30 𖠌 Bad Ending

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É chegado o dia em que teu pai virá, sinto isso ardendo em minha alma, mas nada digo, se for verdade, não devem saber ou ficarão ansiosos. Michael está confiante de que tudo dará certo. Todos os dias ele se despede de mim com um caloroso beijo e abraço, parte meu coração o medo de cada um ser o último, já que nada do que acontece na pizzaria está ao meu alcance.

Eu sinto tanto orgulho dele, meu coração palpita a cada vez que o vejo ou penso nele, saber que ele é quem me beija e está comigo, aquece meu coração. Pois eu vi sua trajetória desde muito novo, a perda de seus irmãos e de sua mãe, tudo isso causado pelo seu próprio pai. Eu honestamente tenho certa dificuldade em entender como ele se mantém tão sorridente mesmo assim, é admirável.

Durante muito tempo, eu me senti amaldiçoada, a culpa por não ter salvado minha irmã me assombra até hoje. Me lembro que na faculdade eu não podia pintar meu cabelo e a cada dia que se passava, eu me parecia mais com uma versão adulta da Char, eu segurava o choro toda vez que me olhava no espelho, e quando finalmente voltei a Hurricane e pude pintar meu cabelo, me sentindo eu novamente e trabalhando em um bom lugar, pensei que ficaria tudo bem, mesmo que o causador de tudo ainda não tivesse sido encontrado.

Mas nenhuma alegria na minha vida durou por muito tempo. Quando Michael me chamou para tudo isso, se acendeu uma chama vingativa em mim, uma chama que foi se apagando a cada dia e se tornando um desejo de paz, não só para mim, mas para minha irmãzinha. Todavia, mais pessoas morreram, eu sinto como se caminhasse junto da morte.

E agora, sinto a reta final dessa história e isso me amedronta, pois eu estou bem e está tudo indo conforme os planos. Isso me traz sentimentos mistos de alegria e medo, mas tento manter o positivismo, mesmo que o pessimismo sempre tenha sido minha área.

No final do dia, depois de longas horas de trabalho, meus pés tocaram a cerâmica fria do meu banheiro, meu corpo parecia estranho, talvez eu estivesse doente, não? Está muito quente, muito, mas ainda está frio em minha casa e rua, e meu aquecedor está quebrado.

Talvez eu esteja com febre. Nada que um bom banho frio não possa resolver.

Fiz ligação para meu pai mais cedo, ele estava com a voz rouca, deve ter virado a noite mais uma vez. Essa semana, os animatrônicos se aproximaram e entraram, Bonnie, Chica, Foxy, funtime Freddy e aquele amontoado de animatrônicos que estão nele. Eles estão presos no labirinto da pizzaria, meu pai aguarda apenas uma presença em específico, Elizabeth Afton. Ela se tornou sanguinária demais para ficar solta.

Depois de um banho demorado, minha cabeça ainda não deixa de lado tais pensamentos e ansiedade. Mesmo colocando minha melhor roupa, minhas típicas saias e tops de crochês clarinhos, mesmo meditando e fazendo meus estudos.

Os pensamentos não param, a sensação de que será em breve, a sensação de que está mais próximo do que possamos pensar.

Minhas pernas se cruzam quando me sentei no sofá, jogando minha cabeça para trás e respirando fundo. Por que esse sentimento parece tão ruim? Eu odeio isso.

Odeio porque quando sinto algo ruim ou minimamente diferente. Antes eu gostava, mas perante a situação em que me encontro, ter pressentimento é a última coisa que quero.

Me levantei do sofá, pegando meu baralho de Tarô Rider Waite, eu pegaria o Tarô de Thoth, porém não me recordo de onde o coloquei. Com o citado em mãos, retorno a sala de estar, me sentando no sofá e embaralhando as cartas, para fazer uma tiragem simples.

Quando faço os movimentos para a tiragem, três cartas caem abruptamente, as encaro confusa, pois elas estão viradas para baixo. Guardei as demais e desvirei as três uma por uma e minhas mãos se tornam trêmulas enquanto as interpreto.

1983: O início - 𝐌𝐢𝐜𝐡𝐚𝐞𝐥 𝐀𝐟𝐭𝐨𝐧Onde histórias criam vida. Descubra agora