• vinte sete

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M a l u

Algumas horas antes..

- eu tenho que ir, não dá pra fazer isso com eles.

- Maria Luísa, você vai deixar ele fazer isso com você.. de novo? - assenti.

- vou, porque a Sam não merece passar por isso, nem o Bernardo. - fechei os olhos. - dói tanto só de pensar em deixar os dois.

- Malu, você os ama, por isso dói tanto. - ela sorriu. - mas na minha opinião você podia falar com o Bernardo sobre isso, ele vai saber o que fazer e com certeza vai ajudar.

- mas ele não merece nada disso, ele é perfeito, não merece uma mulher que vive fugindo na vida dele. Tenta me entender, me ajuda.

- tudo bem, eu sou contra, mas vamos dar um jeito. A primeira coisa a se fazer é.. - ela foi interrompida por batidas na porta.

Franzi a testa e me levantei, abri a porta e não tinha ninguém, apenas um bilhete no chão do corredor. Peguei o papel dobrado e fechei a porta, mostrei para Sarah e ela ficou assim como eu, confusa.

- o que é isso? - ela perguntou.

- não faço nem ideia.

- pode ser coisa do Bernardo? - ela perguntou enquanto eu desdobrava o papel. - ele sabe que você está aqui?

- eu queria que fosse, mas não é. - engoli em seco.

No momento em que li aquele bilhete, minha mente foi tomada por lembranças dele, tudo de uma vez só.

[flashback on]

- eu te amo sabia? - sorri. - você é a mulher mais perfeita do mundo.

- Kevin, eu fico com vergonha.

- você é linda, perfeita, maravilhosa. - ele me deu vários beijinhos. - minha. - sorri. - só minha.

- só sua. - ele sorriu.

××

- você acha que eu sou idiota, Malu?

- não. - falei baixo.

- OLHA PRA MIM ENQUANTO EU FALO, SUA VADIA. - ele puxou meu rosto.

- desculpa.

- SUAS DESCULPAS NÃO VÃO ADIANTAR. - ele me jogou no chão.  - você pensa que eu não percebo as coisas. - ele riu. - mas eu vejo tudo o que você faz, você é minha, eu sempre vejo.

- eu só estava falando com um amigo, é isso que ele é, um amigo de infância.

- EU NÃO SOU IDIOTA, MARIA LUÍSA, EU SEI O QUE EU VI.

- amor, você está confuso, bebeu demais, não foi nada do que você pensou.

- AGORA EU SOU BURRO? - ele pegou no meu pescoço. - você só pode estar de sacanagem né? - ele sussurrou.

- tá me machucando, Kevin, por favor. - falei com dificuldade.

- você é minha, Malu, só minha. - ele sussurrou novamente e eu concordei.

××

- Kevin, larga meu braço. - tentei me soltar e ele deu um tapa em cheio no meu rosto.

- isso é pra você aprender, porque na próxima eu acabo com você. - ele me largou no chão na sala, de novo.

××

- oi. - Andrew chegou ao meu lado.

- oi. - procurei por Kevin na multidão.

- gostaria de falar sobre aquele projeto que você me entregou, eu... - ele foi interrompido.

- amor, vamos embora? - Kevin chegou por trás de mim.

Um calafrio percorreu por todo o meu corpo, eu sabia o que ia acontecer quando a gente chegasse em casa, eu iria apanhar  pela quarta vez naquela semana, e hoje ainda era terça - feira.

××

- ME LARGA, KEVIN. - gritei.

- CALA A MERDA DA BOCA, OLHA O TOM QUE VOCÊ FALA COMIGO. - ele me chutou.

- Kevin. - disse com dificuldade. - você vai me matar.

- amor, eu sei até onde você aguenta, relaxa. - minha visão ficou preta logo após o terceiro soco da noite.

[flashback off]

- ele me achou, Sarah. - engoli em seco. - eu preciso ir. Agora.

×

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