just fuck me.

30 - cap.

capítulo com gatilhos para algumas pessoas, se você não se sentir bem lendo, pode pular. :)
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Amber Morris.

É hoje.

Hoje é o aniversário da minha mãe, o aniversário da pessoa que eu mais amei em minha vida. Eu não sei, eu não sei que dor é essa, mas quero que pare, eu quero que vá embora. Eu quero acabar com ela e eu sei exatamente como.

Levanto da cama enxugando algumas de minhas lágrimas, olho pro lado de minha cama e Eric estava ali, dormindo tranquilamente, o quarto da Catherine está uma bagunça porque a mesma está arrumando as coisas desde que chegou de viagem, e ele está dormindo comigo, e entro no banheiro que tinha em meu quarto. Me olho no espelho e vejo que eu estava péssima, estou desde ontem chorando, meus olhos estão tão inchados que nem eu mesma me reconheceria.

Meu olhar segue até a pia do meu banheiro e eu acho ela ali, a minha lâmina. Eu odeio usar ela, eu me sinto fraca e inútil toda vez que eu uso, mas eu preciso disso, eu sei que preciso.
Pego a mesma e encaro por alguns segundos, sentindo minha mão trêmula e meus olhos se encherem de lágrima no mesmo momento.

Lembro de cada palavra que meu pai disse e em cada dia que eu via ele agredindo minha mãe. Cada momento dele batendo nela vem em minha mente, cada palavra dele, cada toque sujo dele no corpo de minha mãe, tudo vem átona.

"eu achei que já havia me machucado antes, mas ninguém nunca me deixou tão ferido.
suas palavras fizeram um corte mais profundo do que uma faca.
agora eu preciso de alguém que me sopre a vida novamente."

Levanto um pouco a blusa grande que eu vestia e levo a lâmina até a minha pele deixando ela parada ali por alguns minutos e sinto minhas mãos tremerem outra vez.

Me lembro de quando eu tinha 8 anos e desci as escadas quando ouvi gritos e presenciei minha mãe caída no chão e meu pai chutando a mesma, enquanto ela cuspia sangue.
Suas únicas palavras eram: "Faça silêncio, por favor, a Amber está em casa."
Ela queria silêncio enquanto estava sendo agredida só para eu não presenciar aquilo.

"sinto que estou afundando, mas eu sei que sairei viva, e irei superar.
você observava enquanto eu sangro até parar de respirar, estou tremendo caindo de joelhos, eu precisarei de pontos."

Passo a lâmina pela minha barriga fazendo um corte fraco e sinto uma lágrima percorrer sobre meu corpo. Abro um pouco minha boca quando afundo a lâmina com mais força em minha pele fazendo um corte bem mais fundo, e então, faço outro, outro e mais outro.

"Estou tropeçando pelos cantos, estou dolorido, preciso de ajuda.
eu precisarei de pontos."

Tiro a lâmina de minha pele e passo a mão ali no local sentindo sangue escorrendo por toda a minha mão.
Estava cada vez pior.
Pego a lâmina novamente e levanto um pouco minha perna apoiando ela na privada e levo a lâmina até a minha coxa e afundo ela ali sentindo uma dor enorme e ao mesmo tempo uma dor em que eu me sentia bem.

"você me atraiu, não conseguia perceber a dor, seu coração amargo, frio ao toque.
agora vou colher o que plantei.
estou aqui, sozinho revivendo meus problemas."

Respiro tão fundo que sinto meus pulmões doerem e continuo fazendo alguma machucados em minha coxa.

eu já não sinto mais dor.

"sinto que estou afundando, mas eu sei que sairei viva desta.
você observava enquanto eu sangro até parar de respirar, estou tremendo, caindo de joelhos.
eu com certeza precisarei de pontos."

Sinto meu corpo palpitar e uma falta de ar enorme me invadir. Sinto que irei morrer a qualquer momento e eu não me importo nem um pouco sobre isso.
Largo a lâmina e deixo ela sobre a pia novamente e me sento no chão sentindo uma tontura enorme.

"estou tropeçando sobre os cantos, estou dolorido, preciso de ajuda.
eu precisarei de pontos."

Porra, o Eric.
Escuto choros vindo do quarto e logo algumas batidas na porta.

— Amber. — Catherine me chama. — Está tudo bem?

— Ah, sim, está. — falo baixinho, sentindo a tontura cada vez mais forte. — Não entra, por favor.

— Amber, eu estou vendo sangue. — ela tinha preocupação em sua voz.

"você observava enquanto eu sangro até parar de respirar, estou tremendo, caindo de joelhos
eu precisarei de pontos, com certeza.
estou tropeçando pelos cantos, estou dolorido, preciso de ajuda."

Não sinto mais nada, não sinto dor, não sinto mais vontade de abrir meus olhos, não sinto mais vontade de nada.
E por um momento, vem Catherine, Eric, Kio e Ryan em minha cabeça.
e em seguida, vem minha mãe, minha mãe. Eu quero a minha mãe.

Não consigo abrir mais os olhos, é uma dor imensa. Não pelos cortes, mas sim por eu continuar aqui.

Sinto mãos em meu corpo mas não abro os olhos, eu não tenho força para isso, eu não consigo.

E então, meus pensamentos somem, e tudo o que eu sinto, é uma dor imensa antes de apagar totalmente.