Capítulo 35.

463 26 21
                                    




Benjamin


Eu estava provocando.

E me divertindo pra cacete no processo.

Falar que não se sentia afetada por mim? Era como falar que a porra da Terra não era redonda. Era quase palpável a reciprocidade que emanava do seu corpo para o meu. Vinha lutando bravamente, é verdade, mas a maneira como olhava para mim ou como sua pele respondia ao mais simples toque escancarava um desejo que era muito semelhante ao que eu sentia o tempo todo.

Poderia me detestar? Com certeza. Mas não poderia negar por muito mais tempo o fato de que sempre estaríamos atraídos um pelo outro. E se fosse aquele o único caminho para que eu pudesse me aproximar minimamente? Eu o usaria então.

— Diga as palavras, Emma. — Inclinei-me e cochichei próximo ao seu ouvido esquerdo.

Eu tinha o seu perfil à minha inteira disposição. Meu braço estava apoiado no encosto de sua cadeira, fazendo com que eu pudesse ficar perto o suficiente para namorar a linha perfeita do seu queixo ou para me aproximar de sua orelha, da sua bochecha, do cantinho da sua boca...

— Não sei do que você está falando. — Murmurou, fingindo-se de desentendida. — E fique quieto, estou tentando prestar atenção.

Estava com a postura ereta e com os olhos pregados no palco, como se estivesse fazendo um enorme esforço para se concentrar em qualquer parte do discurso longo e prolixo de Nate.

— Em que exatamente? Na próxima citação que ele vai fazer de Platão?

Ela soltou o início de uma risadinha espontânea que não chegou a se propagar inteiramente. Interrompeu-a de imediato, simulando uma tosse ridícula no lugar, como se fosse o maior crime do mundo ser pega rindo de qualquer coisa que saísse da minha boca.

— É... — Limpou a garganta discretamente — alguém deveria ter revisado esse discurso.

— Pois é. Então vamos falar do que realmente importa aqui: eu admito que estou atraída por você. Admito que meu corpo reage ao seu toque e a sua voz...

Afastou-se minimamente, colocando uma distância segura entre nós, e olhou para mim com o semblante repleto de sarcasmo.

— Eu admito que você está me irritando, pode ser? — Murmurou para não atrapalhar as pessoas que estavam próximas à mesa.

—  Excitando? — Provoquei apenas mexendo os lábios.

Ela soltou uma lufada de ar com a boca em uma exasperação exagerada e voltou a sua atenção para a fala chatíssima de Nathaniel. Balançou a cabeça em uma negativa, e eu soltei uma risada.

Linda.

E então, ele me veio com mais uma citação pedante. Soltei uma risada pelo nariz, e ela deu uma piscada mais longa, fazendo força para não dar risada. Prendeu o lábio inferior com o dente, tentando heroicamente, mas um sorriso resignado acabou aparecendo de qualquer maneira.

Puta merda, era, de verdade, uma satisfação enorme poder fazê-la sorrir.

— Viu só? — Voltei a pender para o seu lado.

— Só fique quieto, Benjamin. — Comentou ainda tentando conter o humor inevitável que queria explodir em si.

— Não te digo que sempre tenho razão?

— Não que precise exatamente ser um gênio pra sacar a vibe de Nate, né?

— Pra sacar a sua vibe também não, baby. — Aproximei ainda mais de seu ouvido — Se eu ficar falando pertinho do seu ouvido, sua pele vai ficar arrepiada como quando eu toquei em você mais cedo?

Divorce [REESCRITA]Onde histórias criam vida. Descubra agora