• vinte quatro

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B e r n a r d o

Samanta estava com a minha mãe, minha irmã estava lá hoje, elas vieram buscar ela depois que a mesma chegou da escola, nenhuma das duas sabia o motivo, mas aposto que elas tinham seus palpites.

Peguei os pratos e coloquei em cima do balcão, pegando os talheres e copos em seguida. Hora de começar a montar a mesa. Coloquei tudo sobre a mesa que íamos jantar e encarei a Malu, ela estava com sua taça na mão, passeando pela sala e olhando a estante.

- ela era linda. - Malu disse olhando um porta retrato da Laura.

- sim, ela era, a gravidez deixou ela ainda mais. - Malu concordou.

Esse porta retrato foi ideia da Sam, ela disse que ter uma foto da mãe dela ali fazia ela feliz, por isso quis colocar junto com as outras fotos. Depois que arrumei o quarto de bagunça, muita coisa mudou.

- o amor de vocês era lindo, dava pra perceber de longe. - sorri. - olha, Bernardo, eu quero que saiba que eu respeito isso, ela veio antes de mim, ela é a mãe da sua filha, não posso competir com ela, nem quero, eu fico feliz em dividir o espaço. - ela veio até mim. - e com a Sam também. - ela riu.

- você é incrível. - eu disse quase como um sussurro. - uma mulher extraordinária. - ela sorriu.

- não elogia muito não, eu posso ficar mal acostumada.

- não tem problema, eu posso enaltecer a mulher incrível que você é todos os dias. - beijei sua testa.

- bobo. - ela colocou a taça na mesa.

- agora senta, já vou trazer o jantar. - deixei ela e voltei pra cozinha.

- vamos ver se você é isso tudo na cozinha mesmo. - ela gritou.

- vai me avaliar? - coloquei a travessa sobre a mesa.

- nota de 0 a 10. - eu ri.

××

- por que você não come outra vez? eu não me importo com isso.

- não, é mais legal roubar do seu. - ela deu uma garfada no meu prato e riu.

Sorri, ela tinha a mesma mania dela, era engraçado e um pouco assustador pela coincidência, mas eu nem ligava, pelo contrário.

- eai, qual vai ser minha nota? - perguntei ansioso.

- bom, eu vou te dar uma nota 10.0, mas é pelo pacote completo, porque eu também gostei do chef. - eu ri.

- o chef agradece e ele entra em contato com você. - ela riu.

- sério, estava muito bom.

- não percebeu minha saliva no meio não? eu cuspi no seu prato.

- nem ligo, essa saliva já é conhecida. - ela piscou.

- é? eu não tô me lembrando, será que você pode me ajudar?

- é pra já.

Ela se aproximou sorrindo, seu olhar era fixo no meu, sua mão repousou em minha bochecha e eu sorri, ela mordeu meu lábio e iniciou o beijo. Aquela mulher era pior que droga.

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