B e r n a r d o
Assim que chegamos em casa ela já quis começar a fazer os cookies, então eu guardei as compras e ficou sobre o balcão somente o que iríamos usar.
- papai, ela vai demorar? - Sam perguntou impaciente.
- eu não sei minha, filha. - disse misturando a bacia de massa.
- papai. - eu a olhei. - toma. - ela tacou uma mão de farinha no meu rosto.
- Samanta. - a gritei e ela começou a rir.
- você ta todo sujo. - disse em meio ao riso.
- tá achando engraçado é, vem cá então.
A peguei no colo e passei farinha nela também, a mesma fez uma careta mas logo começou a rir.
- viu como é bom? - ela negou.
- não é bom não. - ela riu.
- sem jogar farinha então. - ela concordou.
A campainha tocou e eu mandei Samanta mexer na massa, abri a porta e acabei esquecendo que estava todo sujo de farinha.
- olá senhor cobertura, pelo visto vocês já começaram. - ela riu.
- ah é, Samanta não aguentou e começou a fazer. - abri a porta. - olha a bagunça dela.
- tô vendo. - disse rindo. - que bagunça é essa Samanta? - a mesma olhou pra ela. - também quero participar. - ela foi até a Sam e se jogou farinha.
- papai, olha, ela tá suja também. - Sam disse rindo.
- agora eu também estou participando da bagunça. - ela piscou.
- tudo bem, chega de mexer isso Sam, hora das gotas de chocolate.
- ebaaa. - Sam gritou.
- tá no armário de baixo, pode pegar pra mim? - disse para a garota do 605.
Ela pegou e levou até Samanta, que despejou quase tudo na bacia.
- devagar, Sam, não precisa de tanto. - ela riu e a ajudou.
As duas começaram a colocar os cookies na forma e em meio às brincadeiras elas ficaram mais sujas ainda.
Colocamos a forma no forno e nos sentamos todos na bancada, um olhando pra cara do outro. Podia dizer que foi até meio constrangedor.- papai, vamos comer meu doce? - Samanta perguntou.
- filha, você tá comendo muito açúcar hoje, você não acha?
- não. - ela balançou a cabeça negando. - né vizinha?
- seu pai está certo, Sam, açúcar demais faz mal. - Samanta fez cara de triste.
- viu bravinha. - puxei o bico enorme que ela fez. - mas talvez.. - ela já abriu um sorriso.
- eeeeeee. - ela pulou da cadeira e correu pra pegar o pacote de doce.
- eu sinto que sou um pai bobão. - deitei a cabeça no balcão e pude ouvir sua risada.
- não, claro que não, pelo contrário, você é um ótimo pai.
- as vezes nem tanto, eu sinto que tá faltando alguma coisa pra ela, sinto que faço tudo errado.
- ah, isso é normal, pelo jeito você cria ela sozinha, então ela tem o lado paterno e um pouco do lado mãe de um pai.
- sim, eu tento fazer o meu máximo, só que as vezes é meio difícil.
- ninguém nunca disse que seria fácil. - ela sorriu. - se não for parecer que eu sou curiosa demais, o que aconteceu com a mãe dela?
- Laura morreu logo depois do parto de Samanta. - respirei fundo.
- sinto muito. - sorri fraco.
- tudo bem, já faz um tempo, uma hora temos que seguir em frente. - a encarei.
- sim, temos mesmo. - ela sustentou o olhar.
- por que vocês estão se olhando assim? - Sam perguntou.
- nada, o papai estava apenas conversando com ela.
- É. - ela desviou o olhar. - vamos ver os biscoitos? - Samanta concordou animada.
As duas foram pra perto do forno e eu observei de longe, talvez eu ainda possa ser feliz com outra pessoa, quer dizer, não seria errado eu dar uma mãe pra Samanta, seria?
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| My Little Girl |
Romance"Você me faz sentir de novo o que eu já não sentia mais."