Capítulo 24

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🛑 Alerta de gatilho 🛑

Durante o trajeto para a casa dos Blossoms, Jessy e eu ficamos em silêncio. Não há nada além do ronco do motor, e nossa respiração. Ela observa atentamente toda a estrada, sem desviar por um segundo seus olhos.

—  Você quer me dizer alguma coisa?  —  Jessy pergunta.

Sinto uma vergonha imensa sobre mim, sinto meu rosto queimar. Pigarreio antes de responder sua pergunta.

—  Não  —  respondo ríspida.

—  Muito bem  —  ela afirma com sua cabeça enquanto continua olhando para a estrada.

—  Se quiser, posso levar você para casa  —  sugeri.

—  Não, obrigada  —  ela diz secamente.

—  Fica um pouco difícil você querer me ajudar sendo que está me tratando dessa forma, era mais fácil você ter ficado, sei que ainda está com raiva de mim, mas se quiser ajudar vai ter que deixar isso de lado e focar no que realmente é importante  —  falo engolindo seco.

Apesar da minha sinceridade, Jessy pareceu baixar a guarda quando ela solta uma respiração pesada e acaricia sua testa com seu cotovelo apoiado na janela do carro.

—  Desculpa  —  ela fala baixinho, quase inaudível.

—  Muito bem.

Eu sei que ela está abalada com tudo isso, e ela entrar no caso não ajuda muito, mas ela quem quis, então aqui estou eu, tentando me redimir, enquanto minha amiga está se afogando cada vez mais.

—  Jessy, você quer conversar sobre aquele dia?  —  pergunto encostando o carro ao lado de uma praça.

—  Não, está tudo bem  —  ela diz com sua voz chorosa.

—  Jessy, você não precisa guarda tudo pra si  —  desligo o carro e puxo o freio de mão, estacionei embaixo de uma árvore.

—  Não (seu nome) está tudo bem  —  ela começa a chorar e o seu rosto ganhar um rubor no tom de seus cabelos.

Recosto no banco do carro, enquanto seguro a mão de Jessy, ela começa a chorar cada vez mais de forma intensa. Ela soluça buscando fôlego, abro o vidro do seu lado e ela respira devagar e de forma calma enquanto eu seguro sua mão, fazendo carinho na mesma.

—  Ele se foi, nunca mais vou poder vê-lo, (seu nome), eu o amava  —  ela se vira para mim no mesmo momento que faço o mesmo movimento.

—  Você o amava?  —  pergunto baixinho.

—  Muito, você não faz ideia de como eu surtei quando ele foi "pego". Eu... Quando soube que ele estava vivo, eu fiquei tão feliz e aliviada, o vazio que estava em meu peito foi embora, aquela gravação que enviaram para você... Eu estava pronta pra dizer que o amava  —  Ela faz uma pausa  —  Mas então....

Jessy volta a chorar mais uma vez, ela solta minha mão enquanto limpa seu rosto com sua jaqueta. Ela respira fundo buscando fôlego entre os soluços, tira o cinto de segurança, engole em seco e respira fundo enquanto olha para a chuva que cai fina na praça trazendo o verdejar das folhagens.

—  Você precisa seguir em frente, mesmo que isso custe muito... Eu também sinto muito pelo o Richy mesmo que ele tenha feito o que fez e mesmo que eu tenha tido apenas contato com ele por mensagens e chamadas, eu pude ver o quão incrível ele era  —  me ajeito no banco pondo meus pés sobre o mesmo enquanto abraço meus joelhos  —  Ele não merecia o destino que teve, eu queria que ele pagasse pelo o que fez, pois nós temos as consequências das nossas escolhas, mas que fosse do jeito certo, não da forma como tudo isso ocorreu.

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