27 𖠌 Relatos

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Por Michael...

Eu morri?

Eu morri... ou pelo menos deveria estar morto.

Aquela coisa apodrentou meu corpo de dentro para fora, eu não consigo me mover por conta própria, ele tomou meus ossos para si e os transformou em um endosqueleto com parafusos manchados pelo sangue escarlate, meus órgãos foram arrancados e substituídos por uma carcaça de metal branca com olhos azuis.

Ela me enganou, a Circus me enganou e levou-me para a S.C.U.P, exatamente como a Raven me avisou. No final, não sei onde meu pai está.

Por que eu ainda enxergo e penso? Um corpo morto com consciência, eu vejo tudo que eles fazem estando comigo, sigo trabalhando, sigo cumprimentando bem mais meus vizinhos, mas não sou eu falando, não sou eu andando.

Estou preso em uma tortura, eu não respiro, meu sangue não bombeia e meu corpo já está inchado e sem cor natural, mas ainda tenho consciência.

É algum tipo de praga? Raven realmente me amaldiçoou? Não, ela não iria fazer isso.

Eu vi ela hoje, isso que me controla tentou a matar, minha garota até que é esperta, conseguiu fugir, eu entrei em pânico, tive medo que ela morresse, por quase aquilo não quebrou a janela do carro, mas num desespero consegui por breves segundos agarrar meu próprio pescoço me puxando para trás a tempo que seu carro ativasse a ignição e o pneu se arrastasse brutalmente.

[...]

Estou na terceira semana de decomposição, minha carne está molenga e minhas unhas caíram, meu corpo já não está suportando o peso do animatrônico, não é à-toa que eles estão saindo por aí com meu corpo apenas durante a madrugada, estão observando pessoas, procurando alguém que possa me substituir, um outro corpo, outra alma condenada a esta tortura.

Os vizinhos estão reparando na minha aparência, não importa o quanto essa coisa tente encobrir, está visível que tem algo de errado. Isso em mim, é na verdade, um amontoado deles, Circus Baby, Ballora, Funtime Foxy e Funtime Freddy, mas acredito que possam haver mais.

Eles brigam a maior parte do tempo, Circus se demonstra tentando dominar o tempo todo, todos os dias eles discutem.

Está chegando o final da semana, eu sinto minha pele derreter pelo tempo, contudo é noite e eles estão por algum motivo indo para perto do bueiro que há atrás de minha casa, eu sinto as ferrugens sendo empurradas pela minha garganta, meu corpo caindo no chão e os animatrônicos se rastejando da minha garganta como serpentes, minha consciência se esvai tudo se torna negro.

Por minutos.

Por que eu ainda não morri? Eu não aguento mais! O que eu faço?! Eu já não tenho ossos, órgãos ou sangue, porque minha alma está insistente, a moita cobre meu corpo por completo.

Eu continuo aqui, mas tem algo, algo está errado.

Os insetos não se aproximam, eu consigo sentir um tipo de formicação nos ossos, os urubus não se aproximam mesmo depois de três dias em decomposição.

Decomposição?

...

?

Em um mês eu consegui me arrastar para dentro de casa conforme meus ossos se regeneraram, mas ainda não consegui me colocar de pé. Acredito que isto é dado aos resquícios de agonia, é isso que não está me deixando morrer?

Em duas semanas a mais os rasgos na minha carne são fechados e eu consigo me colocar de pé. O tom da minha pele se permanece roxeado, meus órgãos ainda não foram formados. Dou passos lentos até o banheiro, um verdadeiro zumbi ambulante. Meu olho púrpura brilham em espanto no reflexo, me questiono mil e umas coisas enquanto uma pitada de força surge em minhas mãos que apertam forte a pia.

1983: O início - 𝐌𝐢𝐜𝐡𝐚𝐞𝐥 𝐀𝐟𝐭𝐨𝐧Onde histórias criam vida. Descubra agora