BÔNUS 𖠌 Good Ending Pt.FINAL

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Calço o primeiro sapato que vi pela frente, não me preocupo sequer em trancar a porta quando me coloco a correr na rua fria e pouco movimentada, apenas em pegar a garrafa de substância no quarto e o inalador dosimétrico do Michael, conheço-o bem, ele não vai ficar longe da fumaça.

O frio não vem somente sobre minha pele, mas em meu peito também.

Se chama medo.

Pela forma afoita como ele falou no telefone, tenho quase certeza que não é somente a Elizabeth quem entrou.

Escuto pneus derrapando logo ao meu lado, e ali está meu pai, bagunçado e sério me mandando entrar com pressa.

— William está dentro. – Ele diz virando a curva e passando a marcha – Quero que me escute bem: Vamos esperar ele ir até o labirinto, vamos espreitar por enquanto. Estamos entendidos, Raven?

— Por que tá falando assim? – Ergui a sobrancelha.

— Porque te conheço bem. Você será isca se ele não for sozinho.

— Eu sei disso... – Eu preciso atrair a praga pra minha armadilha... – E o Michael?

— Está na sala de segurança. Ele vai sair pouco antes do fogo começar.

Coloco a bombinha de ar do Afton, dentro do porta luvas.

O carro para pouco antes da pizzaria e seguimos o resto a pé, mas com pressa. Nos aproximamos do estabelecimento em silêncio, nos abaixando ao pé das janelas de vidro.

Lá estava o William, um morto que anda sobre um traje de sangue e ferrugem.

A fantasia de coelho está destruída e manchada do vermelho seco, a escuridão não me permite ver com detalhes, mas tenho quase certeza que é seu intestino pendurado na barriga do traje.

— Ele não está indo – Sussurro baixo para meu pai – Eu vou.

Ele respira fundo e assente:

— Vá com cautela, filha, por favor. – Tira do bolso uma caixinha de fósforos e me entrega.

Eu devo jogar esse fósforo na escada labirinto, lá embaixo está cheio de materiais inflamáveis com gasolina e objetos de pano que alastram o fogo com facilidade.

— Prometo acabar com ele, mas com cautela. – Brinco baixinho, apertando seu ombro com uma mão antes de me afastar – Por favor fique aqui, pai, eu volto já.

Ando agachada até a outra janela à direita, a mais próxima da entrada do corredor, minha mão já pálida toca a alavanca gélida da janela, abrindo-a com sutileza.

Eu, ainda com a mesma roupa de cedo, seguro a borda da saia e levanto primeiramente a perna direita, entrando para dentro de pouco a pouco.

Meu coração dói com as batidas fortes e meus olhos não se permitem desgrudar do Afton que está virado para o outro lado, o lado que fica a sala de segurança.

Me esquivo entre quatro caixas de equipamentos, caixas que se eu estivesse em pé, bateriam pouco acima do meio da coxa, então elas me escondem bem.

Entrando no corredor eu passo pela primeira curva, William não pode me ver.

— Char? Você tá aí? – Finjo em alto e bom tom para que aquele ser maldito escute, como se eu realmente estivesse procurando pela pequena.

Os passos metálicos e lentos começam a soar na entrada do corredor.

— Tem alguém aí? Char... Eu sei que está aqui, vamos pra casa – Minha voz sai quase como um grito, e como eu queria que fosse um grito verdadeiro...

1983: O início - 𝐌𝐢𝐜𝐡𝐚𝐞𝐥 𝐀𝐟𝐭𝐨𝐧Onde histórias criam vida. Descubra agora