• cinco

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B e r n a r d o

O relógio marcava 8:47PM, eu estava sentado no balcão do Pallace's, sem nenhum sinal do Augusto.

- o senhor deseja mais alguma coisa? - o garçom ofereceu.

- mais uma água com gás, por favor. - sorri e o mesmo se retirou.

Eu juro que eu mato o Augusto quando o encontrar.

- aqui está senhor. - o garçom deixou meu pedido.

- obrigado. - agradeci e dei um gole na água.

Esperei mais alguns minutos e nada dele apareceu, tentei ligar umas cinco vezes e só caia na caixa postal.

- sozinho? - ouvi uma voz feminina.

Olhei para o lado e me deparei com uma mulher loira, muito bem arrumada e com cara de quem sabia muito bem quem eu era.

- esperando um amigo. - sorri e bebi o último gole da minha água.

- estava me perguntando por que um homem tão bonito como você estava aqui sozinho, agora eu sei, gay. - ela riu e bebeu seu martine.

- não, eu não sou gay. - ela se surpreendeu. - é só um amigo mesmo.

- então, acho que é meu dia de sorte. - ela sorriu e se sentou ao meu lado. - prazer, Natasha.

- prazer, Bernardo. - sorri fraco.

- eu sei quem você é, o prazer é todo meu. - ela estendeu a mão e esperou que eu beijasse a mesma.

- bom, o papo foi bom, mas eu tenho que ir.

- nossa, mas tá cedo, não vai nem me pagar um drinque?

- eu preciso ir resolver algumas coisas. - me levantei mas ela segurou meu braço.

- meu número. - ela anotou em um guardanapo. - me liga pra gente conversar melhor. - ela sussurrou e eu ri.

Aham, conversar, sei. Sua cara dizia muita coisa, e nenhuma delas era sobre conversar.

- aqui. - tirei uma nota da carteira. - o meu e o da moça. - entreguei ao garçom. - pode ficar com o troco.

A mulher sorriu e me seguiu com os olhos, o guardanapo que ela me deu, fiz questão de jogar fora na primeira lixeira que achei.

- Augusto seu desgraçado. - disse pra mim mesmo antes de entrar no carro.

Entrei e respirei fundo, não nego que a mulher era muito bonita, seu corpo era bem atraente também, mas nada que me fizesse ir a loucura. Augusto me achava burro o suficiente pra acreditar que aquela mulher estava ali pelo simples acaso do destino? Ele só podia estar ficando doido.

Liguei o carro e me dirigi até a loja mais próxima, estacionei e fui pra área das bebidas, peguei três garrafas de whisky e fui até o caixa.

- vai fazer uma festa? - o atendente brincou.

- festa boa merece uma boa bebida. - paguei e sorri. - bom trabalho. - sai da loja.

××

As garrafas estavam em cima do balcão, eu estava determinado a beber todas elas de uma vez, só que antes eu precisava de um estímulo. Por muito tempo eu quis apenas pensar que a Laura foi pra algum lugar distante, ou que ela simplesmente nunca existiu.

É estranho se você parar pra pensar, mas eu não sou bom em lidar com o luto, da última vez que eu me deixei levar, eu sumi por 1 semana.

Desabotoei minha camisa e peguei uma garrafa, andei pela casa até parar em frente aquela porta, aquela porta que estava trancada a muito tempo. Dei um gole na garrafa e com ele veio um pouco da coragem, girei a maçaneta e as lembranças vieram na mesma hora.

×

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