Poema 47

22 0 0
                                    

e então
as estações como diz aquela música
mudaram
e você já não estava mais aqui

e então
o dia, aquele dia
nunca chegou
eu não nasci, o sol saiu, a terra não parou de girar, e tudo é exatamente igual
a todos os outros verões que existiram

e você, é só uma lembrança
uma marca de cicatriz deixada por uma cruel catapora
ou uma catastrófica queda de bicicleta
veio, marcou minha pele e se foi

diferente de todas as outras dores que esperei
nada dói agora
parece que o ar se tornou até mais fácil de respirar
e o tudo que era sobre você, ou como você sentia
retorna ao pó
pois uma pessoa idealizada nunca existe além de uma mente carente.

as estações resistem e passam conforme o tempo próprio delas.

e eu não resisto,
só tenho deixado o tempo passar por mim e me formular como queira

o que quero não importa
não mais

o que querem
aos poucos se diminui
dentro da minha vontade de agradar

e assim, distante das palavras
longe do caos externo
frente comigo
sem abrigo e certeza de nada
enxergo, que não sei sobre metade das coisas que jurava entender

admito saber o que sinto, e jamais vou conseguir esconder
relembro pois estou vivida demais para esquecer
e por fim,
era preciso estar sem abrigo de mim mesma para aprender a viver sem você.

–eu existo.

A voz que o silêncio tem.Onde histórias criam vida. Descubra agora