Capitulo 23 - Céu

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"O ar parecia cada vez mais difícil de conseguir e os soluços de choro não cooperavam com a minha tentativa de respirar calmamente.

O meu pai tinha sido internado urgentemente no hospital.
Outra vez.
Pior que da última.

Nem olhei para o relógio quando recebi a chamada. Apenas vim para o átrio para não acordar a Phoenix com o barulho e depois que recebi a notícia os meus olhos estavam demasiado cheios de lágrimas para conseguir ser capaz de olhar para ver que horas eram.
Estava sentada no chão gélido, de joelhos ao peito em plena crise de choro. Desesperada pela saúde do meu pai.

-Alaska? - ouço uma voz masculina chamar por mim na entrada, esta aproxima-se de mim - Estás a chorar?

-Sai daqui, Hangman.

Ele agacha-se para ficar ao meu nível e perceber o que se passa.

-Qual foi a parte do "Sai daqui" que não entendeste?

-Eu entendi, mas podes ter a certeza que não te vou deixar aqui. - ele pousa uma das mãos no meu braço - Anda, vamos para dentro. - nego com a cabeça a sua proposta e a vontade de choro volta a atacar-me, mas desta vez, ele abraça-me e permite-me desabar nos seus braços.

Ele não dizia nada, na verdade, nem precisava dizer. Só queria o ter ali e garantir que não me largava tão cedo.

-Eu estou com tanto medo... - sussurro porque não sou capaz de o dizer alto

-Queres me dizer o que se passa? - questiona

-O meu pai acabou de dar entrada nas urgências, mais uma vez... Ele está cada vez pior.

Ele torna-me a abraçar, mas desta vez com mais compaixão, se é que isso era sequer possível da parte dele.

-Eu lamento imenso por isso, 'Laska.

-Tenho tanto medo que por estar longe não me possa despedir dele. - suspiro

-E porque é que não vais ter com ele e com a tua mãe lá?

-Não tenho carro cá e a Central de autocarros não tem horário a estas horas.

Ele rapidamente levanta-se, tira a sweat lisa branca que usa e estende-ma, ficando apenas com a t-shirt da marinha e umas calças de pijama quadradas vestidas.

-Veste-te e vamos.

-Para onde? - Limpo as lágrimas e pego de levo na sua camisola

-Vou te levar lá. E só volto para cá contigo. Nem que lá fique uma semana. - diz - Anda.

-Hangman eu... Eu não... - hesito

-Anda e cala-te, friorenta. - ele abraça-me pelos ombros e leva-me com ele em direção ao seu carro.

--//--

-Qual é a situação, chefe? - questiono

-Eles estão prestes a ficar sem combustível e os recursos de combate já acabaram. O avião é demasiado velho e não os permite ejetar. O tempo é escasso, tenentes. Hajam rápido.

-Tentaremos. - Hangman diz

-Tens algum plano? - pergunto a Hangman

-Até que ponto consegues desviar a atenção deles para ti para eu o puder atacar?

-'Xa comigo. - faço sinal de dois dedos para que baixem a cabine e continuo a tremer a perna à espera da ordem de descolagem.

O céu estava claro e sem nuvens, embora estivesse uma manhã muito fria. Pelo o meu instinto a natureza ameaçava nevar.
Desde que o meu pai havia falecido que ganhei o costume de prestar mais atenção ao céu, principalmente em momentos quando a ajuda dele me podia ser preciosa caso ele cá estivesse.
Contenho os meus pensamentos e tento focar-me 100% na missão de salvar os meus colegas, afinal, estava nas nossas mãos o bem suceder da operação.

-Lu? - ele chama-me pelo rádio

-Sim?

-Se alguma coisa acontecer...

-Pelo amor de Deus, cala-te. - digo e ele ri - Não quero ter esta conversa contigo. Quando chegarmos a terra falámos.

-Está bem, friorenta, só ia dizer que te amava. Calma. - ele diz descontraído e sorridente enquanto prepara a cabine para partir

-Como...? - arregalo os olhos ao que ele disse

Sou interrompida e não tenho tempo de lhe questionar o que acabou de dizer quando no nosso rádio soa o aviso de que podemos descolar.

-Salvo pelo almirante. - sussurra

Descolamos em segurança

-Consegues vê-los? - ele questiona

-Ainda não, vou avançar mais um bocado. - continuo a sobrevoar a área até encontra-los

-Alaska! 130 Noroeste.

Olho para a direção que Hangman indica e consigo ver um avião inimigo a perseguir um velho f-14. Com duas pessoas dentro.
A aeronave inimiga tinha total mira para acertar os nossos colegas e se não agissemos em breve as coisas podiam não acabar da melhor forma.

-Ele está a preparar para atacá-los temos de agir agora. - digo

-Desvia a atenção dele para ti , eu ataco-o sem ele me ver.

-Queres eu literalmente me mate? - questiono indignada

-Confia em mim, Louise, e confia em ti mesma. Tu consegues fazer isto.

Suspiro fundo e abaixo a altitude do avião já com uma ideia daquilo que queria fazer. Rapidamente subo a pique, passando no meio da aeronave inimiga e do f-14 que sobrevoava com Maverick e Rooster lá dentro. O avião inimigo estremece fazendo com que a sua mira se baralhe e saia do radar deles.

-Okay, Jake, ele está comigo. Faz as tuas merdas de piloto e tira-me daqui.

-A caminho.

Continuo a manobrar o máximo possível para que Jake consiga aproximar-se para o abater.
Quando fico a uma distância considerável do inimigo sinto uma pequena tremida no meu avião seguida de um barulho abafado.
Olho para trás e vejo a aeronave atrás de mim em chamas.

-Conseguiste! - digo intusiasmada

-Conseguimos, Lu. Conseguimos. - ele coloca o avião ao meu lado e conseguimos verificar que apenas agora foi possível estabelecer uma conexão com os rádios do Maverick e do Rooster - Vamos zoar com a cara deles? - ri

Rio-me sozinha da sua atitude.
Ao mesmo tempo um grande alívio espalha-se por mim. Tudo tinha acabado bem e finalmente podíamos voltar em segurança para terra, para as nossas famílias e para os nossos amigos. Mas não sem antes...

-Saudações senhores passageiros, aqui é o vosso capitão Hangman a falar. Por favor verifiquem se as suas cadeiras estão na posição inicial e mantenham as mesinhas fechadas.

-Em caso de emergência, existem 2 portas laterais e 2 ao fim do corredor. E acima de tudo mantenham a calma. Porque os melhores pilotos acabaram de vos salvar o cu. - completo e sorrio e os demais riem-se com o que ambos dissemos

-É bom ver-vos, meninos. - Maverick diz entre risos. - Agora vamos aterrar.

-Não tens senso nenhum de humor, Maverick. - digo


TopGun - A Ascensão De AlaskaOnde histórias criam vida. Descubra agora