Poema 49

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pov:

o gosto do licor amargo das flores rosas,
que centeiam a praça
faz em minha mente uma ressalva;
todo padecimento, fuma um cigarro que semeia esperança pelo ar.

desesperanças, são álamos
ou alguns jovens nos bancos do xadrez, e até presentes em palcos a noite.
há, há coisas ditas, coerentes no silêncio dos olhares. o que não há, é um diálogo na mesma língua.

metros a kilometros.
clicks a wi-fi desligado.
som, em mal contato.

listras de uma paisagem tão inalcançável.
anseios que foram substituídos pelas atrocidades de uma vida real demais.

mas isto, é apenas um poema disposto em alguns pares de palavras.
eu, não sou nada.
quem dirá
a minha palavra.

é apenas, gramática.

pov:

mas resiste nas entrelinhas
uma vaga esperançosa solidão; de que, todos os sinais que me destes foram alguma coisa.
espero minha fumaça das flores.

não espero que seja provável, como as coisas impossíveis deste mundo.
só queria entender a sua linguagem exata sem tanta ciência.
queria te conhecer sem ser possessa de minha carência.
bicho ferido é arisco.
mas se tua ferida parece doce, porque eu não compreendo sua língua.

precisaria eu me assemelhar ao diabo para que me vesses como anjo?
ou, rabiscos de desenhos e palavras nunca te denunciam o que tanto sinto?

não hei, de reconhecer as cores do fim do dia.
nem desfrutarei sua companhia.
sim, por egoísmo de anseiar sua presença; parece que tua vista se prende a tudo, menos a mim. como parecia estar.



l.e

A voz que o silêncio tem.Onde histórias criam vida. Descubra agora