"A primeira vez que voei sozinha tinha eu acabado de fazer 18 anos. Nunca tinha tido uma única aula de como o fazer, apenas sabia por causa do meu pai. A genética que me corria nas veias ajudava-me a acolher aquilo como conhecido e o facto de ter passado a infância toda a observar o meu pai a fazê-lo ajudava.
A minha mãe sempre quis que eu seguisse os meus sonhos, mas consegui perceber tudo aquilo que sentia quando lhe contei aquilo que pretendia fazer para a vida.
"-Ah Louise, isso é tão perigoso, querida..."
Percebo o medo.
Na verdade, agora, depois de alguns anos e experiências, percebo.
Percebo o medo da tragédia, o receio de acidentes, a dor de não saber se será a última vez que veremos a pessoa e a teremos nos braços.
Antes não o percebia.
Achava exagerado, até tolo, tal drama."Se o pai já o fez porque é que eu não posso também?"
O meu pai intervenha nestas conversas sempre do meu lado. Ele sabia a filha que tinha e sabia que esta tinha 100% da mesma dedicação e sonho que ele.
Embora a minha mãe receasse pela minha segurança, eu sabia que estava segura, estava onde queria, com quem queria, da maneira que queria."O céu vai sempre protegê-la, meu amor"
--//--
-Tenentes! Preparem-se. - chamam
-Ouve, tens de me prometer uma coisa. - ouço atentamente - Se eu ficar para trás não voltes, se me acontecer alguma coisa, segue caminho e ouve o Maverick, segue as instruções do almirante e aconteça o que acontecer, tens de chegar viva.
-Estás bem a ouvir o que me estás a pedir? Isso é de loucos... - protesto pois não consigo encontrar sentido no seu pedido
-Liz, promete-me isso. Promete-me que vais chegar em segurança.
-Eu vou. - entrelaço as suas mãos às minhas. - Mas tu também chegas vivo, comigo. - ele parece querer argumentar com a minha proposta mas não o faz. Ao invés disso, fecha os olhos contra a minha testa
-Eu juro, se algum de nós tiver de morrer hoje. Que seja eu...
-Bradley, não digas isso. - a minha voz treme ao sair com medo do que ele possa dizer vir a ser verdade
-Porque eu não vou suportar a dor de viver sem ti por mais tempo. - Diz e em seguida deposita um beijo na minha testa e volta a olhar pra mim - Aconteça o que acontecer a partir de agora, quero que saibas que te amo, pequena. Sempre amei, sempre vou.
-Cala-te, vais ter muito tempo para me dizeres isso depois da missão.
Ele sorri e dolorosamente afastamos-nos um do outro para cada um ir para o seu respectivo avião.
O medo volta.
É como se ele nunca fugisse na verdade.
Mentia a mim mesma, tentava enganar-me mas ele sempre esteve ali presente.
Se eu não tivesse de demonstrar tanta resistência, com certeza eu já estaria a tremer ou até já teria entrado em pânico.Era o começo da manhã.
O céu estava limpo, sem qualquer tipo de nuvens, dava para ver por completo o início do nascer do sol de onde estávamos. Era sem dúvida das mais belas paisagens que eu já tinha visto. Talvez fosse a última que veria, mas não era algo em que queria pensar naquele momento.
Sorrio ao me lembrar que o meu pai observa-me onde quer que esteja neste momento, percebo que talvez esteja a dar-lhe o orgulho que sempre lhe quis dar em vida, embora ele tivesse partido cedo demais para ter a chance de vivênciar isso.Vou para perto do meu avião, espero que a equipa técnica prepare tudo para que eu e a Phoenix possamos entrar.
-É agora ou nunca, Nat. - digo-lhe
O seu olhar parece distante, como se se tivesse a concentrar em algo para que isso lhe desviasse as atenções do nervosismo e ansiedade que sentia.
Phoenix não era de demonstrar sentimentos à frente das pessoas. Bem, não quando essas pessoas se tratavam de bem. Sempre fomos totalmente honestas uma com a outra e sabíamos identificar quando algo está errado.-Ei, vai ficar tudo bem. - seguro na sua mão e ela finalmente olha para mim
-É uma missão suicida, 'Laska! Não vamos sair daqui vivos.
-Ele conseguiu! - aponto com a cabeça para a direção do Maverick que olha para o mar. - Não és tu que dizes sempre que o que eles fazem nós também conseguimos fazer? Nós também conseguimos.
-Não sei... - passa as mãos pelo o rosto
-Ouve. - faço com que olhe para mim - Eu e tu sempre e para sempre, lembraste? Sempre. - aperto os seus ombros - Se nós cairmos, caímos juntas. Mas isso não vai acontecer. Tu consegues. Nós conseguimos. Certo?
-Certo. - ela diz, hesitante mas faz-se acreditar nas suas palavras
-Agora vamos mostrar a estes homens quem é que manda nesta porra de missão. - sorrio e ela o faz de volta, juntamente com um abraço
-Eu odeio admitir estas coisas, mas tu foste a melhor pessoa que eu poderia ter conhecido. - rio-me com a sua afirmação, mas no fundo sei que é recíproco
Entramos no avião e começamos a preparar tudo para a descolagem. A torre de controlo confirma a sincronização com o meu radar e com o de Fanboy e, por último, confirma que todos estão a postos para descolar. Phoenix e eu fazemos, simultaneamente sinal com os dois dedos para que baixem a proteção da cabine, assinalando que já estávamos em segurança.
-Dagger 3?
Olho uma última vez para o avião do asa, Rooster devolve o olhar e todo o meu corpo arrepia com as lembranças de tudo aquilo que me acabara de dizer à minutos.
Não era hora para aquilo, eu sabia, mas eu não conseguia evitar em pensar em tudo o que tínhamos falado e discutido. Era um assunto "sensível para mim".
O Rooster sempre foi um tópico sensível.
Sempre foi o meu ponto fraco.Tendo isto em conta, muitos se questionariam porque é que, mesmo depois de uma conversa daquelas, depois de todas aquelas confissões e abraços, eu entraria no avião e seguiria caminho para uma missão que possivelmente me mataria, a mim e a ele. A verdade é que, para mim, a resposta era mais que óbvia.
Uma vez disseram-me que, profetiza do já há muitos anos por escritores romancistas como Shakespeare, pode-se considerar que o amor é o ato de suicídio mais teatral que alguma vez já existiu.
E eu?
Eu sempre fui fã da arte.-Dagger 2, pronto e apostos.
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TopGun - A Ascensão De Alaska
Fanfiction"Tu és o criador do teu próprio mérito." Apenas 1% dos pilotos tem a chance de alcançar a TopGun, sendo estes os melhores dos melhores. A luta pelo título de ser o melhor, a ambição de querer alcançar sempre mais e, acima de tudo, as ganas de vencer...