Eu me lembro de uma época em que me perguntei porque havia me apaixonado por Macau.
Eu simplesmente precisava de saber o porquê.
Porque apenas o firmamento de que ele é lindo para mim não bastava.
Poxa, a tantas outras pessoas lindas pelo mundo e nem por isso eu sinto a minha caixa torácica querer explodir no peito ou as famigeradas borboletas no estômago. Mas com Macau era diferente. Era absurdamente diferente. E eu não sabia reagir.
Eu não soube reagir quando eu o vi pegando minha carta e a lançando dentro de uma cesta de lixo. Eu não soube entender também muita coisa a respeito do aperto forte em meu peito quando decidi dizer que ia desistir.
Desistir...
É engraçado pensar que foi exatamente essa palavra que eu havia dito depois de uma semana da cena que quebrou meu coração.
Do que mesmo eu estava desistindo?
Do Macau ?
Da minha felicidade?
Do meu amor?
Seja lá o que for, hoje eu sinto que não havia nada para desistir.
Macau nunca havia sido meu e nem mesmo tinha noção do amor implacável que eu nutria por ele.
Minha felicidade nunca dependeu de fato da existência de Macau.
O amor é algo relativo demais. Desistir do amor é dizer que desisto do amor pelos meus pais, pelo meu irmão, pelos meus amigos, pela senhorinha da venda da esquina que já sabe o meu pedido de cor, de Macau. Mas não principalmente Macau. Ou talvez principalmente Macau.
O que de fato aconteceu depois da grandiosa cena foi o enterrar de uma paixão a sete palmos do meu coração.
Mas o mais engraçado de tudo é que, até hoje eu ainda não entendo o porque me apaixonei por Macau.
Ou melhor....
Até alguns segundos atrás eu não entendia o porque havia me apaixonado por Macau.
Mas agora?! Sinto como se a minha mente tivesse sido clareada de qualquer nuvem espessa e negra que tivesse tampado o seu mais quente sol.
É engraçado pensar em como o tempo funciona.
Há um pouco mais de um ano atrás eu planejei momentos dos quais eu tenho vivido com Macau por que eu sentia que era tudo o que eu mais queria naquele momento. Mas eu não recebi. Não recebi nada do que eu planejava e dizer que fiquei bem com isso seria uma mentira das grandes.
Mas olha só para tudo agora...
Macau tem me proporcionado tudo aquilo que outrora eu desejei. E não foi no meu tempo ou de qualquer outra pessoa ao meu redor. Foi no tempo exclusivo do universo.
E eu posso dizer universo: tem sido melhor do que os meus planos.
É louco estar aqui relatando o que meu coração sente quando Macau está bem aqui, na minha frente, me olhando com os olhos de pura devoção pela minha pessoa.
Seus olhos de repente estão brilhantes demais, estão intensos demais e eu sinto toda a paixão e fervor contidos ali dentro. Eu sinto que Macau está conversando comigo mais do que em palavras, e agora eu entendo o porquê de nos darmos tão bem com trocas de olhares. Ele entende o meu, e eu entendo o dele.
E o dele nesse momento me diz para beijá-lo. Me diz que devo beijá-lo porque ele não pode fazer isso. Seus olhos me transmitem todo o querer pela realização desse ato, mas também me diz que há insegurança e medo.
Meu Macau, do que tens medo?
Olhe nos meus olhos e perceba que eu me apaixonei novamente. Isso se de fato, em algum dia, eu consegui fazer a proeza de deixar de te amar.
Me aproximo de Macau ficando frente a frente com ele. Levo uma de minhas mãos até um lado do rosto de Macau e acaricio a derme macia. Sinto que é meu dever neste momento captar cada minucioso detalhe e agir da forma mais calma possível. Sinto que Macau pode escorregar desse plano em que estamos vivendo a qualquer momento se eu não permanecer com minha atenção nele.
Meu polegar quase que instintivamente começa a fazer um leve carinho na bochecha de Macau e o mesmo se inclina ao meu toque fechando os olhos.
Macau ainda tem seu corpo e mãos apoiados na moto. Decido me aproximar mais dois passos até Macau. Estamos mais perto do que é considerado normal para dois garotos que estão se tornando amigos.
Ainda que de forma tímida por nunca ter feito isso antes, levo meus lábios aos de Macau.
Talvez seja coisa da minha mente pela tamanha expectativa do momento, mas eu poderia jurar que uma corrente elétrica percorreu pelo meu corpo assim que encostei meus lábios nos de Macau.
Nossas bocas se movem em um ritmo lento, ainda se conhecendo.
Sempre tive medo de quando esse momento chegasse, porque eu simplesmente pensava que eu não saberia fazê-lo.
Mas a forma como meus lábios se movem sobre os de Macau faz com que eu apenas sinta que estou acostumado a ter aquela boca sobre a minha.
Faz com que eu sinta que isso já ocorreu em alguma década atrás. Sei lá, talvez seja coisa da minha cabeça. Talvez o jeito que Macau me segura tão firmemente em seus braços e me beija como se eu fosse o mais belo dos cristais, faz com que eu pense que já nos conhecemos de vidas passadas. Que já nos amamos em vidas passadas. Que já nos pertencemos de vidas passadas.
Macau se afasta minimamente com um sorriso nos lábios e eu apenas queria que não acabasse.
— Esse é seu primeiro beijo? - Macau diz, e sua voz soa extremamente rouca e baixa - Tem certeza? Eu meio que sinto minhas pernas bambas.
Acabo sorrindo grande demais.
— Macau... está me deixando com vergonha, para com isso!! - digo, e acabo me enfiando em seu pescoço.
O mesmo me puxou carinhosamente para olhar em meus olhos. Levou as mãos que estavam pousadas em minha cintura até meu rosto.
Penso que o mesmo irá dizer algo. Mas na verdade ele me beija lentamente mais uma vez.
Sua boca sendo um pouco mais ousada ao me dar leves mordiscadas nos lábios e acariciando minha língua com a sua de forma extremamente lenta e viciante.
Estava totalmente entregue no beijo e já sentindo meu pulmão clamar por ar, quando Macau interrompe nosso beijo de novo de forma brusca.
— Espera aí - seus olhos levemente arregalados - É o seu primeiro beijo.
Confirmo murmurando um "hunrrum" e o beijando novamente. Mas Macau apenas me interrompe como se o assunto fosse realmente sério.
— Você não prefere dar ele com alguém que você está apaixonado, tipo o Kim? - ele diz como se realmente fosse algo importante de se fazer.
Dou um sorriso singelo para Macau.
Como ele pode ser um lerdo às vezes.
— Pra falar a verdade me sinto muito bem dando meu primeiro beijo a você - lhe dou um estalo. Macau sorri.
— É verdade? - me puxa um pouco mais pela cintura e me dá um estalo também.
— A mais pura de todas - Macau ainda está me olhando com um sorriso nos lábios. E não demorou muito para desfazermos ele e iniciar outro beijo.
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Te amar novamente
Fiksi PenggemarPorchay sente que apesar do desfecho da história com sua antiga paixão não ter sido uma das melhores, o universo quer fazê-lo se apaixonar de novo. E pelo visto, pela mesma pessoa. Versão Macau e Porchay.