• vinte nove

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B e r n a r d o

- Senhora, eu preciso passar, prometo que não vou demorar. - disse para a senhora que estava do outro lado do balcão.

- O senhor tem uma passagem? - ela perguntou pela segunda vez e eu neguei com a cabeça. - então eu não posso deixar o senhor passar.

- Senhora, por favor, eu preciso muito entrar, a mulher que eu amo está indo embora e eu nem sei o motivo. - ela me olhou no fundo dos olhos.

- Ai meu Deus, eu ainda vou ser demitida por ajudar casais. - ela murmurou alto. - toma, espero que consiga, eu adoro os finais felizes.

- Obrigado, muito obrigado. - peguei o pequeno papel e sai como um louco.

Meu coração já estava acelerado, eu esbarrei em umas 4 pessoas, pedia desculpas e continuava. Aquela voz de aeroporto não parava de falar, e cheguei a conclusão que eu estava perdido. Droga!

Estava escutando uma pequena confusão mais à frente, eu reconhecia aquela voz até se eu estivesse em outro país. Corri até lá e a encontrei discutindo com uma aeromoça que parecia não deixar ela entrar.

- Eu preciso entrar, eu não quero outro avião, eu preciso ir nesse, eu sento em qualquer lugar, eu fico no banheiro, mas eu preciso entrar nesse ai e ir... - a interrompi.

- Malu? - ela parou de falar e continuou de costas pra mim. - não vai embora, por favor.

- Bernardo. - ela disse baixo e se virou. - por que você veio aqui? Não era pra você estar aqui.

- Eu não podia deixar você ir embora assim, sem nenhuma explicação, o que aconteceu?

- Senhorita, você vai no próximo avião? - a aeromoça perguntou.

- NÃO! - respondemos juntos.

- Então a senhora precisa entrar agora, o avião vai decolar, arrumamos um lugar. - continuei a encarando e suplicando com o olhar.

- Por favor, não me deixa. - ela fechou os olhos e respirou fundo.

- Eu não posso ficar, eu não posso fazer isso com você, muito menos com a Sam, vocês não merecem passar por isso.

- O que a gente não merece é ficar sem você, fica, não importa o que esteja acontecendo, a gente enfrenta, junto. - peguei na sua mão. - por favor. - ela permaneceu em silêncio. - eu te amo.

Ela abaixou a cabeça, colocou a mão no rosto e negou, respirou fundo e me olhou, seus olhos estavam cheios d'água. Eu não fazia ideia do que estava acontecendo, mas eu estava disposto a passar por isso, por ela.

- Senhora? - a aeromoça perguntou antes de fechar a porta.

- Pode fechar, eu não vou embarcar. - ela disse e eu automaticamente sorri. - mas você precisa saber de tudo primeiro, antes de decidir se vai passar por isso mesmo. - ela disse e engoliu em seco.

- tudo bem, podemos ir pro carro, se ele não foi rebocado né. - ela me encarou confusa. - eu parei de qualquer jeito e em qualquer lugar, ou levaram meu carro ou levei uma multa. - ela riu. - eu fiquei desesperado em pensar que ia te perder. - ela sorriu de canto.

Peguei sua mala e fomos em direção ao carro, que por milagre estava onde deixei e sem nenhuma multa.

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