Elanor se apressou em chegar próximo ao irmão, que olhando para trás dos ombros dela, franziu as sobrancelhas e disse:
- Por que estava aqui sozinha com Legolas?
- Não é de sua conta, Eldarion...- retrucou ela, irritada.- Diga logo, o que você quer?
- Olhe como fala comigo... - alertou ele estendendo o indicador.- Aragorn mandou-lhe chamar. Algumas pessoas estão indo embora...
Ela revirou os olhos e puxando a barra do vestido pouco para cima, entrou de volta ao castelo, sendo seguida pelos olhos atentos de Eldarion.
- Eldarion...- disse Legolas, surgindo ao lado dele, o que fez o príncipe arquear as sobrancelhas e se ajeitar no lugar.- Há quantos anos não o vejo?
- Uns bons anos...- disse o principe de Gondor, torcendo um pouco o nariz para falar com o elfo. Apesar de amigo da família e presente nas falas de Aragorn ao contar as milhares de vezes sobre a Guerra contra o Senhor dos Anéis, Legolas não era bem visto pelo herdeiro do trono. Eldarion sempre invejava a beleza do elfo, a habilidade e destreza na luta e a jovialidade do princípe de Mirkwood, além do fato de que Elanor sempre estava perto do elfo quando ele os visitava. - Nada comparado às centenas de anos que você tem em seu histórico.
Legolas estreitou o olhar e franziu as sobrancelhas, estranhou o modo de como Eldarion se referiu à ele, ignorando a ofensa, sorriu e disse:
- Bem, se me permite, acho melhor eu ir...
O herdeiro de Gondor lhe deu passagem e inseguro, ajeitou o paletó e voltou para o salão.
Elanor se despedia dos convidados, ao lado de Aragorn e Arwen, quando Thranduil surgiu, ainda com o ar de orgulho.
- Foi um encontro formidável, princesa, espero que nos visite em Mirkwood. - disse ele, olhando para baixo, encontrando os olhos atentos de Elanor. - Gostava de suas visitas e espero recebê-las em breve. - disse ele com uma breve reverência, imitada por Elanor, que sorriu um pouco mais largo quando viu Thranduil piscar brevemente e sorrir.
Argorn e Arwen continuaram a conversar algo sobre o reino dos homens à Leste de Rohan quando Elanor se virou e encontrou os brilhantes olhos azuis de Legolas; ele sorriu e disse:
- Não ignore o pedido de meu pai, não é todo mundo que recebe uma intimação deste tipo. - ele piscou, fazendo Elanor sorrir.
- Só não prometo correr no trono como antes. Acho que estou mais pesada do que costumava ser... - disse ela sorrindo então Legolas riu baixinho. Ele se inclinou e sussurrou:
- Mas continua tão encantadora como antes. - disse ele, pegando-lhe a mão e beijando-lhe o dorso. Elanor ficou sem reação, um pouco boquiaberta ao sentir o toque dos dedos dele em sua mão e do beijo delicado e um pouco frio de seus lábios. Ela piscou algumas vezes e fechando a boca, molhou os lábios e disse:
- Quando nos veremos novamente? - disse, tão rapidamente que só depois prestou atenção no que havia dito, ficando um pouco ansiosa por isso.
- Procure-me nos seus sonhos... - disse ele, deixando um ponto de interrogação na mente da princesa. Afinal, Legolas estava falando uma metáfora?
Legolas sorriu e se afastou, dando-lhe as costas para cumprimentar Aragorn e Arwen, e entre os três, Elanor podia jurar que Thranduil ouvira e observara tudo que havia acontecido entre os dois, pois ele a olhava com certa curiosidade.
Quando todos foram embora e o castelo ficou vazio, a não ser pelos ruídos do varrer das vassouras conduzidas pelos servos sobre o chão de mármore e o tinir dos pratos na cozinha; em seu quarto, vestindo sua camisola de ceda por baixo de seu robe, Elanor passava o pente prateado entre as mechas negras, com seus pensamentos em todos os momentos da cerimônia e principalmente nas palavras ditas por Legolas. Seus dedos largaram o pente e delicadamente pegaram três partes do cabelo e começaram a trançar as madeixas, um costume que ela aprendera com algumas plebeias do povo humano. Então, sobre a penteadeira a luz da vela começou a tremular e uma penumbra começou a tomar a parte posterior da penteadeira, crescendo como uma onda do mar, Elanor parou de trançar seu cabelo e paralisada seguiu a sombra com o olhar; a escuridão seguiu para o teto e descendo para o chão, se formou uma forma humana atrás da garota, e das sombras, o rosto de Eldarion apareceu. Elanor suspirou, um pouco mais aliviada e em seguida foi tomada de uma raiva repentina e intensa.
- Já disse para parar de usar esse tipo de magia, ainda mais dentro de meu quarto. Radagast disse que nada de bom veio para quem brincou com esse tipo de magia. - disse ela, se virando para o espelho.
- Radagast é um mago velho e burro demais para alcançar esse poder. - disse o príncipe, chegando-se mais perto de Elanor e encarando seu reflexo, continuou: - O que Legolas queria?
- Não é da sua conta, já disse... - retrucou Elanor, se levantando e seguindo para a cama. Eldarion bufou e segurando seu braço, a puxou, fazendo a garota abrir a boca em sinal de dor.
- É da minha conta e você sabe disso.
- Eu não sou sua Eldarion, não vou fazer mais parte desse seu desejo sombrio e doente. Legolas é amigo da família e meu amigo... - disse ela, tentando se soltar, porém Eldarion a apertou mais.
- Sabe que isso não é verdade. Você é minha e Legolas não é seu amigo, ele quer ser algo mais, vejo isso na maneira que ele olha para você. - disse Eldarion, irritado.
- Você não tem nada haver com isso, meu irmão. Não há nada que você possa fazer, se eu quiser ser ou não ser mais do que uma amiga, isso é entre mim e Legolas.
- Não, não vou permitir. Quando eu for rei, não vou permitir que aquele elfo chegue perto de você. - disse Eldarion, tão irritado, que ele a puxou para mais perto, segurando os dois braços dela.
Elanor pareceu sentir a ira de Eldarion, que transtornado com a rebeldia da irmã, a segurava fortemente e com os olhos negros fixados nela, começou a proferir palavras sombrias, das quais Elanor sentiu um arrepio quando começou a ouvir, uma sombra começou a se expandir pelo quarto e um frio adentrou o coração da garota. Seu corpo começava a amolecer e sua força já não mais a mesma, Eldarion proferia palavras de uma magia sombria e Elanor temeu. Com medo e sem reação, a garota tentou se mover ou gritar, mas estava começando a não ter forças nem para piscar, e então, quase adormecendo pelo encanto, seus lábios proferiram as palavras que aprendera com Radagast.
- Lótesse i kal guide us
Como uma faísca que se acende e clareia um salão escuro, as palavras que saíram da boca de Elanor dissiparam as sombras que cresciam naquele quarto, assim como a figura de Eldarion se foi, deixando Elanor livre de suas mãos. Com força e liberta, a princesa suspirou e cambaleando, caiu sobre a cama, exausta. E em sua cabeça, uma voz familiar ecoava, repetidamente, relembrando o que Radagast a disse certa vez:
- Elanor, mesmo que seu pai diga que não há mais perigo no mundo, o mal jamais descansará. Sauron ainda vive, rastejando-se entre os orcs e pelas fendas mais profundas da terra, não se engane, ele está lá fora esperando sua hora chegar. - disse o mago, preocupado. Elanor se lembrara de que perguntou como poderia fugir de um ataque, se Sauron a pegasse. - Nenhuma criatura ou força maligna resistirá à Luz, tenha certeza disto; então aprenda, se em perigo se encontrar diga as palavras em élfico " Que a luz nos guie" ...
Radagast estava certo, o mal não descansa e o mal habitava em Gondor.
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Meu Querido Legolas: Uma história de amor
Fiksi PenggemarA segunda na sucessão do trono, Elanor, princesa de Gondor e filha de Arwen Evenstar e Aragorn, tem seu destino cruzado com o príncipe elfo, Legolas, que sente seu desejo pulsar pela princesa. Entretanto, Eldarion, primogênito de Aragorn tem ciúmes...