Poema 23

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Numa folha em branco, despejo-me aos prantos
pois não suporto a indecência de me ser
se sou frágil e humana, lançam-me aos barrancos
se sou fria e hostil, juram ser difícil de me ter.

Querem de mim, às minhas falhas
e não a poesia que minha boca fala
querem de mim, até a última gota do que sou
mas, quando me quebro a ceder, desprezam o meu amor.

Querem me ver aos pedaços, mas não notam pelos traços
que aos estilhaços, há tempos já estou.
mascaro minha dor, até que eu possa fugir daqui
fugir, de tudo que me obriga a existir.

Este corpo pesado que carrego, enche-me de paixões ridículas
pois, ridículo é, o ser que não ama até às partículas que meu ser incrível abriga.

E sim, este é mais um poema sobre você.
Sobre as dores que reacendeste em mim.
E entendo, meu bem, você é, assim como eu, um ser humano falho. nós somos.
Mas poderia ao menos, ter partido antes, antes de me apaixonar assim pela morte.

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