• dezesseis

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B e r n a r d o

Destranquei minha porta e não encontrei Malu na sala, coloquei o gato no chão e andei em silêncio pela casa, passei pelo quarto da Sam e a vi, ela estava na cama dela, minha filha estava deitada em seu colo, fiquei parado atrás da porta.

- Malu, você gosta do meu papai? - minha filha foi direta.

- Samanta. - ela a repreendeu e riu.

- o que foi? eu só fiz uma pergunta.

- eu gosto do seu pai sim, ele é uma boa pessoa.

- não, mas eu quero dizer igual nos filmes de princesa, quando ela encontra um príncipe e eles ficam juntos.

- eu acabei de conhecer seu pai, Sam, isso dos filmes se chama amor, e é construído de acordo com o tempo.

- mas meu pai me contou que amou minha mamãe desde a primeira vez que viu ela. - sorri.

- tudo bem, o amor é construído de acordo com que os dois vão se conhecendo e gostando um do outro, as vezes é rápido e as vezes leva tempo.

- entendi. - Sam pareceu pensar. - vou esperar mais tempo pra te perguntar isso então. - Malu riu.

- mas por que a pergunta?

- porque outro dia o tio Augusto disse que o papai ta apaixonado por você. - arregalei os olhos.

Como eu estava desejando matar Augusto nessa hora. Samanta estava se referindo ao dia que ele chegou na casa da minha mãe e explanou pra Deus e o mundo que eu estava amando novamente. Exagerado como sempre.

Malu parecia surpresa, mas sorriu meio sem graça e Samanta permaneceu em silêncio. Após alguns minutos, quando eu estava decidido a entrar, Malu se pronunciou.

- sim, eu acho que gosto do seu pai. - sorri meio bobo. - Sam? - ela a olhou.

Samanta já tinha dormido novamente, Malu sorriu e depositou um beijo em sua testa, logo depois se levantou e veio em direção à porta. Merda.

Corri para o banheiro e me escondi atrás da porta, a olhei sair e ir em direção à sala. Respirei fundo e depois de alguns minutos fui a encontrar.

- oi. - disse a vendo olhar um porta retrato.

- você já voltou? não te ouvi entrar. - ela disse meio assustada.

- pois é, você estava no quarto da Sam.

- ah, me desculpe, é que ela acordou, aí eu.. - a interrompi.

- não, não, tudo bem, sem problemas. - sorri. - tá aí o invasor da sua casa. - apontei para o gato que estava brincando com alguma coisa no chão.

- aí meu Deus, que fofo. - ela o pegou no colo.

- a janela estava aberta, ele deve ter entrado por lá, e a porta você deve ter esquecido de fechar quando chegou, aliás não faça isso novamente.

- eu tô até com vergonha agora. - ela riu. - mil perdões, eu entrei em pânico, fiquei com medo e nem pensei duas vezes.

- tudo bem, quando precisar é só bater na porta, mesmo que seja pra matar uma barata. - ela sorriu.

Ela estava fazendo carinho no gato, enquanto eu a encarava, sem ela perceber, claro. Cada detalhe nela parecia ter sido feito especialmente pra ela, sabe? Ela me fazia sentir coisas que a tempos eu não sentia por ninguém. E eu estava assustado com tudo isso.

- melhor eu ir, muito obrigada pela ajuda e desculpa de novo, por ter te incomodado a essa hora.

- eu te levo até a porta. - nós andamos até a mesma. - se quiser ficar. - ela franziu a testa. - com o gato, eu quis dizer se quiser ficar com o gato, pode ficar, se o dono não procurar né.

- gostei dele, estava mesmo precisando de uma companhia naquele apartamento. - ela sorriu.

Aquele sorriso fazia meu coração bater mais rápido.

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