29 𖠌 Sorriso Hostil

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Michael está, de certa forma, morando comigo por enquanto, mas eu trabalho durante o dia e ele está de segurança noturno, então só nos vemos por breves minutos do amanhecer, quando estou me preparando para sair.

— Acordou tarde hoje? – Michael aparece com sua voz enrouquecida após destrancar a porta da sala e se colocar para dentro.

Ele está muito doente, todavia não me deixa levá-lo ao hospital, já que assim podem descobrir o ocorrido de algum modo. Mas estou com medo disso, sua voz não melhorou, e algumas vezes ele fica bambeando pela casa.

— Você está chegando e eu estou saindo – Tomo minha bolsa branca em mãos e caminho até o mesmo.

— Toma cuidado, princesa. – Ele depositou um beijo em minha testa.

Princesa... É tão bom escutar isso novamente e saber que é ele dizendo isso a mim, que é ele quem me denomina desta forma e não aquele amontoado que estava em seu interior.

E com o passar das horas, em meu consultório, aguardo o próximo horário de atendimento, um vento fresco invade o local pela janela e a ela me direciono.

Penso comigo como será depois que tudo acabar, mesmo que matemos os animatrônico, William ainda estará solto e assim precisaremos o encontrar o mais rápido possível, tenho medo que não seja possível.

Sobretudo, penso em minha irmã. Irá doer? Ela irá sofrer muito para morrer? Saber o estado que ela está é como me matar por dentro, tendo ciência de que nada sou capaz de fazer, para uma irmã isso dói...

Dói ver quem quase criei, neste estado. E como irmã, eu preferiria estar em seu lugar, mesmo que brigássemos uma com as outras quando ela crescesse se nada tivesse acontecido, eu a amaria, mesmo se ela pegasse minhas coisas escondido, eu a amaria e a protegeria. Ela faria o mesmo por mim.

Clientes entram e saem daqui, dou a eles soluções, acolhimento, tudo o necessário, mesmo que eu não tenha rumo em minha própria vida ao pensar o quão ruim tudo pode acabar. Eu faço terapia, mas o que me incomoda eu não posso dizer, tudo que eu preciso é da certeza de que minha irmã descansará e que as últimas e piores camadas do inferno aguardam o William Afton, e que aqueles olhos mortos não encarem mais crianças que estão a brincar.

Em poucos dias meu pai bateu a porta, ele veio a mim com teus olhos cansados e sorriso desgastado, sua mão se pôs em meu cabelo com um gesto afetuoso seguido de um longo e caloroso abraço.

— Consegui capturar a pequena Char – Disse ele – ainda resta Elizabeth e dois dos animatrônicos que ainda estão soltos.

— Não devem demorar entrarem também, não se preocupe tanto, pai. Dará tudo certo, pode confiar – Sorrio – tem que manter a positividade, se não a mãe vai reparar.

— Sua mãe? – Ele sorriu de forma óbvia se sentando no sofá – Ela já notou nosso comportamento estranho há muito tempo, nada passa despercebido por ela. Acredite filha, está difícil esconder dela.

— Imagino. Vou pegar um café – Digo seguindo até a cozinha e falando em voz alta – E como Michael está indo no trabalho?

— É um garoto ótimo. Ele é infelizmente acostumado com os monstros, então está indo muito bem no trabalho, já está perguntando se tem como ele receber hora extra.

— E tem como? – Uma risada honesta e alta sai de minha boca.

— Não. – Ele gargalhou.

— Tadinho, pai. – Voltei risonha com a xícara fervente em mãos, o entregando.

— E você fica esperta com ele morando aqui por enquanto. – Seu rosto fica levemente sério.

— Pelo amor, pai – Rio me sentando ao seu lado – a gente tem juízo na cabeça.

1983: O início - 𝐌𝐢𝐜𝐡𝐚𝐞𝐥 𝐀𝐟𝐭𝐨𝐧Onde histórias criam vida. Descubra agora