• três

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B e r n a r d o

- obrigado por virem senhores, mandamos a papelada logo pela manhã. - meu pai disse terminando a reunião.

Eu ia saindo junto dos outros homens, tentando me camuflar, coisa que foi impossível.

- você não. - meu pai disse me olhando nos olhos.

Pra falar a verdade a cara dele estava a pior de todas.

- pai, em minha defesa eu estava.. - ele me interrompeu.

- a Sam, vai usar a Samanta como desculpa. De novo? - ele cruzou os braços. - a culpa não é dela, Bernardo.

- e você acha que eu não sei? a culpa é minha. Eu que tenho que me virar nos 30 pra cuidar da Sam, não estou reclamando, mas cuidar de uma filha sozinho não é a coisa mais fácil do mundo. - eu disse e bufei.

Me sentei novamente e passei a mão no rosto, eu estava cansado, desgastado, não da Sam, mas de cuidar dela sozinho. Eu sintia falta da Laura.

- meu filho, eu sei que não é fácil mas ela depende de você. - ele sentou na minha frente. - eu te acho o homem mais forte do mundo, tenho muito orgulho de você. - o olhei atentamente.

- por que? você vive brigando comigo, eu vivo chegando atrasado na empresa, como você pode ter orgulho de mim?

- você aguentou a morte da Laura por causa da Samanta, mas esqueceu que você tinha o direito do luto também.

- o que você quer dizer com isso pai? - perguntei curioso.

- você a amava filho, só estou dizendo pra você sair, encher a cara e até talvez conhecer alguém. - é isso mesmo, meu pai queria que eu fizesse sexo? tá de brincadeira né.

- por que pra vocês tudo se resume em mulher?

- se não quiser tudo bem, não vou obrigar ninguém, mas encha a cara filho, saia, se divirta ou só encha a cara e afogue esse luto de uma vez por todas.

- pai, eu tenho uma filha de quase 5 anos, não tenho tempo pra "dar uma de bêbado". - disse entre aspas.

- tudo bem, só que quando a Sam crescer e perguntar o por que dela não ter mãe, não venha reclamar pra mim. - meu pai disse meio irritado.

- mãe ela tem, só que ela não pode estar presente aqui. O problema de vocês é achar que tudo se resolve tendo uma mulher do lado.

- tudo bem, Bernardo, não está mais aqui quem falou. - ele saiu da sala.

- droga! - taquei a pasta de documentos na mesa e passei as mãos no rosto.

Respirei fundo, arrumei os papéis e sai da sala de reuniões. Eu não sabia se estava certo ou errado, tudo bem, sair, beber, mas mulher? Eu não me envolvi com mulher nenhuma depois da Laura, não sei se estou pronto pra isso. O elevador abriu e entrei na minha sala.

- olha quem chegou, decidiu dar o ar da graça meu amor? - Augusto disse sentado na minha cadeira.

- Augusto, não começa. - disse jogando a papelada em um canto e me jogando no sofá.

- quer conversar amorzinho? - ele perguntou rindo. - ta, parei. - ele disse vendo a minha situação.

- não. - disse e encostei a cabeça no sofá, bufando em seguida.

- cara, você precisa de uma noite de homens. - ele disse e me tacou um lápis.

- mas que droga, por que todo mundo diz isso? - disse alto o suficiente para Augusto parar de rir e me olhar sério.

- porque você é homem, você sofreu uma perda inesperada, cria sozinho uma filha que é a cara da mãe, me diz a última vez que você saiu pra beber?

- não faz muito tempo, a última vez foi no.. - merda, faz bastante tempo.

- quando, Bernardo?

- no aniversário da Laura. - disse esfregando o rosto.

- a mais de cinco anos atrás, cara tu é bonito pra caralho, consegue uma mulher fácil.

- eu não quero mulher, eu admito que só preciso beber um pouco, sem sexo casual, sem prostituta, sem mulher alguma, só bebida.

- okay, te espero às 8:00PM no Pallace's.

- tudo bem, vocês conseguiram me encher o saco, eu vou, só não vou me envolver com ninguém.

- tudo bem, não vamos te obrigar a nada cara. - ele disse levantando a mão em sinal de rendição. - mas se algo acontecer a responsabilidade vai ser só sua, não me coloque a culpa depois.

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