• vinte um

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B e r n a r d o

- a empresa não é minha, é do meu pai.

- o que faz ser sua, eu imaginava que você era bem de vida por morar na cobertura, mas não sabia que era rico.

- eu não sou rico, meus pais são.

- isso é o tipo de coisa que gente rica fala, como eu não percebi isso, a casa da sua mãe é enorme, e... - a interrompi.

- Malu, respira. - eu ri.

- Bernardo, você é rico.

- você fala de mim, mas você também não tem pouco dinheiro, você mora no mesmo prédio que eu, só que não na cobertura.

- eu sou bem de vida, não rica como você.

- ah cala a boca. - ela riu.

- não me manda calar a boca. - ela me jogou pipoca.

- aé? - joguei nela de volta.

Isso iniciou uma guerra de pipoca que logo envolveu travesseiros, o resultado foi os dois jogados no chão no meio de toda aquela bagunça.

- você bagunçou tudo. - ela riu.

- desculpa.

- eu tô dizendo tudo mesmo, não só o meu quarto. - ela me encarou.

- Bernardo. - ela me repreendeu.

- é sério, eu não me relaciono com ninguém a 5 anos, ninguém conseguiu despertar o sentimento que a Laura deixou aqui dentro, eu não estou te comparando a ela, não entenda mal, mas é como se você fosse a minha segunda Laura, não que você seja segunda opção, mas, você me faz sentir o que eu sentia por ela. - ela ficou em silêncio. - desculpa, eu não queria falar na hora errada. - me sentei na cama.

- não, não é nada disso. - ela sentou ao meu lado. - eu só não sei como ter uma resposta pra isso, Bernardo, acabamos de nos conhecer. - ela riu.

- eu sei, é bobagem.

- para. - ela puxou meu rosto. - me escuta. Eu não estou dizendo que não sinto o mesmo, mesmo nunca tendo sentido isso, eu sei do que está falando, parece algo intenso, as vezes mais forte do que eu pareço suportar, isso é possível?

- o que?

- amar alguém que acabou de conhecer.

- eu não sei - acariciei seu rosto. - defina amar. - ela me encarou. - se amar é sempre querer ter você por perto, se é não conseguir controlar o sorriso bobo ao falar com você ou sobre você, sentir sua falta dois segundos depois que você sai, sentir um medo enorme só de pensar em não ter você mais com a gente. - respirei fundo. - dormir pensando em nós dois e imaginar possíveis e até impossíveis momentos juntos, ver em você a melhor pessoa para estar na minha vida e na vida da minha filha. Então sim, Malu, eu acho que é possível amar alguém que acabou de conhecer.

- Bernardo, eu... - ela sorriu. - eu acho que somos loucos, muito. - ela riu. - porque eu amo alguém que eu acabei de conhecer. - sorri.

Não falamos mais nada, apenas sorrimos como bobos e nos beijamos. Um beijo salgado por algumas lágrimas, um beijo intenso e cheio de amor. Se quiserem me chamar de louco, podem chamar, mas eu amo essa mulher demais. Ela tirou minha camisa e eu acabei a ajudando, fazendo o mesmo com a dela.

- você prometeu que não ia tentar nada. - ela riu.

- as vezes eu faço promessas que eu não posso cumprir, se acostume. - ela sorriu.

- cala a boca. - ela riu e me puxou para outro beijo.

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