Na manhã de domingo, eu já havia recebido meu pequeno pagamento, vi ali uma oportunidade de comprar algumas coisinhas para meu primeiro feitiço.
Novas velas e incensos, não queria que meus pais soubessem, por mais que eu soubesse que não iriam
"me atacar" por isso.Em si, o mundo é cruel, caso isso saísse do meu quarto, tinha medo do que as pessoas poderiam fazer e falar sobre a minha pessoa.
Intolerância religiosa, resumidamente.
Todavia, eu me senti conectada desde a primeira vez que vi aquele livro na biblioteca, procurei saber sobre outros tipos de bruxaria também, mas a natural é a que mais me atrai.
Eu não sabia exatamente onde encontrar as coisas, demorei metade de um dia inteiro até achar um lugar que vendesse o que eu precisava, uma pequena lojinha afastada do centro, ela era um pouco escondida, não deixava de ser linda.
Eu não podia comprar tudo que eu precisava de uma só vez, então comprei alguns potinhos, velas e os incensos, levando em conta que o dia seguinte eu teria escola e trabalho, deixaria o primeiro ritual para depois, mas queria, aos poucos, encher minha gaveta com o que eu precisasse.
A dona da lojinha foi totalmente simpática comigo, e até pequenas dicas foram dadas a mim, conversamos um pouco e ela me disse sobre sua jornada nesse caminho.
Me disse que seria um aprendizado eterno e que não haviam regras ou quem fosse mais forte, disse-me também que daqui a um tempo eu poderia começar a aprender sobre tarô, e estaria lá para me ensinar.
"Gosto de ajudar as novas bruxinhas e bruxinhos, quando era eu ninguém me ajudou. Apesar que você é praticamente minha única cliente nessa cidade"
E sorriu.Às exatamente quatro da tarde, adentrei a porta de casa, com o máximo silêncio que eu podia, escutei mamãe e papai na cozinha preparando algo, escutei a voz de Char na cozinha também, provavelmente ajudando entregando as colheres, etc.
Na ponta dos pés subi as escadas para o segundo andar onde ficara meu quarto, fechei a porta e coloquei a sacola sobre a cama.
Abri a gaveta do guarda-roupa e coloquei tudo por baixo das roupas íntimas, não havia motivos para mexerem nessa gaveta.
— Michael veio aqui mais cedo – Disse minha mãe, quando entrei na cozinha – disse que deixou o skate dele aqui, por que o skate dele estava no seu quarto?
Michael nunca sequer deixou o skate dele comigo, é quase um filho para ele.
— Eu nem sabia que o skate dele tinha ficado aqui – Disse eu e sorri – e que cheirinho é este?
— Torta de carne! – Disse Char, vindo até mim com uma colher cheia de carne moída.
Coloquei na boca e minha nossa. Elogiei a comida e Char se gabou:
— Eu que tô ajudando.
— Agora só falta assar – Meu pai falou, me entregando sua carteira – vocês podem ir no mercadinho comprar dois refrigerantes e ketchup?
— Claro! – Peguei Char no colo e saí andando com ela – Char está animada para a festa de amanhã?
— Sim – Ela balançou seus pés no ar, logo saí da casa – meus amigos vão estar lá, e a Puppet também!
— Gosta da Puppet?
— Muito! Ela cuida de mim, igual você.
— Fico feliz em saber Charlotte – Sorri tímida. Sinto que estou sendo uma boa irmã para ela.
— Tem uns garotos na minha turma que fazem aulinhas de luta – Disse ela.
— E você quer também? – Ela balançou fortemente a cabeça – Ok, ok, vou ver se te coloco numa aulinha dessa. Apesar que não sei se mamãe vai querer.
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1983: O início - 𝐌𝐢𝐜𝐡𝐚𝐞𝐥 𝐀𝐟𝐭𝐨𝐧
FanfictionDurante nossa vida perdemos constantemente pessoas que amamos, mas eu não imaginava que perderia ela tão cedo, em 1983 a criança mais importante para mim morreu, talvez por irresponsabilidade minha? Nunca soube. Sou Raven Emily, quando tudo acontece...