Chegando à casa conhecida, ela permanece com as luzes desligadas mesmo depois de três buzinadas, desço do carro e bato na porta, demora um pouco até ter algum sinal de que Michael esteja em casa.
A luz da sala de estar reflete para fora da janela, e eu me preparo para quando a porta for aberta, não é questão de ver ele, e sim de contar para ele. Alguns lentos passos são dados até a porta que está sendo destrancada com certa rapidez.
A porta se abre revelando a silhueta de Michael com uma bermuda e um grosso moletom de algodão da tonalidade preta. Ele me olha sem expressão e eu noto ter algo estranho nisso. Sua pele está pálida e seus lábios sem cor, suas veias estão aparentes e preto-esverdeadas, ele dá alguns tiques nas mãos, e isso me dá arrepios, arrepios péssimos.
— Michael? Tá tudo bem? Você parece um pouco "assustado".
— Estou ótimo, Raven, e você? – Diz ele de forma natural – apenas não dormi corretamente, entende?
O corpo do mesmo dá alguns espasmos, os olhos estão fundos e mais escuros do que uma simples olheira.
— Eu tenho uma notícia não muito boa – Digo tentando disfarçar o desconforto que sua aparência está me causando. Não só desconforto, mas também medo.
— D-diga.
Ele nunca gagueja.
O vento da madrugada é frio e balança as folhas das árvores, mesmo que ainda estejam com neve, este mesmo vento passa pelas minhas pernas até os meus últimos fios de cabelo, e faz como grunhidos de sussurros nos meus ouvidos, algo está falando comigo novamente.
— Dylan faleceu. Suspeita-se que tenha sido um suicídio.
— Sinto muito, Raven – Ele inclina a cabeça para o lado, mas não expressa quase nada.
Este não é o Michael.
Olho para sua barriga coberta pelo grosso tecido, algo me leva a tentar tocar a mesma, tentar sentir e ver, com aquela lembrança da visão o matando. Mas minha ação é brutalmente interrompida, o homem segura com força meu pulso, deixando uma marca vermelha ardente.
— Você não está bem... – Com medo, puxo meu braço para longe e dou três passos para trás – Você deveria estar morto!
Um sorriso enorme se forma em sua face, e lá dentro vejo longas fiações soltas.
— Como assim? Estou vivíssimo – Diz ele.
— O que você é? – Dou mais um passo para trás e ele para frente.
— Raven, sou o Michael, por que não me dá um um um, um – Sua voz se repete como um computador – abraço nesse momento de luto?
— Eu não quero. – Meus olhos se amedrontam – se afaste ou pode não ver o dia amanhecer – Com uma mão seguro meus cristais protetores no cordão, com a outra mão pego a chave do carro em meu bolso, elaborar qualquer ritual para matar essa coisa levaria tempo, além do mais, eu não tenho conhecimento de ritual para isso, e tempo é o que não tenho.
Observo alguns fios saindo de seus lábios, ele estava lá quando o suicídio aconteceu, mas aquilo não foi um suicídio e isso é claro para mim. O que está dentro de Michael é um animatrônico, e o que matou Dylan também, tudo no mesmo dia, mesmo local e hora. Esta é minha hipótese, e devo confirmar agora.
— É um animatrônico não é?
— Você é muito insistente – Ele avança.
Minhas pernas tropeçam uma nas outras quando me viro para correr, e enquanto avanço o mais rápido possível para meu carro, o corpo de Michael vem mais rápido.
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1983: O início - 𝐌𝐢𝐜𝐡𝐚𝐞𝐥 𝐀𝐟𝐭𝐨𝐧
FanfictionDurante nossa vida perdemos constantemente pessoas que amamos, mas eu não imaginava que perderia ela tão cedo, em 1983 a criança mais importante para mim morreu, talvez por irresponsabilidade minha? Nunca soube. Sou Raven Emily, quando tudo acontece...