"-Eras capaz de nunca mais me falar, algum dia?
-Tu és louca? - questiona-me
-Não sei, pode acontecer. - dou de ombros
Estava em casa do Bradley, ambos no sofá da sala, eu deitada nas pernas dele enquanto falávamos dos dramas habituais.
Era o meu aniversário de 16 anos e, como tradição que era, eu estava a passar a tarde em casa dele para mais à noite podermos ir sair para celebrar de verdade. Eu olhava para a pintura bem feita do teto da sala de estar enquanto pensava na sua resposta.
A casa dele era ligeiramente mais pequena que a minha, mas também bonita e aconchegante. Era quase como a minha segunda casa, uma vez que eu passava a vida lá.Não imaginava, em qualquer hipótese, um futuro sem o Bradley nele. Era a pessoa que nunca me podia faltar, em nenhuma situação, até nas mais impensáveis.
Eu sabia que a maneira como ele era importante para mim era recíproca, ao que a resposta que ele deu veio a confirmá-lo.-És a minha outra metade, Liz. - olha-me intensamente - Não quero nem pensar na possibilidade de não te ter mais do meu lado.
Havia algo naquele olhar que era diferente dos outros, mais intenso, mais sentimental, mais significativo, talvez, não sei.
Só sei que me aqueceu o coração ouvi-lo dizer aquilo.
Mas havia algo nele, que a partir desse dia começou a estar presente sempre. Não sei o quê, ou se existe sequer mesmo "algo", só sei que algo estava ligeiramente diferente. Era o mesmo Bradley, mas com um toque mudado, toque esse que eu estranhamente gostava.Ele estava tão perto do meu rosto que eu podia sentir o nervosismo da sua respiração. Na altura eu não entendia o porquê de ele estar assim. Talvez, fosse demasiado ingénua. A verdade é que eu apercebi-me que gostava daquela sensação de o ter por perto.
-Estás nervosa com alguma coisa? - questiona calmamente
-Não...?
-A tua respiração está rápida. - ele acaricia o meu cabelo e coloca uma mecha por detrás da orelha
É, talvez eu também estivesse.
--//--
O tão esperado dia da missão tinha chegado. Era agora ou nunca.
O dia que todos nós ansiavamos e treinamos para enfrentar.
Estávamos todos alinhados, já dentro do navio aeródromo, à espera da chegada do capitão para informar-nos da sua decisão quanto a quem levar como equipa.
Assim que ele chega, acompanhado do almirante, coloca-se à nossa frente para discursar.-Bom dia, aviadores. O tão esperado dia chegou. E agora cada um de vocês está treinado para entrar naqueles aviões e completar a missão com sucesso juntamente comigo como chefe de equipa. - dá uma vista geral a toda a turma - Tem sido um prazer voar com vocês.
Cada um que aqui está representa o melhor dos melhores. Esta missão é bastante especifica e a minha escolha é baseada em nada mais que isso.-Escolha duas equipas de foxtrot. - o almirante pede
-Payback e Fanboy. - estes respiram pesado ao ouvir os seus nomes - Phoenix e Alaska. - ambas trocamos olhares
-E o seu asa?
Hangman parecia confiante assim que foi mencionado que o Maverick escolhe e um asa. Sei que ele treinou semanas para que quando este monumento chegasse não restassem dúvidas ao capitão sobre quem escolher. O que ele não esperava era a sua resposta surpreendente e que mudou a sua expressão entusiasmada por total.
-Rooster.
As minhas sobrancelhas erguem-se e os meus olhos abrem-se ainda mais. Phoenix controla-se para não abrir a boca de surpresa e eu sigo completamente em choque com o que ouvi. Nada me preparava para esta resposta e pegou-me totalmente desprevenida.
-Não pode ser... - sussurro extremamente baixo
Ninguém parecia estar à espera de tal, nem mesmo Rooster, cujo o olhar parece estranhar o que acabou de ouvir.
-O restante ficará no porta-aviões, em posição de aguardo para o acaso de necessitarmos de ajuda de última hora. - o almirante alerta - Estão dispensados.
Os meus colegas, que não foram selecionados, vêm até nós para nos cumprimentar e desejar boa sorte para a missão. Ainda continuo incrédula e a ficha não cai sobre aquilo que está prestes a acontecer.
Parecia que este dia nunca mais chegava e agora finalmente estava aqui, depois de tanto treino, depois de tanto choro e suor. Era hora de pormos em prática tudo o que aprendemos e mostrar aquilo do qual somos feitos.
Hangman vem me cumprimentar e eu estendo-lhe a mão para o fazer, mas ele, ao invés disso, olha para cada um dos lados para ver se está livre de algum superior e puxa-me para um abraço.-O pior de tudo é eu não poder manter um olho em ti lá em cima. - acaricia a parte de trás da minha nuca com leveza - Tem cuidado e... - afasta-se para me olhar nos olhos - Tu vais voltar viva, friorenta. Nem que seja eu a ir te salvar contra as ordens do almirante.
(...)
Mal conseguia captar alguma coisa da revisão do plano que o almirante estava a fazer diante de nós. Só conseguia pensar em como eu queria sair viva dali e dar como terminada aquela missão com sucesso.
Tento disfarçar o nervosismo e a angústia de saber que a missão é quase suicida.
Respiro fundo. Uma, duas, três vezes. Resulta, mas brevemente.Quando acaba a explicação vamos finalmente embarcar.
Phoenix tem a mão entrelaçada na minha enquanto nos equipam. Ambas tentamos controlar ao máximo os tremores e respirações pesadas, mas as nossas mãos estão gélidas com o nervosismo e é impossível de esconder.Assim que caminho em direção ao avião, já Phoenix toma a dianteira de entrar primeiro. Fico mais para trás para ter alguns momentos para respirar fundo antes de entrar.
-Alaska! - chama-me
A última coisa que quero fazer no momento é discutir. Prefiro voar sabendo que ele está chateado comigo do que voar depois de ter discutido com ele. Conheço-me demasiado bem para saber o quão afetada fico depois de discussões. Então, ignoro.
-Podes por favor me ouvir?
Ignoro mais uma vez.
-Liz... - no momento em que ele me chama assim, eu paro.
A sua voz antes era autoritária, confiante e assim que ele chamou-me pela minha alcunha de criança, a sua voz parecia de súplica, tristeza. Não entendia porquê, simplesmente senti e por isso parei de andar, mesmo ficando de costas para ele.
Ele finalmente alcança-me e para atrás de mim.-O Maverick contou-me.
Puta. Que. Pariu...
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TopGun - A Ascensão De Alaska
Fanfiction"Tu és o criador do teu próprio mérito." Apenas 1% dos pilotos tem a chance de alcançar a TopGun, sendo estes os melhores dos melhores. A luta pelo título de ser o melhor, a ambição de querer alcançar sempre mais e, acima de tudo, as ganas de vencer...