Meu Querido Legolas: Uma história de amor

Thranduil

     Por longas 400 milhas partindo de Gondor até Mirkwood, Elanor cavalgou a toda velocidade, com a impressão de que as sombras de Eldarion a perseguiam a todo canto. Quase sem parar para descansar, ou para que seu corçel descansasse também, ela já sentia o cansaço e a dor nos glúteos começar a incomodar. Parou apenas uma ou duas vezes para encher o cantil de água e deixar que o animal se hidratasse, com a aflição de estar sendo caçada, ela começava a achar que estava delirando. Percorrera por quase 4 dias inteiros, e no último dia já sentia seu rosto mais magro, suas olheiras tão profundas que doíam e sua força não mais a deixava galopar como fizera quando saiu de Gondor. O ar denso da Floresta começava a afetar sua visão, a água do cantil acabara e até mesmo seu corçel caminhava lentamente.

    - Mais um pouco, amigo, estamos quase chegando.- disse ela, acariciando a crina do cavalo, quase debruçando-se sobre ele.
  
     Com esforço ela olhou para frente, entre as densas árvores e arbustos, ao fim do caminho, havia algo cinzento. Como uma ponte que ligava a portas de ferro trabalhadas em desenhos circulares e espirais, imitando folhas petrificadas, brilhando como o final de sua jornada. Ela chegara ao Reino de Thranduil. Elanor viu a porta se abrir e um elfo de cabelo claros andar para fora e gritar algo, sua voz era familiar e piscando um pouco, a garota disse:

      - Legolas...- então seu corpo sucumbiu ao cansaço e fome, pendeu para frente e depois caiu no chão, pesado e sem reação.

    

      Elanor não abriu os olhos, mas sentiu que sua mente despertara e percebera a atmosfera pacífica em que estava, o ar leve e com aroma de lavanda e um cheiro doce e suave inundando o ar. Esticou os dedos e sentiu algo liso sobre seus dedos, sobre seu corpo um tecido tão leve a cobria e isso a deixava em paz. Ela ouvi alguns passos ao redor dela e temeu abrir os olhos, preferiu fingir que dormia; os passos se aproximaram e a respiração era tão imperceptível que ela não sabia se era de fato alguém ou um espírito que se aproximava.

    - Dizem que o Sol se apaixonou pela Terra, mas não podia se aproximar...- disse a voz em eco. Uma voz melódica e grave. - Separados por suas diferenças, Yavanna, a Senhora da Terra, permitiu que eles se tocassem... e o resultado foi uma pequena flor, bela e com um cheiro doce e suave, a qual deram-lhe o nome de Elanor.

     Certamente era alguém que conhecia as velhas histórias do início do mundo e provavelmente era um elfo, pois nenhum humano ou anão sabia dessa história.  

     - Das Eternas Terras dos Elfos, essa flor navegou pelo mar e chegou à Terra-média, sendo conhecida por decorar os navios dos Elfos e os cabelos da Senhora Galadriel, uma das primeiras elfas a despertarem do sono da criação de tudo. - a pessoa que contava a história de forma quase como que cantada, sentou -se na cama e esperou. - Eu sei que está acordada, Elanor...

     Ela apertou os olhos e os abriu, piscando algumas vezes para ver a claridade onde estava. O teto trabalhado na pedra branca trazia desenhos élficos, assim como as cortinas da cama, verdes militar, tão finas que mal se podia dizer que eram cortinas. Estava num quarto amplo, iluminado com candelabros de luz branca e diante dela, sentado na lateral da cama, estava o Rei Thrnaduil.
     Os cabelos lisos de um loiro quase branco, sem a coroa em sua cabeça e vestindo apenas um robe prateado como um vestido de mangas longas, típico dos Elfos; ele sorriu e alcançou a mão dela, tocando-a com gentileza.

    - Está segura agora.

    Elanor sentiu sua tristeza apontar, os olhos marejaram e ela preensou os lábios para segurar o choro, lembrando do que havia acontecido em Gondor e sobre a sua exaustiva viagem até Mirkwood. Ela se levantou e sentando-se na cama, apertou a mão de Thranduil.

    - Minhas irmãs...

    - Estão seguras com Faramir e Éowyn, os reis de Rohan, aquele reino não sucumbirá a maldade de Eldarion. Pode descansar, criança.- disse ele tocando as bochechas dela.- Você percorreu por quatro dias sem muitos suprimentos, quase morta quando chegou aqui e dormiu por quase dois dias inteiros.- disse Thranduil, e se levantando, continuou:- Acredito que esteja faminta.