Capítulo 25 - Chance

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O meu nome é chamado pelo orador e eu ajeito o meu uniforme assim que me levanto para subir ao palanque.
Eu sonhava desde pequena com este dia.
O dia em que finalmente iria me formar e poderia oficialmente começar a seguir os passos do meu pai para ser como ele um dia.
Ia poder oficialmente dizer que sou piloto.

-Louise Maranello Kazansky, a nossa menina Alaska, que tenhas um futuro imensamente brilhante e intenso pela frente. - o Almirante diz enquanto coloca a medalha no meu uniforme - Aqui entre nós, tenho a certeza que terás. - sussurra e sorri

Aquele almirante sabia, melhor que muitos, da minha paixão por aquilo e o quão eu queria suceder naquele ramo.
Eu seria capaz de fazer de tudo para chegar onde quero, ultrapassando todos os obstáculos e, se necessário, pisando quem estivesse no meu caminho.
Talvez soe egoísta, mas se houve coisa que aprendi em todos estes anos foi que não podemos ser bondosos em todas as situações, sempre haverá quem deseje nos atirar de um penhasco para suceder. Por vezes não é justo, mas precisamos fazer o mesmo. Não para viver, mas para sobreviver.

Eis a lei número um de voar.
Sobreviver, apenas.

Sorrio para ele e aceno positivamente com a cabeça.
Olho em seguida para a plateia e vejo o meu irmão e a minha mãe sentados em frente a aplaudir intensamente, o meu pai está ao lado deles mas este está em pé, também a aplaudir mas também a chorar levemente com um grande sorriso no rosto que me faz também emocionar.

Isto é apenas o começo.

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Um tilintar de um talher num copo de vidro ecoa ao ar livre e chama a atenção de todos. O adulto responsável pela nossa equipa ergue-se da cadeira e inicia um breve discurso e por fim sugere um brinde ao sucesso da missão e ao sucesso das nossas carreiras.
O futuro ainda era muito incerto para todos nós. Queríamos continuar como uma equipa, mas na marinha nós quase nunca temos certeza do que está por acontecer.

Todos se levantam com os copos de vidro fino na mão, preparados para brindar ao nosso próprio êxito. A racha do meu vestido de tecido branco leve abre assim que o vento faz a saia esvoaçar. Estava agradável no parque em que estávamos a almoçar. A primavera contava os seus primeiros dias assim que nos despedimos do tempo gélido do inverno.

-A nós, pequenos gafanhotos da TopGun! - Fanboy ergue o copo e todos brindamos.

Os copos tilintam uns com os outros e pequenos sorrisos são esboçados por todos.
Viro-me para o rapaz do meu lado que ria livremente enquanto chocava o copo com o dos outros até chegar ao meu.
Na minha vez, brindou e esticou-se para alcançar o meu ouvido e sussurrar algo para este.

-Preciso falar contigo. Tem uma conversa que deixamos por acabar. - afaga a lateral do meu braço

Quando já todos estavam entretidos no fim de almoço, fosse a falar uns com os outros ou a passear pelos caminhos floridos do parque, Hangman pegou na minha mão sussurrando para que fosse com ele. Deixei-me levar pelos seus passos em direção a uma parte mais oculta, distante de onde estavam os demais.

-Isto está a matar-me, Lu. - ele diz passando a mão livre pela testa, deixando a outra enlaçada à minha - Não consigo mais fingir que não me importo. Fingir que não te quero de volta.

-Vens um bocadinho tarde. Era melhor se te tivesses pensado nisso tudo quando te puseste no caralho e me deixaste na merda, não? - retiro o contacto da minha mão da dele e cruzo os braços.

-Ouve, não há um dia em que eu não me arrepende disso. - suspira - No momento eu achei que era o melhor a se fazer...

-Era melhor para quem? Pra mim? Que tive de ver a pessoa que eu jurava ser o amor da minha vida virar-me as costas depois de me dizer na cara que não conseguia me amar o suficiente? - digo em tom alto

TopGun - A Ascensão De AlaskaOnde histórias criam vida. Descubra agora