21 𖠌 Joseph

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No dia seguinte tudo ocorreu como o normal, a diferença é que Michael não ligou nem deu sequer sinal de se está bem ou mal.

No final do dia me apronto de uma forma simples: regata preta e calça jeans cos baixo, um tênis qualquer e cabelos presos, não tenho porque me arrumar tanto para uma ocasião que não me prende interesse.

Como um cavalheiro, Joseph veio buscar-me e ao chegarmos noto que ele tem assunto para literalmente tudo, como uma maritaca ele não se cala um segundo, mas não violentou nenhum grupo social, o que é impressionante e acaba tornando a conversa certamente mais agradável do que seria normalmente.

— Lembro como se fosse ontem quando assisti Edward Scissorhands, pensei que seria ruim, fantasia nunca foi minha praia, mas me surpreendi – Diz ele com animação – Johnny Depp fez uma atuação tão realista que...

— Eu nem sabia que você gostava desse tipo de coisa – Digo surpresa – eu achei o filme bom, não é o meu favorito, mas não deixa de ser um lindo filme.

— Gosto de muitas coisas hoje que antes ninguém poderia imaginar, como os livros.

— Essa foi inesperada – Continuo caminhando pelo shopping indo até o cinema, entrando na longa fila para os ingressos – aliás, qual filme a gente vai assistir.

— Jurassic Park. – Ele parece um pouco sem jeito.

— Parece interessante, não assisti quando lançou em junho.

— Que bom que voltou aos cartazes então, aposto que você vai amar – Nossa vez na fila chega e ele se vira para a mulher a frente com o uniforme do cinema – Dois ingressos para Jurassic Park – Ele se vira para mim – Pipoca doce ou salgada?

— Oh... não precisa não.

— Tudo por minha conta, você tem cara de quem gosta da salgada – Balanço a cabeça – acertei olha só – ele volta a atenção para os pedidos.

É estranho ver ele assim, me lembra um pouco o jeito do Michael agir.

Que Michael o que, ele nem deve estar pensando em mim depois de ontem, ou será que está? Eu não sei..., mas espero que esteja e que ele venha conversar logo, eu odiaria ter que ir primeiro, poxa pode ser ao mesmo tempo também, não? Mas eu menti? Não menti não, o melhor era esperar, independente das circunstâncias isso pode tirar a vida dele.

Isso pode tirar a vida dele...

— Raven? – Joseph me tira do meu mar de pensamentos – Vamos? Já é 19:30. O filme já está começando.

— Uh-hum – Sigo ele até a sala.

Se passam um pouco mais de duas horas, logo saímos e começamos a andar pelo shopping, sem muito rumo do que fazer, mas conversamos, eu sinto algo muito estranho na aura do Joseph, mesmo ele parecendo uma pessoa melhor e algo nele me traz uma familiaridade reconfortante.

— Me permite levar a senhorita até sua bela casa? – Ele brinca.

— Não dessa vez – Sorrio – tenho que comprar algumas coisinhas.

— Eu faço questão – Ele sorri de canto a canto.

— Eu peço um táxi depois, não se preocupe. Muito obrigada por hoje. – Minha voz suave mantém um pequeno sorriso.

— Bem, tenha uma ótima noite então – Seu sorriso sumiu, ele se manteve sério por alguns instantes e tentou retornar com aquele sorriso – não pense duas vezes em ligar para mim se precisar – ele se virou de costas e começou a caminhar até que eu o perdesse de vista.

Meus passos vão até o primeiro mercado que tiver ali dentro, meu café acabou então preciso de mais pó de imediato. Sigo calmamente dentre os setores até me deparar com o Michael, isso me assustou um pouco, parei ao seu lado e direcionei meus olhos ao café.

1983: O início - 𝐌𝐢𝐜𝐡𝐚𝐞𝐥 𝐀𝐟𝐭𝐨𝐧Onde histórias criam vida. Descubra agora