a vista da janela
agora era um pouco desconfigurada
tela quebrada
um maço de cigarro na mesa
uma garrafa de bebida lacrada
tudo que proporcione uma morte em minha frente
mas, nada disso, me mata como sentir.sentir até rachar
meus últimos átomos inteiros
sentir, arder e morrer por dentro
a cada vez que tudo desaba sobre mim.sentir minhas dores
sentir as dores de outrem
sentir pena dos que vivem
e dos que, como eu, não são de alguém.o julgo de minhas palavras
maneiras e secas
desce sobre cada ser defeituoso que encontro
como se eu não fosse o pior deles; aquele que prefere morrer na praia.todos os ângulos
tem olhos tristes nessa cidade
ou será que são os meus?
que se encontram tão pesados
pelos meus pêsames guardados,
por todas as almas mortas
de um vale de carnes sem vida
se esgotando
se tocando
gotejando dor
para provar que ainda sente.minhas paredes cinzas
me escondem do mundo
mas ainda o sinto a minha volta
caindo os pedaços
arteando os traços da perfeição
que só existe em palavra.poema ou tapa?
depressão, ou é de mim que sinto tanta falta?
me vejo como um conjunto de falhas
que prefiro, me odiar
e me humilhar para por outro ser amada.nenhum desses olhos sabe onde dói
nenhuma dessas palavras me excitam
nenhum desses poemas me fala, me toca, me arde.
nenhum calor dessa cidade me abraça
me faz sentir, que ainda tenho alma
nenhum olhar
que me acompanha pelas ruas
me imagina sorrindo, em vez de nua.
nenhum abraço,
nenhum anseio pela minha voz
nada pelo meu medo
de ser quem eu sou
uma coisa que nem nome tem,
porque deveriam me ler?um poema ou uma faca?
quando sou eu mesmo, quem me mata.
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A voz que o silêncio tem.
PoetryAbordo em poemas neste singelo livro, sobre dependência emocional e outras nuances sentimentalistas de situações reais, vivenciadas por muitos outros corações, não só pelo meu. Aqui, há a voz de alguém que não fala, mas grita fazendo eco da voz das...