Eu odeio esse sentimento, o sentimento de que o pior está por vir, o sentimento de ansiedade que toma as minhas veias para si quando a lua toma o céu.
O dia estava próximo, e cada minuto que passava pelo relógio me despertava um alerta de que a morte bateria a minha porta.
O céu está laranja, os raios de sol começam a se esconder enquanto me sento na beirada da cama e coloco a mão no rosto, eu jamais falaria para o Michael e meu pai sobre esses sentimentos, mas ao mesmo tempo me vejo em uma corda bamba de decisões e sentimentos, eu pela primeira vez temi consultar as cartas.
Tenho medo que eu esteja certa sobre os sonhos que deturpam minha mente no alvor da noite, sonhos de sangue e fogo, sonhei também com um velório, porém eu quem estava sendo velada por mim mesma, parece confuso, mas haviam duas versões de mim, a que estava de pé naquele espaço qual se semelhava a entrada da 1° FazBear, e a que estava em sono eterno.
Era um bom lugar, mesmo que as flores fossem brotos não crescidos entorno do caixão escuro, as velas acesas emitiam uma luz suave e amarelada.
Eu, a que estava de pé, parei frente ao caixão, me vendo e me questionando o que estava fazendo ali, minha forma dentro do caixão não tinha os cabelos pintados, mas naturais e seu rosto tranquilo não continha resquícios de maquiagem.
Me lembra a Char.
E agora, fora desse sono e vendo a noite se aproximar pela janela, pela primeira vez não sei o que fazer, se passaram dias, e eu ainda não sei.
Para quem guia as pessoas em suas dificuldades todos os dias, eu estou perdida demais em meu próprio caminho.
Sobre o cobertor branco estão seis livros de bruxaria natural espalhados e três dos meus velhos cadernos de anotações.
Minha rotina depois do trabalho se tornou a mesma: Estudar e anotar tudo que eu conseguisse assimilar com os remanescentes e a agonia, mais do que nunca.
"Nenhum espírito se mantém onde não há mais nome, lembrança ou medo".
Grifo essa frase do livro com um lápis de escrever, logo me direcionei ao meu caderno mais velho, um que fiz suas anotações aos 17 anos, que dizia:
"Aquilo que foi amarrado com dor, só se desfaz quando a própria dor se liberta".
Eu sinto finalmente ter um resquício de trilha pra mim.
Escuto o som da porta de entrada da casa, e me levanto da cama que sempre range no mínimo movimento brusco. Meus pés vão até o corredor, parando então no meio da escada e tendo a visão de Michael tirando os sapatos.
— Como foi na casa do meu pai? – Pergunto me firmando no corrimão.
— Seu pai é muito mais legal que você – Ele para, me olhando por um tempo.
Eu sei que o Afton não está bem, não somente psicologicamente, mas fisicamente também. Ele tosse sangue muitas vezes e eu tenho receio que seus órgãos não estejam totalmente curados como sua aparência.
A solução que encontramos nos últimos meses foram medicamentos de vitamina, como uma forma de fortalecer o organismo e manter a agonia trabalhando por mais um tempo até que seus órgãos se tornassem completamente independente dela.
Eu admiro ele, eu não sei se suportaria passar pelo que ele passa. Perder a mãe para um suicídio, os irmãos para homicídio, e seu pai... ele nunca esteve com o pai dele, não há como perder algo que nunca se teve.
— Estava pensando, o que acha de ficarmos um tempinho na grama, batendo um papo.
— Tá querendo me pedir alguma coisa? – Termino de descer os degraus, dando mais três passos até chegar em sua frente.
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1983: O início - 𝐌𝐢𝐜𝐡𝐚𝐞𝐥 𝐀𝐟𝐭𝐨𝐧
FanfictionDurante nossa vida perdemos constantemente pessoas que amamos, mas eu não imaginava que perderia ela tão cedo, em 1983 a criança mais importante para mim morreu, talvez por irresponsabilidade minha? Nunca soube. Sou Raven Emily, quando tudo acontece...
