Too close (pt 2)

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Quanto mais ouvia o coração daquele Eddie bater graciosamente contra o meu ouvido mais envolvida me sentia naquela história esquisita que nenhum de nós conhecia por inteiro e que eu desejava desesperadamente explorar. O rapaz que eu abraçava me trazia segurança, algo dentro de mim parecia gritar avisando que ele era algo importante que eu estava esquecendo, e isso doía muito, mesmo que diante de mim naquele momento ele não passasse de um estranho com quem troquei poucas palavras num único dia por acaso.

Mas aquela mesma coisa dentro de mim descansava na certeza de que aquele rapaz me conhecia melhor do que eu mesma, e me deixava maluca não conseguir explicar esse sentimento.

- Ok, eu preciso ir. - tirei meu corpo do dele, com medo de me perder naquilo e sentindo o coração partir quando sua reação foi um "ok" muito baixo.

Dei alguns passos para longe dele mas não tinha para onde ir.

- Espera - ele chamou. - eu sei de mais uma coisa.

Me virei de volta para ouvir.

- Eu e você nos falamos por ligação antes de... - Eddie mexeu as mãos indicando o ambiente. - toda essa loucura começar, certo?

Fiz que sim. É claro, a pessoa misteriosa com quem conversei por chamada de voz antes da primeira viagem pro passado, tinha que ser ele. Se aquele questionamento também existia em sua mente só havia uma possibilidade: aquele Eddie do futuro também estava passando pela mesma experiência que eu, com viagens no tempo e lapsos de memória acompanhado de outra Mary pertencente àquela época.

Explicamos um ao outro sobre a lembrança disfarçada de sonho da noite anterior e ele confirmou que também estava metido no mesmo tipo de aventura que eu, inclusive que ele tinha magicamente aparecido naquele cenário da mesma forma que eu - o que me fez questionar se eu fui responsável por isso ou só estava no lugar certo e na hora certa.

- Quer dizer que a gente se fala desde aquele dia até hoje? - ele fez uma careta e cruzou os braços. - isso dá quatro anos, é tempo pra cacete.

Disso eu não fazia ideia.

- Hum, acho que não - respondi. - eu me lembraria de ter mantido uma amizade por tanto tempo com o primeiro menino de quem gostei na vida.

Eddie desfez a pose no mesmo instante e se aproximou, voltando a reduzir a distância entre nós a um só passo.

- Eu? - apontou para o próprio peito incrédulo enquanto inclinava o corpo para a frente. - não, cê tá brincando?

Neguei com a cabeça sem entender o motivo da surpresa, nós éramos muito jovens e aquilo fazia muito tempo.

- É, você tocou bem pra caramba e eu fiquei... - procurei pela palavra certa enquanto ele receava com os olhos cerrados. - apaixonadinha, não foi nada demais.

Francamente, "apaixonadinha"?

Quer dizer, alguma coisa tinha significado, porque inventei até de dar o meu número pra ele e isso passava muito longe de ser algo do meu feitio.

Vi ele sorrir e guardar as mãos no bolso novamente muito satisfeito e não pude evitar de sorrir de volta para ele - era Eddie também, afinal. O jeito como inclinava o rosto bem feito e fazia expressões enquanto eu falava, a mania de molhar os lábios, as mãos bonitas e aqueles olhos incrivelmente pretos e meigos - era o conjunto da minha perdição.

- E se eu te disser, Mary - ele começou, seu sorriso reaparecendo aos poucos. - que eu também te achei bastante amável naquele dia?

Murmurei "ah, é?" e ele acenou com a cabeça, confirmando de braços cruzados.

A Glimpse Of Us | Eddie MunsonOnde histórias criam vida. Descubra agora