Capitulo 7 - Ver Para Além

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"O meu pai acabara de ser diagnosticado com cancro na garganta.
Eu tinha ainda tenra idade para saber como lidar com a avalanche de informações que tudo aquilo trazia como consequência. Toda a dor, o sofrimento, o medo, o desespero. Eu era ainda muito nova e já a vida me tinha tirado a oportunidade de ser adolescente sem preocupações. Fui forçada a crescer pela porrada que a vida me deu naquele dia.

-Logo logo eu já vou para casa, vai ficar tudo bem, filhota. - ele diz acariciando a minha bochecha e eu sorrio, segurando as lágrimas a todo o custo. - Cuida da tua mãe e do teu irmão por mim enquanto cá estou. E, acima de tudo, cuida de ti e não te preocupes.

Eu pego na sua mão e sussurro um "Boa noite, te amo." depois de sair da sala juntamente com a minha mãe depois da hora de visitas ter terminado.
O caminho até ao parque de estacionamento foi silencioso. Um silêncio doloroso, a cada passo parte de mim ia se quebrando.
Sento-me no carro, dando espaço a mim mesma para poder respirar fundo sem me preocupar em não chorar à frente do meu pai.

-Lou... - a minha mãe acaricia a minha coxa e assim que olho para ela desabo em choro nos seus braços e ela nos meus.

-Mãe, eu estou tão assustada."

--//--

-Mãe! - chamo-a assim que entro em casa

-Lou? - ela suspeita da minha presença, mas vem ter comigo - Minha linda, que bom que estás aqui! - ela vem abraçar-me

Abraço-a de força, permitindo-me sentir o conforto dos braços dela que sempre me confortaram.
Sempre fui muito próxima à minha mãe e então desde que o meu pai ficou doente ficámos ainda mais próximas.

-Como é que está o pai? - questiono e vejo que o semblante dela não parece agradável

- Já sabes como é...

O meu coração parece ficar apertado mais uma vez, isto acontecia sempre que me lembrava da condição de saúde de meu pai. Ele não caminhava para melhor e isso era cada vez mais preocupante. Já lidava com isto face alguns anos, mas a situação nunca esteve tão mais agravada.

-Lou? - olho para a voz que vem da porta do escritório do meu pai

-Maverick? Que fazes aqui? - questiono

-Vim falar com o meu fiel asa, ora essa. - ele vem até mim e estende os braços - Aqui já não sou teu capitão então anda cá, não tive a oportunidade de te abraçar ainda.

Sorrio e vou até ele que me envolve num abraço caloroso de saudades. Maverick viu-me crescer por voar muito com o meu pai e, por isso, ele também se havia tornado um dos meus maiores exemplos, quase como um ídolo. Sempre nutri um carinho imenso por ele e por tudo o que ele já fez por mim.

-Meu Deus, como tu estás crescida. - ele afasta-se para me olhar e de seguida olha para o meu pai que está na porta do escritório a observar-nos - É das melhores que tenho naquela turma, faz-me até lembrar alguém. - o meu pai sorri

-Até parece. - digo envergonhada

-Vai lá falar com o teu velhote que ele está curioso pra saber de todo. - ele faz um pequeno carinho no meu cabelo - Depois dou-te boleia até à academia.

-Obrigada, Mav. - vou até ao meu pai para o cumprimentar também.

Este dá-me um grande abraço, junto com um beijo na testa e deixa-me entrar no escritório seguido dele.

"E essa carita? O que é que te preocupa, minha filha?" - ele digita

-Isto tem sido mais difícil do que eu pensava. - atiro-me para trás na poltrona - A missão é muito perigosa e as pessoas envolvidas não estão a ajudar.

TopGun - A Ascensão De AlaskaOnde histórias criam vida. Descubra agora