The night we met

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Demorei um instante até descobrir onde estava, mas percebi finalmente depois de analisar ao redor que era o ginásio do Hawkins High. A cidade não era muito grande, por isso poucas pessoas amontoavam-se ali aguardando o inicio da próxima apresentação artística, não me perguntei o que estava fazendo ali e nem como eu sabia disso, apenas observei jovens e crianças ansiosas por sua vez de subir ao palco, metidos num programa que promovia esse tipo de evento para incentivar a arte ou algo assim.

Então me dei conta do que era aquilo, ou de quando era aquilo. Se estivesse certa eu estava na metade do primeiro ano e tinha optado por cantar em vez de algo que eu realmente gostava, que era o desenho. Era a noite que eu havia recordado quando conversei com Eddie, no dia em que me apaixonei pelo carinha guitarrista com o mesmo nome dele.

Felizmente minha vez já havia passado àquele ponto, então eu caminhava com alguns amigos pelas exposições de pintura me imaginando no lugar dos responsáveis por elas.

- Eu soube que é filho do casal que fundou o evento - ouvi Nancy dizer ao meu lado. - eles vieram de Lenora só pra isso.

- Será que ele vai tocar? - Robin sussurrou. - ele nem é daqui.

As duas cochichavam sobre um rapaz desconhecido que sentava sozinho próximo dali, tentei olhar para ele e sua imagem era borrada. Mas lá estava ele, o meu crush rockeiro de outra cidade.

- Mary, vai lá e pergunta o nome dele - Robin pediu.

- E por quê eu? - perguntei.

- Porque a Nancy namora, o Steve pegaria de gay oferecido e eu não sei quando parar de falar, seria um vexame - ela disse rápido demais. - anda, você é a mais normal.

- Aposto que também tá curiosa - Nancy empurrou meu ombro de leve.

Olhei para ele de novo, tudo o que conseguia distinguir era a guitarra na qual ele dedilhava preguiçosamente. Me lembrava daquele diálogo e tinha certeza de que por alguma razão acabei cedendo ao pedido e fui falar com o garoto, o que não parecia nada comigo, então tentei mudar o roteiro daquela memória.

- Não posso só abordar um estranho assim do nada - eu disse, mas imediatamente lembrei que também tinha protestado na primeira vez em que aquilo aconteceu.

Vi Nancy se afastar até a exposição um garoto, retornando com um pequeno bloco e um lápis. É claro que eu tinha feito um desenho, que previsível, Marilyn.

Encarei os objetos por um tempo, começando a ficar apavorada por não saber como tinha ido parar ali, se estava só sonhando ou era mais uma viagem maluca e principalmente se conseguiria voltar para Eddie depois.

Decidi não desenhar nada no papel e entrega-lo limpo ao rapaz, só para testar aquela encenação. Nancy e Robin vibravam ansiosas enquanto eu ia em sua direção.

- Com licença - eu disse me aproximando dele, não sabia o que deveria dizer para as coisas seguirem no rumo certo. - fiz pra você.

Era muito esquisito estar perto dele e não conseguir identificar sua aparência, como um borrão sem forma e sem voz especifica apesar de palavras saírem dele e eu entender todas.

- Caraca - ele disse olhando o papel. - que foda, valeu mesmo.

Não fazia ideia do que dizer em seguida, então optei por ser aleatória já que não estava ali de verdade.

- É nepotismo ser incluído nos negócios da família sem um processo justo como as outras crianças de Hawkins, sabia? - acusei. - seus pais não foram muito justos.

- Oh, você viu os meus pais? - falou surpreso. - se vir eles de novo avisa que tô procurando por eles faz, tipo... dez anos!

Encarei seu rosto desfocado, sem reação.

A Glimpse Of Us | Eddie MunsonOnde histórias criam vida. Descubra agora