa? Estava começando a gostar de alguém?

- Uma pessoa há um tempo falou que gostava de mim... - Heloísa começou.

Puta que pariu, de novo!

- Quem? - Matilda perguntou, sem controlar a curiosidade. Estava se sentindo tão mal, tão insuficiente.

MatildaOnde histórias criam vida. Descubra agora