• trinta

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B e r n a r d o

- Eu conheci um cara muito nova, eu tinha acabado de fazer 18 anos. - ela engoliu em seco. - na época eu ainda não tinha me relacionado com ninguém, e ele parecia ser ótimo, meus pais também gostavam dele. Só que ele não era tão legal como todo mundo via, depois de uns 2 meses juntos, ele começou a me cobrar uma coisa que eu não estava pronta pra fazer.

- Malu, não precisa contar com detalhes se não quiser. - ela negou.

- Mas eu preciso, você merece saber de tudo. - ela me encarou. - ele acabou me levando pra um jantar uma vez, e eu cometi o erro de ir com uma saia curta e uma blusa com muito decote, no começo ele me elogiou, mas depois eu acabei recebendo muitos olhares e ele não gostou de toda a atenção que eu chamei, ficou o jantar todo emburrado. Quando fomos embora ele ficou um pouco diferente, no carro ele apertou forte a minha coxa e eu não falei nada, afinal eu estava me sentindo culpada por ter deixado ele chateado. Ele perguntou se eu queria ir pra casa dele, fez uma chantagem emocional, falando que eu fazia essas coisas de propósito, mas que ele já estava cansado e que não acreditava mais que eu gostava tanto dele, como eu falava. Por fim, boba do jeito que eu era, eu aceitei ir, chegando lá ele me jogou mais dos papinhos dele, me fez sentir culpada por nunca ter acontecido nada ainda e eu acabei cedendo, acabou que em cima da hora eu desisti. - ela parou. - mas ele não quis saber disso.

- Malu, ele continuou sem a sua permissão? - ela confirmou com a cabeça.

Fechei os olhos e senti meu corpo todo tremer. Minha mente automaticamente já imagina mil e uma formas de tortura-lo.

- Eu tentei conversar com ele depois, na época eu achei que era coisa da minha cabeça e como tinha sido a minha primeira vez, imaginei que só tinha sido ruim por isso, mas ele se fez de vítima, disse que eu me ofereci pra ele e eu acabei acreditando que a culpa tinha sido minha. - as lágrimas escorreram pelo seu rosto. - eu continuei por muito tempo com ele, nunca consegui contar pra ninguém e nos últimos 2 anos eu tenho fugido dele, sempre que ele me encontra, eu fujo de novo.

- Malu, você não precisa fugir dessa vez. - passei a mão no seu rosto, limpando as lágrimas.

- Eu não quero fazer você passar por todo esse drama, você tem a Sam, não posso deixar vocês correndo perigo, ele é maluco, não sei do que ele é capaz.

- Ei. - a encarei nos olhos. - e ele não sabe do que EU sou capaz de fazer por vocês duas. Fica, não foge dessa vez. - implorei.

- Bernardo, eu.. - a interrompi.

- Por favor. - sussurrei perto do seu rosto. - eu te protejo, amor.

- E se ele.. - coloquei o dedo em seus lábios a impedindo de falar.

- shiiiu, esquece o e se. - ela pareceu pensar. - eu preciso de você, nós precisamos.

Ela me olhou nos olhos e seu olhar disse tudo, ela sorriu de canto e pude sentir seus lábios macios encostarem no meu.

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