Benjamin
Observei Nathaniel ajustar os papéis já organizados em cima da mesa pela terceira vez em menos de 10 minutos. Estava terrivelmente nervoso embora não tivesse verbalizado nada. Dali alguns minutos, Jessyca viria para uma reunião para ajustar alguns detalhes sobre a transferência da conta da marca dela para a agência, o que era algo grande para ele. Precisava provar para si mesmo, mas - sobretudo - para ela que era capaz e que poderia chegar a qualquer lugar que almejasse. A inauguração da agência era mais que um sonho para ele, todos nós sabíamos disso. Era o último degrau de que precisava alcançar para fechar, de uma vez, aquele ciclo bizarro.
Almoçamos juntos, e fiquei ali dando uma espécie de um apoio moral silencioso, que não era nada perto do tanto que ele já havia feito por mim.
— Nathaniel, dentro do possível — gesticulei para o lugar ainda inacabado — as coisas estão ótimas. Senta a bunda e relaxa.
— E quem disse que não estou relaxado? — Questionou na defensiva, mas enfim sentando-se à minha frente.
— Você está?
— Não. Parece que vou vomitar todo o almoço a qualquer momento.
Estava na ponta da minha língua a vontade de falar que era só a porra da Jessyca e não o bicho papão, mas, segunda Dra. Ted, não era apropriado julgar e diminuir a dor do outro e resolvi colocar aquela merda em prática. Aquilo era grande para ele e ponto final, eu não estava autorizado a emitir qualquer tipo de julgamento.
Depois do episódio, no mínimo, vergonhoso no cemitério, eu havia voltado ao consultório no mesmo dia com o rabo entre as pernas, implorando por ajuda. Ela me disse que, pela primeira vez, eu parecia verdadeiramente disposto a levar aquilo a sério, o que a deixava orgulhosa. Não me lembro de já ter escutado na vida que alguém se orgulhava de mim então sentei no sofá de couro disposto a falar de toda a merda que ela quisesse. Estipulou que deveríamos ter mais sessões durante a semana, e eu concordei.
Nathaniel prendeu a respiração quando o barulho do elevador se propagou barulhento pelo ambiente. Olhei por cima do ombro, vendo Danny entrar distraído, mexendo no celular.
Antes que tivesse a chance de me ver, e o clima ficasse uma verdadeira merda, achei melhor ir embora.
— Ah, que ótimo... — Danny ironizou quando levantou os olhos e percebeu a minha presença.
— Eu já estou de saída. — Respondi friamente, levantando-me e vestindo a jaqueta jeans que estava acomodada nas costas da cadeira.
— Melhor assim, porque estou especialmente tentado a esmurrar a sua cara hoje.
— Ah, por favor, vocês dois... — Nate rosnou, colocando a cabeça entre as mãos, exausto. — Isso é ridículo. Já passou da hora de vocês se acertarem. Conte de uma vez toda a história para ele, Benjamin. E você — apontou para Danny — mostre o mínimo de gratidão e dê a esse imbecil o benefício da dúvida.
— Ah, Nathaniel, vai se foder. — Retrucou irritado, tirando seu paletó azul, acomodando-o na sua improvisada mesa. — Dei a vida inteira o benefício da dúvida pra ele. Já chega.
— Dê mais uma então. Ser amigo, às vezes, é uma grande merda mesmo. Além do mais, nada disso aqui — abriu os braços se referindo à agência — estaria acontecendo sem ele, Danny. Então dê um tempo.
Engoli seco, detestando aquela situação.
— Não estou esperando qualquer tipo de gratidão. — Cuspi a palavra com raiva, querendo esclarecer definitivamente aquilo.
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Divorce [REESCRITA]
ChickLitIncompreensível. Intenso. Um sentimento que os consumia por dentro. Eram de mundos completamente diferentes e carregavam valores completamente diversos. Ele era egoísta, prepotente, manipulador e obsceno. Ela era doce, carinhosa, equilibrada e justa...