Cap 01 𖠌 Dia de organização!

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1981

— Acha que pode dar certo? – Perguntou o Sr.William, sentado na mesinha de madeira da minha varanda, junto a meu pai.

— Se pode dar certo? Vai dar certo! Vamos juntar nossas economias, ano que vem a fundaremos. Pense comigo: existe alguma pizzaria por aqui que tenha animatrônicos?

— Não...

— Exatamente! Vamos fazer dar certo – Meu pai, Hanry Emily, o encorajou. Logo um sorriso do de terno roxo, se formou de orelha a orelha.

Quanto a mim, que continha 14 anos, escutava tudo sentada na grama do quintal, não muito distante da mesinha da varanda. Eu limpava minha guitarra nova e observava minha irmã de 1 ano, brincar com aqueles brinquedos de formas geométricas, ela bem ignorava as bonequinhas a sua volta e focava no desafio de encaixar um triângulo no triângulo. A silhueta de Michael, pontou na porta da varanda, eu o conheci há 1 semana e ele parecia legal, idiota, mas legal.
Ele andou até mim e apontou o dedo em meu rosto.

— Quero ser o protagonista! – Disse ele, com relação ao meu próximo RPG.

— Todo mundo vai ser protagonista, Michael. – Eu disse sorrindo, deixando minha guitarra de lado e tirando a mão do mesmo da minha frente.

— Que chato... – Ele resmungou, balançando seu longo cabelo em corte de mullet, revirou os olhos e se sentou ao meu lado.

— Que chato o que Michael!
E que bom que chegou cedo, o RPG começa daqui a umas 3 horas e eu preciso de alguém para me ajudar a arrumar a garagem. – Me levanto e tento puxa-lo pelo braço, que se levanta em resmungos altos. – A criança é a Char, venha!

O puxo pela casa até a porta interna que leva a garagem. Na garagem havia uma mesa redonda e grande, com sete cadeiras a sua volta, por cima continha 3 caixas de supermercado e um livro de "Alice no País das Maravilhas".

— Como eu te falei... Consegui o meu primeiro emprego a uns três meses

— Você berrou no telefone que conseguiu o primeiro emprego – Ele me corrigiu.

— Que seja! – Peguei a maior caixa e aproximei ela da beira da mesa onde estávamos – Juntei os 600 dólares dos últimos meses mais uma redinha extra que eu consegui vendendo meus livros velhos. Gastei a grana comprando a decoração para os nossos futuros episódios de RPG. E você! – Apontei meu dedo para o mesmo – Vai me ajudar a decorar tudo a tempo. – Sorri fazendo o mesmo segurar a caixa.

Ele olhou para dentro da caixa, que tinha: Velas, luzes pisca-pisca, lata de tinta de madeira e cartas que pareciam velhas. Eu peguei as cartas para mim e as coloquei por cima da mesa.

— São cartas que os jogadores vão encontrar durante os episódios, eu que fiz – Dei um sorriso de ladinho – aprendi a fazer o papel parecer velho com café.

— Você... não sabe como gastar seu dinheiro

— Sei sim! – Corri para o outro lado da garagem que não é tão grande, mas cabe perfeitamente o carro e minha área do RPG, tirei o pano de cima de uma cadeira temática, parecia um trono vermelho e com um falso dourado, e foi cara para um caralho, comecei a arrasta-la para perto da mesa, enquanto Michael me olhava incrédulo – Foi pelo menos 292 dólares, eu comprei numa venda de garagem. Essa vai ser a minha cadeira de mestre, serão as horas mais confortáveis da minha vida.

— Enquanto os jogadores...?

— Comprei essas seis cadeiras com almofadas e encosto de algodão, não foi tão caro como eu pensei que seria, o poder de compra tá bem legal na realidade.

— E essa tinta de madeira?

— Comprei especialmente para gente reformar essa mesa imunda, a propaganda disse que seca em uma hora.

— Nem fodendo! Não vou pintar nada!

Charlotte entrou correndo na garagem e se não fosse Michael a segurando a tempo, ela teria dado de cara no chão. O mesmo a colocou sentada na minha cadeira trono e eu volto a falar enquanto Char ficava de pé na cadeira para pegar os pincéis sobre a mesa.

— Escolha você não tem, temos 3 horas para arrumar tudo – Disse eu.

Fora 15 minutos convencendo o mesmo a me ajudar, e então, com a Char no chão, a entreguei as cartas e pedi para colocar no meu quarto, a mesma foi andando devagar dessa vez, ainda não tem firmeza suficiente nas pernas. Logo eu e Michael começamos a retirar as coisas de cima da mesa para pinta-la, todas as coisas foram postas no chão, um pouco distante da mesa. Começamos então a finalmente decorar enquanto a mesa secava.

Haviam uns canos de aço pelo teto a volta, o Afton segurou a escada para que eu enrolasse as luzes pisca-pisca por toda a extensão do cano, o mesmo aproveitou que eu estava distraída e passou o pincel com tinta no meu braço, o que quase resultou numa guerra de tinta.

Ainda enquanto a tinta secava, Michael tentava me ensinar a andas de skate na rua, o que durou duas horas que se passaram sem que vessemos.

Subi no sótão de casa onde tinha dois candelabros pequenos e um grande de chão, o Afton me ajudou a segurar e descemos correndo para a garagem, e nossos pais estavam na sala exatamente quando passamos correndo, os mesmos olharam sem entender nada, mas não questionaram.
Coloquei os dois candelabros pequenos, por cima da mesa, Afton arrastou a mesa para o canto e fundo da garagem, colocando minha cadeira trono encostada na parede, na ponta de frente para a mesa.

Após coloquei o maior candelabro do lado, mas um pouco distante da minha cadeira. Claro, o interruptor da luz pisca-pisca e da própria iluminação ficava ao meu lado, logo podia fazer a troca de cores da luz pisca-pisca, como também podia apagar qualquer iluminação com exceção das velas, o que daria um clima inexplicável, já que o RPG é de suspense e terror.

Mais uma hora e o RPG começou, o que foi incrível para mim, colocar mais uma das minhas histórias em ação. Meus amigos estavam todos ali, jogando comigo, rindo, sofrendo, chorando, sorrindo e gritando, durou umas 4 horas até o final do primeiro episódio, acabando as 16 Pm.

No dia seguinte, Michael Afton apareceu na porta da minha casa com tinta de cabelo e uma porrada de produtos.

— O que exatamente você quer com isso? – Perguntei com sono. Ainda eram oito da manhã em pleno domingo.

— Disse ontem que queria fazer algo diferente na aparência, vim conceder o seu pedido, hoje serás a minha cobaia! – Ele passou a mão no meu cabelo castanho e ondulado e depois ajeitou sua regata cinza.

No fim de tudo isso, minha pele de tom branco, estava repleta de shampoo e descolorante.

Mas... meu cabelo não caiu.

Nisso Michael começou a pintar meu cabelo de loiro mais vezes, e nem parecia que nos conhecíamos a tão pouco tempo. Agíamos como amigos de anos.

O considerei um moleque perfeito, até o dia que fui em sua casa...

Tive uma ótima recepção, mas o que me incomodou foi sua relação com o irmão de 3 anos, Michael passou o tempo perturbando-o e pregando peças de mal gosto, a qual ele sabe que se fizesse comigo, levaria no mínimo um murro.

Isso me lembra de quando sofri bullying no Fundamental I.

Durante as horas na casa dele, chamei muito sua atenção como uma adulta, nisso percebi que ele é muito mais imaturo do que se apresenta a mim. Não queria cortar a amizade por isso, no entanto, acabei por me tornar "babá dos Afton", como minha amiga Sally dizia. Eu vivia protegendo Elisabeth e Evan do próprio irmão.

Isso manchou bastante a imagem que eu tinha de Michael, mas, por outro lado, após tanto tempo brigando com ele, ele acabou por diminuir as brincadeiras, isso é bom, foi uma baita evolução.

E aqui entramos em... 1983

1983: O início - 𝐌𝐢𝐜𝐡𝐚𝐞𝐥 𝐀𝐟𝐭𝐨𝐧Onde histórias criam vida. Descubra agora