• prólogo

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B e r n a r d o

2015

- amor, você consegue, só mais um pouquinho. - disse a ela que já não aguentava mais fazer força.

- não da, eu não consigo mais, ta doendo muito. - ela dizia com lágrimas nos olhos e com uma expressão de muita dor.

- Senhorita Duarte, falta pouco, você consegue. - o médico disse tentando a convencer.

- ei, você consegue, eu sei que consegue. - ela olhou bem nos meus olhos. Ela estava morrendo de medo. - você precisa por nossa filha no mundo, eu acredito em você meu amor. - ela fez que sim e soltou um grito misturado de dor e força.

Não demorou muito e um chorinho chamou minha atenção. Era ela. Era o choro da minha filha. Minha filha havia nascido naquele momento.

Olhei para as mãos do médico e ele segurava um pequeno embrulho coberto de sangue e tudo mais. Eu estava sorrindo mais do que o normal. Garanto que ganharia do coringa fácil, fácil.

Logo depois que limparam ela, entregaram a Laura, que estava muito contente, só parecia um pouco cansada. Depois foi a minha vez, a peguei nos meus braços, eu a queria proteger de todo mal, não ia deixar nada nem ninguém magoa - la. Nunca.

E foi nesse momento, nesse pequeno e curto minuto em que eu estava com a minha filha nos braços, eu ouvi alguns aparelhos apitarem, alguns médicos assustados, tiraram minha filha de mim e falaram que eu tinha que sair, mas por que? por que eu tinha que sair? O que estava acontecendo?

- o que está acontecendo? - as enfermeiras levaram minha filha. - alguém me fala o que está acontecendo. Por favor.

Me colocaram no corredor e fecharam as portas, eu não conseguia ver nada do lado de fora, eu estava com medo. Muito medo.

××

Já se passaram mais de uma hora em que estou sem receber notícias, tanto de Laura quando dá minha filha.

- licença, você tem alguma informação da paciente Laura Duarte? - ela procurou no computador e me olhou com uma cara de que tinha achado algo, só não parecia ser muito boa notícia.

- Senhor Maldonado. - ouvi alguém chamar, me virei e vi o médico.

- sim, sou eu. - disse morrendo de preocupação. - o que aconteceu com elas?

- primeiro eu vou pedir que se acalme.

Ele tá de sacanagem né, só pode.

- eu vou pedir que você fale logo, não fique me enrolando, vá direto ao ponto, como elas estão?

- Senhor Maldonado, infelizmente já fizemos tudo que estava ao nosso alcance. - ele disse sem expressão alguma. - a senhora Duarte não resistiu e faleceu na mesa de cirurgia.

- não, não, não. - eu disse rindo de nervoso. - isso não está acontecendo, ela não morreu. - eu estava vendo tudo girar. - vocês são uns incompetentes, o dever de vocês era salva - lá. - admito, já estava alterado.

- Senhor, não foi nossa culpa. - não deixei ele terminar.

- não? Vocês tem de tudo aqui, como não conseguiram salvar uma mulher.

- o caso era delicado, não havia muito o que se fazer, ela mesmo disse que não havia nada o que se fazer.

QUE? ELA DISSE? COMO ASSIM?

- ela sabia dá doença, ela mesmo disse que já estava avançada demais, pediu para que salva - se o bebê.

- que? você quer dizer que ela estava doente? - disse confuso. - ela sabia disso?

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