Sangue Derramado

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Elanor sentia a escuridão a sua frente e sobre sua cabeça, as negras nuvens rodeavam aquela campina e certamente acompanhavam a escuridão que habitavam em Eldarion. Ela respirou fundo e fechou os olhos, em sua mente havia uma guerra, pois, parte dela estava encorajada a vencer seus maiores medos e parte ainda se achava incapaz daquilo. À sua frente, Eldarion sorria e balançava de um lado a outro, cortando o vento com sua majestosa espada usada por Isildur, porém em sua lâmina havia escritas em língua negra e um corte daquela lâmina, mataria qualquer um, seja homem, ou seja elfo.
À sua volta ainda se ouvia o tinir das espadas e machados, os gritos da morte de seus companheiros e inimigos e a campina que antes era verde, se tornava vermelha e negra com o sangue dos dois exércitos.

- Te darei uma chance de se ajoelhar e me pedir perdão, meu amor.- disse ele apontando a espada para ela. - Eu pouparei sua vida, porque eu sei que carrega um filho meu.

Elanor estreitou os olhos, ele não mudaria nem agora e nem nunca.

- Me ajoelharei perante o seu corpo morto, meu querido irmão, pois a criança que eu carrego não terá seu nome.- disse Elanor, sua espada cortou o ar quando Eldarion se abaixou, a luta iniciara, os dois príncipes eram hábeis em suas defesas e desferiam golpes rápidos, que eram defendidos com a mesma precisão. - Ela não saberá como foi gerada, nem nunca conhecerá quem foi Eldarion.

O príncipe impulsionou o corpo para frente e cruzando as espadas, fixou o olhar em Elanor. Ele se tremia com a força que fazia contra Elanor, que estava forte, com um sorriso no rosto ela disse:

- Seu nome será esquecido para sempre, pois você não tem honra e nem alma em sua voz, irmão.

Eldarion berrou e empurrou Elanor, que foi para trás se desequilibrando, e vendo que o príncipe marchava até ela com raiva, se preparou para defender-se dos golpes. As habilidades eram muito parecidas e eles pensavam juntos, assim que Eldarion se cansara de lutar, uma sombra escura, se personificando em Sauron pousou atrás dele e fez com que Eldarion parasse. Elanor estava a alguns metros, exausta e segurava firme a espada, olhando com espanto, pois o irmão parara de lutar e ouvia o que a sombra lhe dizia.

Elanor franziu as sobrancelhas e vendo que Eldarion repetia as palavras de Sauron, ele passava a mão sobre a lâmina e falava um feitiço maligno, do qual fazia a espada se tornar negra e adquirir uma chama verde incandescente ao redor.

- Ele está enfeitiçando a espada.- disse a si mesma.

- Sim, assim como eu lhe disse... - soprou o vento em seu ouvido, dizendo com a mesma voz de Manwë.- Agora estique sua espada e a coloque em frente ao seu rosto.

Assim Elanor fez, deixando a espada reta a sua frente e chegando perto da lâmina, fechou os olhos e repetiu o que a voz do vento lhe dizia.

" o mornië comes kal ar -o kal comes mornië " - que na língua comum traduz como: Da Escuridão vem a Luz, e da Luz a Escuridão.

Legolas estava no campo de batalha e parando um pouco observou ao redor, via as águias de Manwë sobrevoando o exército e matando orcs e trolls, conseguia ver Aragorn lutar bravemente ao lado de seu pai, o Rei Thranduil, porém não via Elanor. E subindo ele num amontoado de corpos de trolls mortos, ele olhou ao redor e enxergou a alguns metros do campo de batalha Elanor e Eldarion, e ele temeu assistir aquela cena.
De um lado Eldarion estava com a sombra de Sauron ao seu cangote e se revestia em língua negra de um feitiço ao qual ele não ousaria descrever, ele se preparava para matá -la. E Elanor estava a alguns metros dele, segurava firme a espada diante de seu rosto e com uma paz e um brilho refletindo seu rosto ela dizia palavras em élfico, palavras que traziam vigor aos ouvidos de Legolas e faziam os letreiros da lâmina de sua espada brilharem, um tom azul fluorescente ao qual os olhos dela, abrindo-se logo em seguida, brilharam da mesma forma. Manwë preparara o seu campeão com as armas ideias para enfrentar Sauron. Ambos os príncipes saíram em disparada com suas armas e Legolas sentiu seu coração disparar ao vê-los, e ao tocar as lâminas uma a outra, o choque entre elas, luz e trevas, produziu um brilho intenso e um golpe de ar que os jogou para longe um do outro, e inclusive foi propagado pela campina, derrubando todos os que lutavam, orcs, homens, Elfos e anões foram atingidos pela onda de impacto.

Elanor sentiu a poeira invadir sua garganta e tossiu, sentindo uma pontada em suas costas. O golpe a lançou para longe e contra o chão, ela sentia cada uma das costelas rangerem ao tentar se levantar. Ela gritou ao tentar se levantar e acabou por ficar em quatro apoios, olhando para o chão e tentando respirar o mais breve possível pois até isso doía. Ela colocou a mão sobre a barriga e pela primeira vez se preocupou se as crianças ainda estavam vivas. Ela ouviu passou apressados em meio a nuvem de poeira provocada pelo golpe das duas espadas e olhando para frente, só sentiu uma dor alucinante atingir seu nariz e a lançar para o chão novamente.

- Vadia desgraçada. - disse Eldarion surgindo, depois de chutar o rosto de Elanor e sentando-se sobre ela, colocou suas mãos em seu pescoço e apertou-lhe.

Elanor sentiu dor e desespero, os olhos dele estavam cheios de ódio, havia suor e saliva em seu queixo e seus dentes estavam à mostra com ódio. Ele apertava a garganta dela com as duas mãos e mantia assim, deixando Elanor sem ar. Em vão, ela levava as mãos aos punhos dele, ela estava em desvantagem.

- Eu te amei e você se aliou ao inimigo. Preferiu abrir as pernas à um elfo... sua vadia! - gritou ele apertando ainda mais.

Elanor aos poucos não conseguia mais puxar o ar, seus pulmões começavam a encolher e sua mente a fraquejar por falta de oxigênio. Sua visão ficou turva e então ela ouviu uma voz.

- Elanor...

Em meio ao caos e a morte eminente, ela olhara para atrás dos ombros de Eldarion e então vira o rosto de uma mulher de cabelos loiros, uma pele alva com um semblante sorridente e calmo. As orelhas pontudas e a coroa de fios de prata indicaram que era a mais importante das rainhas élficas da história: Galadriel.

- Elanor... desperte o poder dentro de você. Você é filha de Mellian, serva de Yavanna, desperte!

As palavras ecoaram sua mente e foram crescendo, cada vez mais altas e Eldarion enquanto tentava matar a irmã com o enforcamento, via os olhos de Elanor brilharem como a luz do Sol e sua boca abriu -se em um grito de muitas vozes, e suas mãos o empurraram, o jogando para longe. Seu corpo se chocou contra uma pedra e ele se curvou de dor, sentia que uma de suas costelas havia se partido pois mal conseguia respirar. Ele olhou para o horizonte e viu Elanor vir até ele, caminhando lentamente e com os olhos ainda com a mesma claridade dos raios de Sol, ela caminhava e repetia as mesmas palavras.

- Melyanna ... Melyanna... Melyanna...

Ele engoliu a seco quando percebeu que ela estava perto demais e estendendo ela a mão, disse:

- Em nome de Eru e de todos os Valar, eu o mando de volta ao calabouço do fundo da Terra, servo de Melkor!

E estendendo ela a mão, o corpo de Eldarion se enrijeceu e contorceu, retirando todo a sombra do feitiço que Sauron fizera para controlá-lo. Sobre sua carne subia sombras que lhe machucaram quando saía e lhe produziam gritos de dor. A visão de Legolas, do qual saiu da multidão e fora em direção à Elanor e desde que a garota encarnava os poderes dos Ainu (servos dos Valar/deuses dos quais eram poderosos tanto quanto), ele esperou pacientemente pois sabia que suas flechas seriam pequenas à força que se apoderara dela.
Eldarion deu seu último grito quando a última sombra saiu de sua carne, deixando o corpo inerte de Eldarion sobre a relva e Elanor, caiu para o outro lado, apagando os olhos incandescentes e silenciando-se.

Meu Querido Legolas: Uma história de amorOnde histórias criam vida. Descubra agora