26 𖠌 Manhã Fúnebre

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Meus olhos não pregaram na noite passada, fiquei andando de um lado para o outro no corredor hospitalar, acalmava os familiares do Dylan e conversava com Sally. Quando estava prestes a amanhecer, chegamos ao local em que estou agora, na igreja que Dylan frequentava, organizo as garrafas de café e pacotes de biscoito junto à Joe.

Erika chega com duas garrafas de chá calmante por prevenção, as pessoas vêm chegando aos poucos e após três horas, às oito da manhã, o corpo chegou.

A mãe do mesmo chora com a cabeça deitada no corpo gélido, o pai tenta se conter segurando o ombro de sua esposa. Os amigos de Dylan, sentam-se nas cadeiras próximas e abaixam suas cabeças.

Sally, está sentada ao lado do caixão, segurando o máximo que pode o choro, me aproximo da mesma, colocando as mãos em seus ombros, prestando meu apoio. E meus olhos se direcionam ao corpo, um corpo pálido com manchas amarronzadas, e em teu pescoço, há a marca da fiação, está ainda avermelhado, no qual a maquiagem não foi capaz de cobrir, o que indica que foi amarrado sem piedade em seu pescoço, e baseado em tudo que aconteceu, com certeza foi aquele monstro que está no Michael. A expressão do cadáver é infeliz e dolorida, para alguém que era tão feliz.

— Vai ficar tudo bem – Repito para diferentes pessoas algumas vezes.

Joseph chega ao local, prestando seus sentimentos aos familiares e amigos até chegar em mim.

— Sinto muito pela perda – Diz ele se aproximando para um abraço que recuo imediatamente – certeza de que ele era um homem bom.

— Era sim. – Olho para o caixão novamente, a expressão de Dylan, as sobrancelhas um pouco mais contraídas e os lábios para baixo, tento me acalmar voltando minha atenção para Joseph.

Mais uma vez ele se aproxima para um abraço, e mais uma vez recuso.

[...]

O corpo foi enterrado em meio choros desesperados, meu pai logo se aproximou de mim, pedindo que fôssemos embora, eu não recuso, não tenho forças para recusar qualquer coisa agora, dou um abraço em Sally e os demais antes de entrar no carro que dá partida imediata.

Meus olhos marejados encaram as paisagens passarem, e sem tirar minha atenção disso, minha boca fala primeiro:

— Pai, o que você e Michael faziam?

— Trabalhos da FazBear – Ele se mantém sério.

— Quais tipos de trabalho?

— Projetos.

— E que projetos são esses?

— É confidencial, filha.

— Pai – me viro para ele – o senhor vai mesmo me esconder as coisas? Se era apenas um projeto, não tem motivos para não me contar, ainda mais que sou herdeira da empresa.

— É algo que você não pode saber, Raven.

— Por que não?

— Tá bom... – Ele respira fundo, tentando não perder a paciência com minha insistência – só tenta não se desesperar, ok?

— Ok.

— Eu e Michael estávamos conversando sobre o meu velho amigo William, ele não é um homem confiável, Raven, foi ele quem matou sua irmã.

— E como o senhor sabe se é mesmo ele?

— Escutei ele falando sozinho no escritório poucos dias antes de nos mudarmos  – Seu olhar se entristece – fiquei com medo que tentasse algo contra você e sua mãe também. Além do mais, depois que o filho dele morreu ele... Digamos que usou para experimentos.

1983: O início - 𝐌𝐢𝐜𝐡𝐚𝐞𝐥 𝐀𝐟𝐭𝐨𝐧Onde histórias criam vida. Descubra agora